Histórico: Universidade Federal de Goiás forma a primeira doutora surda

Data da notícia: 22 de agosto de 2017

Veículo/Fonte: Razões para Acreditar 

Link direto da notícia: http://razoesparaacreditar.com/educacao/universidade-goias-forma-primeira-doutora-surda/

surda

Neste ano, mais um passo à frente foi dado em prol da acessibilidade. A Universidade Federal de Goiás formou a primeira doutora surda na história da instituição. A economista e gestora governamental Elcileni de Melo Borges, de 45 anos, apresentou uma tese sobre as mudanças urbanas do Estado nos últimos 11 anos.


Escute essa história incrível da Elcileni! Clique no play acima!

Integrante da equipe do Observatório das Metrópoles, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, ela tem bastante experiência em estudos urbanos e habitacionais. O trabalho apresentado, “Habitação e Metrópole: transformações recentes na dinâmica urbana de Goiânia”, teve pesquisas feitas em sete municípios locais para identificar os impactos na reconfiguração urbana da metrópole goianiense entre 2005 e 2016. “Foi quando se viu aflorar uma nova periferia e novos padrões de segregação residencial e socioespacial”, justificou ela, em comunicado da UFG.

A surdez da doutoranda surgiu aos 27 anos, após a descoberta de um tumor no nervo auditivo. Depois de passar por uma cirurgia, ficou com deficiência auditiva bilateral. Inserida no Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Socioambientais (PPGeo/Iesa), a pesquisadora frequentou as atividades durante quatro anos e teve uma mãozinha amiga para ajudar na conclusão dos estudos.

Uma aluna ouvinte transcrevia simultaneamente o que era dito em sala de aula, presencial ou virtual, para que Elcileni acompanhasse. Segundo comunicado da Universidade, a alternativa deu bons resultados. “Usando a plataforma Google Docs, eu conseguia ler de forma instantânea. Era como se fosse um ‘closed caption’. Com isso, obtive aproveitamento suficiente em todas as disciplinas, disse a doutora.

A comunicação entre a banca e a aluna durante defesa da tese também aconteceu por meio de plataformas multimídia, incluindo até mesmo a participação de professores de São Paulo e Portugal. Ela é a segunda pessoa surda a se formar na pós-graduação da UFG. A primeira foi Renata Garcia, que concluiu Mestrado em Ciências da Saúde em 2016.

Elcileni afirmou ainda que a tecnologia foi de grande valia até mesmo para seu lado pessoal, aumentando sua segurança e confiança. A experiência prática me ajudou a vencer o medo de me expor ao público e me possibilitou o contato com o instrumental e a temática da pesquisa, dando maior segurança para realizar apresentações orais em seminários nacionais e até internacionais – como por exemplo, o estágio doutoral realizado no Instituto de Geografia e Ordenamento Territorial – IGOT, da Universidade de Lisboa”.

Com força de vontade, recursos tecnológicos e bons parceiros de estudos, a gente pode chegar longe, não é?

Fonte: Ascom UFG