UFG estuda as percepções do uso do crack por pessoas em tratamento de dependência

Pesquisa compreende as motivações para o uso, as sensações de dependência e os desejos de mudança

Por Vinícius Paiva

Para entender as percepções de 39 dependentes  em  tratamento contra o crack, o Núcleo de Estudos Qualitativos em Saúde e Enfermagem (Nequase) da Universidade Federal de Goiás (UFG) realizou um estudo em um hospital psiquiátrico de Goiânia. Dos participantes, 34 são homens e cinco são mulheres, com média de 32 anos. Quase metade relatou ter filhos e condição socioeconômica desfavorável, por não ter moradia ou emprego, por exemplo. Para os sujeitos da pesquisa, mesmo o crack não sendo a primeira escolha de uso, ela é a que mais impacta na vida de cada um deles, pois o uso é permeado por sofrimento e perdas em diversas áreas da vida.

No geral, a curiosidade na juventude, a busca de um alívio para as decepções da vida e os conflitos familiares foram relatados como fatores para o consumo da droga. Contexto de violência e falta de apoio emocional e/ou financeiro na infância e adolescência também podem, muito provavelmente, tê-los deixado vulneráveis ao consumo, ao uso nocivo e à dependência, após a experimentação. No cenário de dependência instalada, muitos participantes relataram sensações depressivas e de arrependimento, além de prejuízos no mercado de trabalho e nos respectivos relacionamentos familiares e amorosos.

Mas ao mesmo tempo, a dificuldade maior para se livrar da dependência se encontra justamente no prazer irresistível proporcionado pela droga, que acarreta no esquecimento dos problemas vividos, entre outras angústias. Segundo a pesquisadora Sheila Pedrosa, após vivenciar as violências decorrentes do uso do crack, os sujeitos da pesquisa desejam cessar o consumo da droga e restaurar um ponto de equilíbrio na vida. “Eles falam sobre buscar inserção no mercado de trabalho formal, estudar, retomar as relações familiares e recuperar a dignidade por meio do trabalho honesto”, contextualiza.

Dependentes químicos

Segundo a pesquisadora, o primeiro passo para entender essas pessoas é ampliar a própria percepção sobre o assunto e escutar o que eles têm a dizer. “Eu percebi que eles eram indivíduos comuns em busca de ajuda. Classificá-los somente como ‘usuários’ começou a me incomodar, pois isso desconsidera o fato de serem também pais, mães, trabalhadores e favorece que sejam rotulados por uma condição potencialmente transitória”.

 

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Fonte: Secom UFG

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