Goiânia, a capital do rock

Data: 23 de outubro de 2015

Fonte/Veículo: O Hoje

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Município tem se destacado com atividades ligadas ao estilo musical. Mercado movimenta economia criativa no Estado

23-10-2015 00:00

  

Thaís Lobo

Planejada para abrigar 50 mil habitantes, a Goiânia de hoje está muito diferente daquela de 82 anos atrás, quando a cidade começou a receber os administradores e o povo da capital, que até então ficava no interior do Estado. Com uma população de 1,3 milhões de pessoas atualmente, o município que ganhou fama com a cultura do sertanejo cresceu, amadureceu e hoje entrou de vez num mercado que tem o rock’n’roll como o motor da economia criativa no Estado.

Na capital de hoje já não é difícil encontrar bares, lojas, boates, restaurantes e até barbearias com a temática do rock. Segundo o consultor do Sebrae-GO, Décio Coutinho, esse movimento tem ganhado força e importância no mercado da economia criativa em Goiás.  “Nós não temos números para mostrar esse crescimento, mas temos percebido o movimento. Está acontecendo um diálogo maior da questão do rock com outros eventos que antes não aconteciam e isso é importante porque quando você coloca o rock dentro de outros eventos, isso cresce e favorece toda a cadeia produtiva.”

Mesmo no atual cenário de crise, enquanto muitos empresários têm fechado as portas, os roqueiros têm ampliado e até começado novos negócios. Esse é o caso do pernambucano Clóvis Cunha, dono da loja Die Hard Metal Store, inaugurada há dois meses. “Quando cheguei a Goiânia senti falta de uma loja voltada ao metal extremo. Senti essa necessidade e quis abrir uma loja para esse público com um preço mais em conta.”

Já o empresário Danilo Gonçalves, além de organizar festival Tattoo Rock Fest há 13 anos, abriu o Lá em Casa Trago e Grelhados ano passado. O lugar começou como um bar, mas o cardápio recheado de delícias que vão de hambúrgueres gourmet a comida japonesa acabou ganhando mais destaque e, em abril desse ano, foi inaugurada o Lá em Casa Express, outra unidade que é uma espécie de pit dog, que ainda oferece o serviço de entrega.

Festivais e bandas

Mas o mercado do rock em Goiânia não está apenas ligado aos tradicionais bares e lojas do estilo, afirma Coutinho. Conhecida como Seattle brasileira - em referência a capital goiana ser um celeiro de bandas de rock independente como o que aconteceu na década de 1990 na cidade americana – Goiânia é destaque nacional por seus principais festivais de rock independente: Goiânia Noise, Bananada e Vaca Amarela.

Os eventos atraem fãs de outras cidades e Estados, além de gerar empregos e movimentar a economia local.  “Já teve edição que chegamos a movimentar quase R$ 1 milhão,” diz Márcio Júnior, organizador do Goiânia Noise Festival e um dos proprietários da Monstro Discos, gravadora que fomenta, agencia e distribui as bandas locais.

Esses festivais ainda têm outro trunfo: através da parceria com outros produtores e coletivos culturais é possível fazer uma intercâmbio maior entre as bandas nacionais. “Isso é no circuito independente, não é um circuito comercial grande como o sertanejo, mas banda só dá dinheiro hoje em show e em merchandise. Por isso, estamos entrando agora também no mercado digital, via itunes, spotify e demais plataformas,” adiantou Márcio Júnior.

Os festivais e bandas ainda alimentam o comércio ligado às lojas de instrumentos musicais e luthieirias, além dos movimentos ligados ao design e de todo as atividades que dão suporte aos festivais de rock da cidade. “Existe um mercado muito importante também das atividades de iluminação, sonorização, cenários, toda a questão elétrica, serralheria, marcenaria e todo o processo de suporte, de backstage e road,” ressalta Coutinho.

Espaços

O alto nível das bandas goianienses, que hoje já contam com portifólio, vídeos, fotos e releases também fomentam o setor de comunicação goiano. Segundo a coordenadora do observatório da economia criativa da Universidade Federal de Goiás (UFG), Flávia Cruvinel, a profissionalização e o aumento do número de profissionais na cena de Goiânia, além da abertura de novos espaços culturais ajudaram esse mercado a se fixar na capital.

Flávia explica que Goiânia tem recebido, a partir de 2009, vários teatros e espaços culturais, tanto privados quanto públicos, e que hoje eles já possuem um público fiel na noite goianiense. “Vários espaços foram criados em menos de uma década e eles estão se consolidando com uma programação de alta qualidade para vários nichos de gênero musical quanto de público.”

Segundo o gestor do Sebrae-GO, mesmo com a grande oferta de estabelecimentos ligados ao rock, ainda tem muito espaço na capital para iniciativas que dialogam com vários setores culturais.”O  desafio é poder trabalhar com essa junção de diferentes segmentos, porque quanto mais interações entre os setores tradicionais e contemporâneos, mais dá liga,”conclui Coutinho.  

Confira a lista feita pelo O Hoje com as principais lojas, boates, bares, barbearias e lanchonetes. São todas alternativas ligadas ao rock em Goiânia.