Doenças crônicas têm influência direta na capacidade funcional dos idosos

Apesar do processo de envelhecimento não estar, necessariamente, relacionado a doenças e incapacidades, as doenças crônico-degenerativas são freqüentemente encontradas entre os idosos. Assim, a tendência atual é termos um número crescente de indivíduos idosos que, apesar de viverem mais, apresentam maiores condições crônicas. E o aumento no número de doenças crônicas está diretamente relacionado com uma maior incapacidade funcional. Isso é o que mostram Luciana Alves e equipe da Fundação Oswaldo Cruz em um estudo realizado com 1.769 idosos do município de São Paulo entre janeiro de 2000 e março de 2001.

O objetivo do trabalho foi investigar a influência das doenças crônicas na capacidade funcional dos idosos, além de avaliar o efeito independente de cada uma das seis doenças crônicas (hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença cardíaca, doença pulmonar, câncer e artropatia). De acordo com artigo publicado na edição de agosto de 2007 dos Cadernos de Saúde Pública, “o comprometimento da capacidade funcional do idoso tem implicações importantes para a família, a comunidade, para o sistema de saúde e para a vida do próprio idoso, uma vez que a incapacidade ocasiona maior vulnerabilidade e dependência na velhice, contribuindo para a diminuição do bem-estar e da qualidade de vida dos idosos”.

Os pesquisadores observaram que as doenças que exercem uma significativa influência nas atividades de vida diária são a doença cardíaca, a artropatia, a doença pulmonar e a hipertensão arterial. “Os resultados demonstraram que as doenças crônicas apresentam uma forte influência na capacidade funcional do idoso. A presença de hipertensão arterial aumenta em 39% a chance de o idoso ser dependente nas atividades instrumentais de vida diária, a doença cardíaca aumenta em 82%, a artropatia em 59% e a doença pulmonar em 50%. Para a dependência nas atividades instrumentais e nas atividades de vida diária, a chance mais do que dobrou para a presença de cada uma dessas doenças crônicas”.

Segundo os especialistas, a prevenção e o controle das doenças crônicas podem melhorar as atividades e, conseqüentemente, promover o bem-estar dessa população. “Compreender os fatores que contribuem para a incapacidade funcional do idoso pode auxiliar os planejadores de políticas públicas na (re)organização de estratégias preventivas mais eficazes que irão reduzir os custos com o serviço de saúde e minimizar a carga sobre a família”, afirmam.