Pesquisa da UFG utiliza quadrinhos como recurso para o aprendizado de Inglês

Alunos do Ensino Médio de escola pública foram estimulados a romper com estereótipos culturais e ampliar seus conhecimentos da língua estrangeira

O Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos (HQs) é comemorado em 30 de janeiro e, a cada ano, fica mais evidente as inúmeras possibilidades do seu uso nas mais diversas modalidades de ensino e aprendizagem. Pesquisa da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (UFG) demonstrou que os quadrinhos não são coisa de criança e podem ser utilizados para romper também com paradigmas de aprendizado em língua estrangeira. O estudo de caso realizado em 2016 reuniu estudantes entre 15 e 16 anos de uma escola estadual na Região Norte de Goiânia com o objetivo de verificar as potencialidades do uso das HQs da Monica’s Gang, a versão em Inglês da conhecida Turma da Mônica brasileira.

Mesclando características do ensino tradicional e comunicativo, a pesquisa confrontou a compreensão cultural dos estudantes, muitas vezes, fundamentada em estereótipos e uma visão superficial tanto do mundo quanto dos países de língua inglesa. Segundo a professora Carla Janaina Figueredo, que orientou a pesquisa, os professores devem conscientizar os alunos sobre as diferentes culturas, mediando relações de conflito de forma a ajudá-los a superar posturas de estranhamento e rejeição ao diferente. “Entram em um estágio avançado de consciência intercultural pelo qual podem alcançar uma postura crítica e tolerante entre suas culturas e as culturas do outro”, completa a pesquisadora Fernanda Rodrigues, que ministrou aulas ao grupo. 

Segundo Fernanda, desta forma, mais do que aprender Inglês, as abordagens intercultural e dialógica promovem nos estudantes uma visão ampliada da vida em sociedade. Ao final da pesquisa, mesmo com pouco conhecimento em Inglês, o grupo passou a se arriscar mais no emprego da língua estrangeira, provando a eficácia do método adotado. A partir dos conceitos trabalhados, os alunos tiveram ainda mais autonomia para apresentar suas opiniões e, assim, romperam em grande parte com barreiras que tinham com relação a essa língua e suas culturas.

Mudança no ensino

A pesquisa aponta a necessidade de a postura tradicional de ensino e aprendizagem em Inglês, a qual apresenta a língua de maneira dissociada da cultura e com muitas intervenções em português, ser revista. As pesquisadoras defendem que, apesar dessa postura não ser considerada errada, ao dissociar a língua inglesa e suas culturas e manter o foco no ensino de gramática e vocabulário, uma infinidade de possíveis relações deixam de ser estabelecidas. A professora reforça ainda a necessidade de uma abordagem no ensino que foque na interação e no diálogo, estimulando reflexões sobre os aspectos que aproximam a língua e cultura do aprendiz com esses aspectos na língua estudada.

Fonte: Ascom