Potencial no macromercado

Data: 25/05/2016

Veículo: Revista Safra

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Comércio de animais de pequeno porte típicos do meio rural é uma alternativa às opções tradicionais do mercado ‘pet’

1 Eduardo e Mateus Ferreira - Arquivo pessoal

 

Adriano Frausino *

O mercado de animais de estimação no País é expressivo. Utilizando dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013, a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) publicou que o Brasil foi o quarto maior país em número de animais de estimação, com 132,4 milhões, considerando cães, aves, gatos, peixes, répteis e pequenos mamíferos. Porém, há outro segmento no País que pode ser atrativo: o de minianimais típicos de fazenda.

Para o sócio-proprietário da Mini Fazenda Reino Encantado Mateus Ferreira o setor está em “plena expansão”, citando os animais de pequeno porte em “exposições, hotéis fazenda e pousadas, além do comércio pet [de animais de estimação]. A criação na propriedade, localizada em Alfenas (MG), começou em 1992 pelo pai de Ferreira, Antônio Carlos Rocha de Oliveira. Atualmente, são comercializados minipôneis, minibovinos, minicaprinos, miniporcos, minijumentos, minimulas, miniburros, entre outros animais.

O balanço do mercado também é positivo para o pecuarista Dário Fagundes, proprietário do Rancho dos Ypês, em Uberlândia (MG). Em 2015, cerca de 80% da produção de minianimais foi vendida, de acordo com o pecuarista. “Espero atingir a mesma meta em 2016”, revela. O investimento em minianimais teve início na década de 1950. Fagundes trabalha com a venda de minivacas, miniporcos, minipôneis, minicabras e minibúfalos.

Com foco exclusivo em miniporcos, a empresária Glória Gobbi, de São Paulo (SP), vendeu mais de 20 animais em 2015 e espera comercializar mais de 30 porcos este ano. “É um mercado com procura crescente, principalmente pela fácil criação”, conta. Glória e sua sócia, Fabiana Alves Varoni, estão no mercado de miniporcos desde 2013. Os minissuínos ficam na chácara da empresária, no interior paulista.

Custos e logística

Na fazenda Reino Encantado, os minipôneis têm sido os mais procurados, com preço inicial de R$ 2 mil, assim como os minibovinos. Em seguida, minicaprinos a partir de R$ 1 mil e miniporcos com valor mínimo de R$ 800. Já no Rancho dos Ypês, os minissuínos lideram a procura, com preço inicial de R$ 1 mil. Logo depois, aparecem as minivacas e minipôneis, a partir de R$ 3 mil, as minicabras, com custo mínimo de R$ 1,5 mil e os minibúfalos, custando a partir de R$ 5 mil. Os miniporcos vendidos por Glória são cotados em R$ 1,4 mil, fora a despesa de transporte.

Sobre o processo de compra e entrega, Ferreira, da Reino Encantado, assegura que “pessoas de todo o Brasil podem adquirir os minianimais pelo site e a entrega é feita por transporte rodoviário”. Os animais de pequeno porte do Rancho dos Ypês também são entregues nacionalmente. “No caso dos miniporcos, o transporte é aéreo. Já os outros animais são transportados por caminhão”, diz Fagundes.

Mesmo conseguindo a maioria dos clientes por meio da internet e do Facebook, a empresária Glória entrega apenas para dois Estados: São Paulo e Rio de Janeiro. “Estamos regularizando a documentação para poder entregar em outras regiões do País. Ainda não temos a Guia de Trânsito Animal (GTA) para que os miniporcos possam fazer viagens aéreas”, esclarece. De acordo com o Ministério da AgriculturaPecuária e Abastecimento (Mapa), a GTA é o documento oficial para transporte animal no Brasil e deve conter “as informações sobre o destino e condições sanitárias, bem como a finalidade do transporte animal”, independente da via de trânsito.

Não há manipulação genética para o desenvolvimento dos animais, segundo o sócio- proprietário da Reino Encantado. “Todos são obtidos por meio da seleção de cruzamento dos menores animais [de cada geração] para que consigamos espécies de porte menor a cada vez”, conta Ferreira. Glória também descarta a intervenção genética. “Eles são frutos do cruzamento natural entre suínos pequenos”.

No Rancho dos Ypês, entretanto, o método é diferente. “Desde 1960, todos os animais passam por um processo de seleção e melhoramento genético”, afirma Dário Fagundes. As minivacas vendidas por ele são resultado dessa manipulação e foram batizadas de Mini-Udi, em homenagem a Uberlândia.

Cuidados no manejo

Como manutenção do bem-estar, os “minianimais rurais” precisam de atenção específica, ambiente adequado e afeto. Segundo a veterinária e professora adjunta da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (EVZ/UFG) Kellen Oliveira, os cuidados são iguais aos animais de tamanho padrão. “Todos devem ter um calendário profilático (vacina, vermífugo, controle de ectoparasitas, higiene) bem definido e nutrição adequada ao seu tamanho e idade”, explica Kellen em entrevista à Safra.

Em termos de ambientação, a veterinária exemplifica. “No caso de minipôneis, minibovinos e minicaprinos, o ideal é mimetizar o ambiente de fazenda, com área gramada, água abundante, espaço para realização de exercícios, entre outros cuidados”.

Kellen aconselha buscar um veterinário que entenda da espécie de interesse. “Por exemplo, se vai ser um minipônei, o ideal é procurar um especialista em equinos para auxiliar o proprietário em relação aos cuidados gerais, sanitários e nutricionais necessários ao pet”.

Criação em casa

Marcella Cassaro com o miniporco Marcos: rotina do animal inclui banhos três vezes por semana/ Foto: Arquivo Pessoal

Marcella Cassaro com o miniporco Marcos: rotina do animal inclui banhos três vezes por semana/ Foto: Arquivo Pessoal

A advogada paulista Marcella Cassaro comprou um miniporco em agosto de 2015, batizando-o de Marcos. Criado em sua casa, a advogada afirma que “os minissuínos possuem uma capacidade de aprendizado fantástica”, além de “conviverem muito bem com crianças”.

A rotina de Marcos inclui curtos banhos de sol com protetor solar, três refeições ao dia com ingredientes como milho triturado e frutas, e banhos três vezes por semana. “Ao anoitecer, levo ele para passear e brincar na grama. Espero o sol se pôr para evitar queimaduras nas patas, como pode acontecer com cachorros”, lembra Marcella.

A opção do pet suíno foi recebida com estranheza por parte da família e dos amigos da advogada. “Depois que ele chegou, logo conquistou todos por aqui e fez “cair por terra” todo argumento negativo sobre esse tipo de criação.”