Ciência na escola

Data da notícia: 07/11/2016
Veículo/Fonte: Diário da manhã
Link da notícia:  http://www.dm.com.br/cotidiano/2016/11/ciencia-na-escola.html

 

 

O projeto sem fins lucrativos intitulado "Ciência para a Garotada”dispensa laboratório

  •  Materiais simples como copos descartáveis, sal, vinagre, álcool, sabão em pó e vasilhas vazias de sorvete são usados para levar experimentos científicos práticos e seguros para escolas públicas de Goiânia e Aparecida de Goiânia

Ao observar a ineficiência da metodologia vigente para o estudo e aplicabilidade de Ciências nas escolas, um grupo de estudantes dos cursos de biologia, nutrição e relações públicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) resolveu criar um projeto para ensinar e despertar o interesse de alunos de ensino fundamental da rede pública para a área das ciências.

Assim, a partir da consciência de que a ausência de aulas práticas ou de outras metodologias pode afetar negativamente o ensino de biologia, além de que a adoção de aulas práticas pode auxiliar os estudantes na resolução de problemas complexos e entender melhor o fenômenos do mundo em que se inserem, nasceu o “Ciência para a garotada”.

O projeto inclui experimentos como extração de DNA de bananas, fritar ovo sem calor, ovo parecendo borracha, indicador de ácido-base utilizando repolho roxo, sendo que todos os experimentos utilizam materiais acessíveis e descartáveis como copos plásticos e vasilhas de sorvete vazias. A acessibilidade dos materiais, somada à segurança dos experimentos escolhidos, permite que o projeto dispense a necessidade de laboratório de ciências e possa ser aplicado em qualquer escola.

Implementação do projeto

Até o presente momento, o projeto Ciência para a garotada foi aplicado em turmas de 9° ano de duas escolas: Colégio Estadual Geraldo Ribeiro da Silva, que fica em Aparecida de Goiânia, e no Colégio Estadual Dom Abel SPL. Cerca de 70 alunos com idades entre 14 e 17 anos atingidos diretamente com a realização do projeto, no período de uma semana (com duas aulas em cada turma), além de professores, diretores e servidores das escolas.

Para a execução dos experimentos, foram realizadas aulas práticas nas próprias salas de aula reunindo os estudantes em grupos de cinco pessoas. Os integrantes do projeto realizavam as práticas juntamente com os estudantes explicando a eles o porquê do acontecimento de cada procedimento/resultado e esclarecendo dúvidas.

Iara Mendes Maciel, mestranda em Biologia e uma das estudantes que encabeçam o projeto, explica que a ideia do projeto começou com a vontade de participar da Olimpíada de Empreendedorismo Universitário, na categoria social. “E, como tínhamos a experiência de vivência,  de não ter dito aulas práticas na escola, vimos a necessidade”, comenta.

Ela expõe que o contato com as escolas se deu por meio de uma amiga que é professora concursada na rede estadual. “Ela me passou os contatos de diversas diretoras de colégios de Goiânia e Aparecida e imediatamente entrei em contato com elas. E então marcamos uma reunião pessoalmente nas duas escolas para mostrar a nossa proposta. Mostramos o nosso projeto de forma simples mesmo. Na conversa e elas amaram. No mesmo instante já marcaram a implementação nas turmas”, conta.

Iara esclarece que o objetivo principal do projeto é o de despertar o interesse dos alunos na área biológica, já que é possível realizar experimentos simples na própria sala de aula com poucos recursos. “Devido os experimentos serem simples e didáticos, a ausência de laboratórios não dificulta, pois o que é necessário são somente materiais do próprio dia a dia, como detergente, sal, bananas, etc, além de um espaço para a interação dos alunos, sendo que e a sala de aula já promove isso. Inclusive, a recepção dos alunos foi muito positiva. Todos queriam que voltássemos mais vezes este ano ainda”, revela a mestranda em Biologia.

Dificuldades e replicação

Entre as principais dificuldades enfrentadas pelo grupo de universitários para a aplicação do projeto nas escolas, estão o estabelecimento de parceiros para doações de materiais para realização dos experimentos e principalmente o contato com emissoras de televisão de modo a aumentar o alcance do projeto.

De acordo com o Inep, órgão do Ministério da Educação, apenas 10.6% das 192.676 escolas brasileiras do país possuíam laboratório de ciências em 2012. Isso se dá, dentre outros motivos, pelo alto custo de implementação de laboratórios devidamente equipados.

Diante disso, e levando em consideração o baixo custo para implantar o projeto Ciência para a Garotada, (que custaria menos que R$ 10,00 para ser realizado em uma turma de 30 alunos) já que são utilizados materiais do cotidiano, os estudantes responsáveis pelo projeto avaliam que que este seja um projeto que pode ser implantado em qualquer escola de qualquer cidade do país, devido ao seu grande potencial de replicação.