Biólogos acham espécies raras de plantas 'primas' do ipê e da carqueja

Data da notícia: 18/08/2016

Veículo: Rádio Evangelho

Link direto da notícia: http://www.radioevangelho.com/portal/artigos/noticias/2016/08/19/biologos-acham-especies-raras-de-plantas-primas-do-ipe-e-da-carqueja.html

 

Vegetação típica do cerrado foi encontrada na região sudoeste de Goiás.
Pesquisadora da UFG afirma que elas podem ter princípios medicinais.

Espécies típicas do cerrado foram encontradas na região sudoeste de Goiás (Foto: Souza L. F./UFG)
Espécies típicas do cerrado foram encontradas na
região sudoeste de Goiás (Foto: Souza L. F./UFG)

Pesquisadores do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) descobriram duas novas espécies raras de plantas em Serranópolis, Mineiros, Jataí, e Chapadão do Céu, região sudoeste do estado. De acordo uma das coordenadoras do projeto, a bióloga Luzia Francisca de Souza, uma delas é da família do ipê e da catuaba e a outra é parente da carqueja.

Segundo a pesquisadora, ambas as espécies podem ter propriedades medicinais e até mesmo afrodisíacas. “As plantas da família dos ipês apresentam usos medicinais em determinadas comunidades. O ipê rosa tem compostos químicos que são usados para combater  alguns tipos de câncer. A catuaba é reconhecidamente afrodisíaca. A outra planta é prima da carqueja, usada pra muita coisa. Velas vão ser estudadas para analisar qual o fim”, afirmou ao G1.

A primeira amostra da prima do ipê, nomeada Neojobertia alboaurantiaca, foi colhida em 2015, em Serranópolis, mas só recentemente foi identificada como uma espécie inédita. Trata-se de um tipo de trepadeira que gosta de locais secos e ensolarados.

Já a parente da carqueja, chamada pela ciência de Bacharis sp. novae, é uma erva que gosta de áreas úmidas, porém ensolaradas.

A descoberta foi feita durante um trabalho que tem por objetivo identificar as espécies de vegetação presentes nas regiões sudoeste e oeste do estado. A bióloga afirma que, ao recolher a amostra das duas plantas, não foi possível identificar a espécie. A partir daí começaram a desenvolver a pesquisa e análise das plantas.

De acordo com Luzia Francisca, o processo de identificação da espécie foi longo porque reuniu outras amostras de plantas recolhidas, por exemplo, no Jalapão.

“A gente recolheu a amostra de várias espécies, as que ficaram sem identificação nós encaminhamos para especialistas analisarem. Eles cruzaram todas as características genéticas do material e concluiu que tratava-se de tipos inéditos, com diferenças morfológicas em relação a outras plantas da família”, afirmou.

Além da identificação das duas espécies novas, o trabalho também identificou quatro plantas que nunca haviam sido encontradas em Goiás, chamadas pela ciência de Thismia panamensis, Bacopa scabra, Ocotea notata e Cereus bicolor. A primeira delas, segundo a pesquisadora, nunca havia sido vista no Brasil.

Ameaça
A pesquisadora alerta que as plantas, apesar de recém-descobertas, já podem ser consideradas ameaçadas de extinção. Para resguardar a existência delas, exemplares da vegetação foram depositados no Herbário Jataiense.

“De acordo com os critérios da UICN [União Internacional para a Conservação da Natureza], a Neojobertia já está na lista de espécies ameaçadas. A Bacharis ainda vai ser submetida à avaliação sobre os mesmos critérios e provavelmente estará também. Para se ter uma ideia eu consegui encontrar e colher apenas um exemplar durante todos estes anos de estudo”,  revelou a pesquisadora.

Trepadeira prima do ipê pode ter princípios medicinais, em Goiás (Foto: Souza L. F./UFG)Trepadeira prima do ipê pode ter princípios medicinais, em Goiás (Foto: Souza L. F./UFG)