Poetas mirins

Data: 23 de novembro de 2015

Fonte/Veículo: Adufg

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Algumas crianças trocaram o sonolento início de um dia por momentos de encantamento. O estímulo veio com o projeto Comece Bem o Dia... Leia Poesia, criado em 2009 pela professora goiana Ludmylla Flávia Canêdo para turmas de Língua Portuguesa do colégio Externato São José. Graduada em Letras pela UFG e especialista em psicopedagogia, ela conta com a participação de professores de outras áreas. As crianças não apenas leem e escrevem poesias, mas já confeccionaram cenários para recitais poéticos, interpretaram canções como Closer and Closer and Closer, da trilha sonora do filme Pequeno Príncipe, escreveram músicas, gravaram um audiobook e um CD, lançaram livros e se apresentaram em sarau para pacientes hospitalizados.

Por que criou um projeto de incentivo à leitura de poesias para crianças?

Sempre tive o hábito de começar minhas aulas lendo uma poesia para os meus alunos. Um dia, um aluno me disse que ele começava bem o dia quando ouvia poesia. Pronto! Me senti desafiada a fazer com que todos os meus alunos também tivessem esse mesmo sentimento. O nome do projeto não podia ser diferente: Comece Bem o Dia... Leia Poesia!. No primeiro ano, essa ideia chegou aos pais através de pedágios poéticos: os alunos entregavam poesias nos carros que chegavam à escola. Queríamos que as famílias também começassem bem o dia lendo poesia. O restante do projeto veio com o tempo, com a empolgação dos meus alunos e com a intenção de despertar o gosto e o interesse pelos textos poéticos. Atividades de sensibilização, leitura e audição de poesias, pedágio e adesivaços poéticos, produção de músicas, gravação de audiobook, lançamento de um livro-projeto com poemas produzidos pelos alunos e um recital poético fazem parte do projeto.

 

A poesia é uma ferramenta que ajuda o aprendizado do aluno?

Sim. Em Língua Portuguesa, depois de trabalhar poesia, notei que muitos alunos tiveram mais facilidade em interpretar letras de músicas e textos não-verbais, como obras de arte e fotografias.

 

Criança tem muita imaginação. A poesia torna-a ainda mais inventiva?

Como dizia Manoel de Barros, “a poesia é a voz de fazer nascimentos.” Acredito que a poesia é o lugar da criação, da invenção.

 

O projeto conta com a participação de professores de outras áreas. A poesia está em todos os lugares?

Esse gênero literário está presente em tudo. Com relação a outras áreas, um projeto como esse só tem sentido se contar com diferentes formas de linguagem e de expressão. A poesia, por exemplo, está muito bem acompanhada pelos projetos de artes e música desenvolvidos na escola.

 

A gravação de um audiobook é uma expansão?

A intenção de se gravar os poemas produzidos pelos alunos é fazer com que eles ouçam poesia como música. Hoje em dia, percebo que crianças e adolescentes precisam parar para ouvir. Ouvir histórias, ouvir poesia... eles não têm tempo para isso.

 

E sensibiliza o aluno?

Ao entrar em contato com o texto poético, é nosso objetivo é que o aluno goste de ler, que saboreie esse momento de boniteza que o autor criou. O projeto sensibiliza porque encanta, surpreende, emociona, mas no começo não foi bem assim. Alguns alunos não se renderam facilmente à poesia. Hoje, a maioria já percebe que não pode mais seguir sem ela.

 

As crianças fizeram um sarau para pacientes do HGG. É outro incentivo?

A poesia saiu pelas portas do colégio e entrou pelas portas do HGG. Fomos até lá para levar sonhos, esperança e alegria através da poesia. Doar um pouco de nós. Quando percebemos, estávamos recebendo tudo isso também.