Aparelho detecta bebebeira pela íris

Data: 11 de setembro de 2015

Fonte/Veículo: O Popular

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Pesquisadores goianos criam aparelho que identifica alcoolemia a partir do olho humano

Eduardo Nery (E) e Ronaldo Martins, dois dos criadores do pupilômetro: projeto premiado

Dependendo do comportamento da íris ocular é possível saber se uma pessoa ingeriu ou não bebida alcoólica. Foi o que descobriu os pesquisadores Ronaldo Martins da Costa, docente do curso de Ciências da Computação da Universidade Federal de Goiás (UFG), o aluno de mestrado Hedenir Machado Pinheiro e o médico oftalmologista Eduardo Nery Rossi Camilo, da Fundação Banco de Olhos. Método criado pelo trio para detectar a alcoolemia através do reflexo pupilar foi premiado no 37º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, realizado nos primeiros dias do mês em Florianópolis (SC).

Os pesquisadores construíram o que foi chamado de pupilômetro, uma espécie de óculos de mergulho com uma câmera de infravermelho acoplada. A partir do estímulo da pupila com um sistema de iluminação, a câmera capta as imagens de contração e dilatação. Um software criado especificamente para o estudo gerencia e analisa os dados obtidos. “Percebe-se claramente que, quando a pessoa está alcoolizada, a pupila fica dilatada e os movimentos de dilatação e contração são mais abruptos”, define Ronaldo Martins.

Foram realizados entre cinco a dez vídeos de cada um dos 50 voluntários analisados sóbrios ou após ingerirem bebidas alcoólicas. Segundo Eduardo Nery, como a pupila cresce no escuro, o pupilômetro exige vedação total para impedir a iluminação externa e permitir um estudo mais detalhado. As reações foram abalizadas com o etilômetro (bafômetro), aparelho que mede o nível de álcool no sangue da pessoa.

Os pesquisadores concluíram que o pupilômetro e o software que o acompanha provaram ser um método eficaz, não invasivo e portátil para identificar pessoas que ingeriram bebidas alcoólicas. “A ausência de contato com sangue ou qualquer tipo de secreção faz deste um método seguro para verificação em larga escala”, diz Eduardo Nery. O médico enfatiza que, para ser transformado num produto passível de comercialização, ainda é preciso muito estudo.

Prêmio

Batizado de Avaliação da alcoolemia através do reflexo pupilar e visão computadorizada, o estudo que foi premiado na categoria Regional Centro-Oeste do Congresso Brasileiro de Oftalmologia, nasceu por iniciativa de Ronaldo Martins, pesquisador da íris humana desde o ano 2000. Em 2013, a partir de um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), dentro das políticas de combate ao uso de entorpecentes, ele inscreveu o projeto que está apenas na fase inicial. “Este reconhecimento é a prova de que estamos no caminho certo”, afirma o professor.

O método, que se mostrou eficiente na biometria e agora em testes de alcoolemia, pode ser aplicado também para identificar anomalias oftalmológicas, às vezes causadas por doenças.

"Acreditamos que o método também servirá para analisar a reação provocada pelo uso de outros tipos de entorpecentes ou por anomalias do organismo humano, como a hipertensão, mas ainda estamos estudando e modelando" Ronaldo Martins, pesquisador