Incentivar curso técnico seria uma das saídas, dizem especialistas

Data: 30/03/2016

Fonte/Veículo: O Popular

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O diretor executivo do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), Rodrigo Capelato, afirma que a conclusão da pesquisa é de que não há produtos educacionais específicos para essa classe emergente de estudantes que recebe de R$ 354 a R$ 1,2 mil de salário por pessoa na família. Para Rodrigo, uma solução seria priorizar os cursos tecnológicos que têm duração menor, de dois a três anos. “Em países como Estados Unidos e Alemanha, são os que mais formam jovens dessa classe social.”

A posição é compartilhada pela presidente do Conselho Estadual de Educação de Goiás (CEE-GO), Ester Carvalho, que acredita que um jovem não precisa ir necessariamente para a universidade, podendo simplesmente fazer um curso técnico. “O difícil é que no Brasil as pessoas almejam o curso superior como ferramenta para entrar no mercado de trabalho”, pontua.

Para ela, no mercado sequer tem espaço para tantas pessoas com ensino superior completo. Ester acredita que a menor oferta de curso profissional pelo fato de a população não valorizar o técnico da mesma forma que valoriza o profissional formado em uma instituição de ensino superior. “É cultural.”

A presidente do conselho defende ainda a diminuição no número de matérias exigidas no ensino médio, abrindo possibilidade para que o aluno escolha e se dedique a disciplinas específicas que o interessem.

Professora da faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG) e coordenadora do curso de pedagogia, Amone Inácia acredita que é essencial uma sociedade formada por pessoas com algum nível após o ensino médio, seja com formação universitária ou técnica. “Deve ser algo que qualifique o jovem depois da educação básica”, diz, frisando que não vê o curso superior como mais importante que o curso técnico. “Os dois são importantes. A medida disso deve ser o aluno, que faz a escolha.”

Sobre a dificuldade enfrentada por jovens que não conquistam uma vaga em uma instituição pública, tampouco conseguem custear um universidade privada, a educadora avalia que lhe causa assombro a perspectiva de atrapalhar jovens que almejam estudar. “Ainda assim, é possível perceber um aumento significativo de jovens de classe baixa com acesso ao ensino superior de alguns anos para cá”, diz, explicando que em uma turma que se formou recentemente pelo menos 30 alunos eram os primeiros das famílias a conseguirem um diploma.

No Brasil existe o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), criado em 2011 com o objetivo de ampliar a oferta de curso de educação profissional e tecnológica. No início deste mês o governo federal lançou uma nova etapa do programa, com a meta de oferecer 2 milhões de vagas. Em 2015, houve um corte de mais da metade dos espaços ofertados.