Artistas plásticos da Comurg sonham com o sucesso

Data: 21 de junho de 2015

Fonte/Veículo: O Popular

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21/06/2015 05:05Zuhair Mohamad

O primeiro contato com as artes plásticas foi quando Manoel Santos foi modelo vivo na UFG

No meio da rua surge uma ideia, mas o desenho e as cores só vão para a tela quando o gari e artista plástico goiano Manoel Santos, de 50 anos, finaliza o dia de trabalho, que começa às 7 horas e termina no fim de tarde, e vai para o seu ateliê montado no fundo de sua casa, no Bairro Floresta. Ele trabalha desde 2006 na Comurg. Já o dom pela arte surgiu muito antes. Autodidata, ele pinta desde a infância, mas começou profissionalmente no início da década de 80, quando fez a primeira exposição oficial da carreira.

Manoel Santos recebeu as primeiras orientações pictóricas de nomes importantes das artes de Goiás, como os professores Cléber Gouveia e Maria Veiga. A convivência começou graças ao primeiro emprego no meio, quando ele servia de modelo vivo para os acadêmicos de Artes Visuais da UFG. Na parte da tarde, ele era ouvinte do curso. “Eu organizava os cavaletes, separava as tintas, ajudava os alunos, na verdade, eu era um badeco da arte, com salário simbólico, mas o meu objetivo era me tornar um artista plástico”, lembra.

O artista retrata uma fauna com pássaros, borboletas, girafas e outros bichos imensamente coloridos. O talento ajuda no sustento da família, formada por dois filhos e pela esposa, complementando o salário de pouco mais de R$ 1 mil. “Se não vender nenhuma tela, pelo menos o que ganho mensal garante meu arroz com feijão.” Com exposições pelo Estado e com obras espalhadas por São Paulo, Manoel conseguiu realizar o sonho e agora o objetivo é vencer o medo de viajar de avião. “É uma cisma que tenho porque não tem paraquedas para todo mundo. Nunca andei e uma hora vai aparecer uma oportunidade e vou tomar calmantes”, afirma.

Pé no chão

Nas horas vagas, em meio ao barulho das lixadeiras, soldas elétricas, motosserras, marteladas, o também artista plástico goiano Marcos Severino, de 48 anos, lotado na serralheira da Comurg desde 2008, aproveita para criar araras, cavalos, gatos e cachorros. “Os animais são meus preferidos, mas faço outras coisas também”. Casado, com quatro filhos e com salário fixo de cerca de R$ 1 mil mensais, o autodidata já recebeu dicas do renomado Antônio Poteiro e fez exposições na cidade de Goiás e em Goiânia.

Marcos conta que para seguir na carreira artística precisa vender pelo menos dois trabalhos por mês. “É dessa forma que consigo comprar tintas e pincéis. Não posso desviar nenhum centavo do meu salário para não deixar faltar nada em casa. Fiz isso uma vez e passamos necessidade e minha prioridade é o bem-estar da minha família. Sempre disse que quando chegasse aos 50 anos queria ter meu próprio ateliê, ensinar os jovens e viver somente da pintura, mas acho que não vou conseguir realizar esse sonho agora”, avalia sem otimismo.

Diomicio Gomes

Autodidata, Marcos Severino já recebeu dicas de Antônio Poteiro e fez exposições