Planetário da UFG recebe a primeira astrônoma em quase cinco décadas

De forma inédita, uma docente com formação direcionada à Astronomia integra o quadro da instituição

Pela primeira vez, em 45 anos de existência, o Planetário da Universidade Federal de Goiás (UFG) registra uma mulher da área de Astronomia no quadro de docentes. Inaugurado em 1970, o local contribui para aproximar jovens e adultos a uma das ciências mais antigas do mundo, que explica e estuda fatores relacionados aos astros, e desde 2014, essa missão ganhou a presença da professora do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (Iesa) da UFG Juliana Romanzini.

Graduada em Física, com mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática, ela viu o despertar da paixão pela Astronomia surgir ainda na infância, quando construiu uma maquete do Sistema Solar. “Naquele momento, comecei a me interessar por tudo relacionado aos astros. Fiz minhas próprias anotações e fui atrás de todas as informações possíveis sobre o assunto”, lembrou.

Em Londrina, cidade natal da professora, o grupo de estudos em Astronomia tinha a participação de várias mulheres. Porém, ela encontrou um cenário bem diferente ao chegar a Goiás. No Planetário da UFG, Juliana Romanzini é a única mulher entre três professores e a primeira docente da Universidade com a formação direcionada à Astronomia. "Acredito que a minha presença possa fazer a diferença para alunas e visitantes, que veem que pude chegar a um lugar que poucas chegaram. Mesmo sendo algo raro, agora elas podem entender que não é impossível”, disse. Antes dela, outras professoras, com formação em Geografia, já haviam lecionado no local.

Preconceito

Dispensando o rótulo de “estranha no ninho”, a professora afirmou que a convivência com os colegas docentes é positiva e isenta de preconceitos. “Sempre fui muito bem tratada pelos colegas, que me respeitam e se preocupam com meu bem-estar”, esclareceu. Além disso, a presença de uma astrônoma na sala de aula é algo que agrada os estudantes, que, de acordo com ela, ficam empolgados com a professora “diferente”. “Quando digo que sou física, a reação é de espanto. Sempre dizem que sou louca por me dedicar a algo considerado tão difícil. Fora isso, os alunos acham legal ter uma professora ‘nerd’ e jovem”, completou.

Segundo Juliana Romanzini, as dificuldades sempre existiram. Entretanto, esclareceu que são questões inerentes à área e não ao fato de ser mulher. “A Ciência é extremamente aberta à participação feminina. É necessário querer, se dedicar e saber que mulheres são totalmente capazes de entrar em uma área como essa, mesmo que ainda não seja comum”, defendeu.