UFG avalia novos cursos e mudanças no vestibular
Jornal O Popular, 14/08/2007
UFG avalia novos cursos e mudanças no vestibular
Forma de ingresso na Universidade Federal de Goiás poderá ser alterada, com a realização de dois processos seletivos distintos. Conselho vai analisar proposta dia 24
Vinicius Jorge Sassine
Está pronta uma proposta que, se aprovada, vai mudar por completo o ingresso na Universidade Federal de Goiás (UFG) e a oferta dos cursos de graduação. No próximo dia 24, o Conselho Universitário (Consuni) analisa um projeto que especifica a criação de quatro cursos de bacharelado em grandes áreas de conhecimento (BGAs), que não oferecem formação profissional: ciências humanas e sociais, artes e letras, ciências exatas e da terra e ciências da vida. Os atuais cursos de graduação, que formam bacharéis e professores, seriam mantidos. Para isso, a UFG passaria a ter dois processos seletivos, com critérios diferenciados. Na prática, um vestibular selecionará para os tradicionais cursos e outra seleção definirá os calouros dos cursos de grandes áreas.
A medida deve ser acompanhada de expressivas alterações no vestibular. A primeira é a inclusão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na nota final do candidato, se isso for favorável a ele. A segunda medida favorece diretamente os alunos oriundos da rede pública de ensino. Na primeira fase, que seleciona candidatos por meio de provas objetivas, seriam reservadas cotas para os alunos de escolas públicas. Com a aprovação para a segunda etapa, que aplica provas com questões discursivas, um bônus seria concedido à nota desses alunos.
Todas as modificações estudadas ainda não tiveram aprovação final dentro da UFG e não serão adotadas no processo seletivo deste ano. As inscrições ao vestibular 2008 – que seleciona os calouros do próximo ano – começam em 5 de setembro e se encerram em 6 de outubro. No dia 18 de novembro, o Centro de Seleção da UFG aplica as provas da primeira etapa do vestibular e, em dezembro, as da segunda fase.
Expansão
A proposta da UFG tem como base o projeto Universidade Nova, desenvolvido pelo reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar Monteiro de Almeida Filho (veja quadro). A sugestão do reitor causou uma polêmica nacional, basicamente por dois motivos. Pelo projeto, os tradicionais cursos de graduação seriam substituídos pelos bacharelados em grandes áreas de conhecimento. E o vestibular deixaria de existir. A UFG, na proposta que busca ampliar o número de vagas ofertadas, mantém o vestibular – com duas diferentes formas de ingresso – e não extingue as graduações tradicionais.
Toda essa discussão ganhou corpo após o lançamento do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), pelo Ministério da Educação (MEC). O governo federal planeja dobrar o número de alunos nas universidades públicas em um prazo de dez anos. Para isso, cada instituição federal de ensino superior deve aderir ao Reuni, com a formulação de uma proposta específica. A criação dos BGAs e as mudanças no vestibular, com bônus e cotas aos alunos das escolas públicas, são o cerne do projeto da UFG, que deve ser encaminhado ao MEC até 15 de outubro.
Antes um assunto tabu na universidade goiana, a elitização dos alunos que ingressam na instituição passou a ser tratada com maior transparência. Numa reportagem especial publicada em abril, O POPULAR mostrou que quase 90% dos atuais calouros dos dez cursos mais concorridos da UFG fizeram o ensino médio em escolas particulares. Naquela ocasião, já eram cogitadas mudanças na forma de ingresso, priorizando alunos da rede pública. As propostas foram colocadas no papel e o trâmite concreto nos conselhos da universidade vem despertando reações contrárias. Diretores dos cursos mais disputados e conselheiros devem reagir aos projetos.
Fonte: O Popular
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