Quantidade de pediatras volta a crescer em Goiás

Data: 23/05/2016

Veículo: O Hoje

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Especialidade chama atenção de estudantes devido ao reconhecimento financeiro. Número cresceu 66% em dez anos

Karla Araujo

A pediatria já teve altos e baixos ao longo dos anos no Estado. Os desafios da profissão afastaram recém-formados em Medicina da especialização no cuidado com crianças no início dos anos 2000, mas há pelo menos três anos a valorização da atividade chama atenção dos novos médicos. Dados do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) apontam que apenas 16 novos pediatras registraram-se em 2005. Já em 2015, o número subiu para 46.

Neste ano, 41 novos pediatras já se registraram no Cremego. Ao todo, existem 790 especialistas na área atuando. O presidente do Cremego, Aldair Novato Silva, afirma que o número do ano passado deve ser superado com facilidade até o fim de 2016. O crescimento, diz o presidente, deve-se também ao aumento na quantidade de cursos de Medicina no Estado.

Mesmo com o cenário, Silva diz que a valorização da pediatria é o principal fator. “A pediatria é um trabalho braçal. A consulta é com a criança, mas com a família também. Além disso, o médico atende telefonemas dos pais a qualquer hora do dia, e isso não está incluído na consulta”, explica o presidente.

Os desafios afastaram novos pediatras e - levando em consideração a lei da oferta e procura - a falta de profissionais fez com que o mercado valorizasse os poucos que existiam. Isso elevou o preço da consulta e fez com que os planos de saúde pagassem a categoria de forma diferenciada. Segundo Silva, a consulta de um pediatra é, em média, 50% mais cara que a de outros especialistas.

Mercado

O médico Marcel Garrote, 26, é graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e pós-graduado pela Faculdade Centro Sul do Paraná. Ele será reconhecido pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) ainda nesse ano como médico da categoria. Ele afirma que escolheu a profissão por causa do exemplo de familiares que já atuam na área e também por ter se interessado desde criança. Em relação ao mercado, Garrote afirma que a demanda é grande e o cenário dá oportunidade para novos médicos. Entre os desafios, ele cita a falta de estrutura em hospitais públicos, que leva ao inchaço das instituições particulares que atendem por plano de saúde.

No caso da estudante Nayara Rúbia de Araujo, 24, a rotina necessária para ser um bom pediatra foi responsável por afastá-la do sonho que tinha desde criança. “Ao longo da faculdade percebi que teria que abdicar de muitas coisas na minha vida para ser uma boa profissional. Decidi fazer dermatologia porque também lida muito com crianças, mas não tem a rotina de pediatras”, conta.

Academia

A chefe do departamento de pediatria da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lusmaia Damasceno, afirma que é comum estudantes que entram com o desejo de se tornarem pediatras desistirem ao longo do curso, “mas aqueles que se interessam ao longo da graduação costumam seguir carreira”. De acordo com Lusmaia, a atenção financeira dada à pediatria nos últimos anos também chama atenção dos estudantes. Para ser pediatra, é preciso cursar os seis anos de faculdade de Medicina e passar por avaliação para fazer residência específica por três anos.