Os desafios de uma raça em formação

Data: 08/04/2016

Fonte/Veículo: O Popular

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Professor e diretor da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Marcos Barcelos Café diz que todo esse movimento de criação alternativa de galináceos, em sua maioria desenvolvida por pequenos produtores, ainda tem como nó a genética. “São vários os tipos raciais, desde os caipiras tradicionais, que chamamos de pé duro, até o índio gigante, muito apreciado por seu porte esguio, parecendo até um galo de briga. E como foi melhorado pelos criadores, tem um ganho de peso maior, com 4 a 5 meses de idade já pode ser abatido.”

O professor Marcos Café explica que, embora seja comum se referir ao índio gigante como raça, a ave ainda não obteve esse reconhecimento pelo Ministério da Agricultura. Por isso, segundo ele, é considerado um tipo racial que reúne uma série de características desejáveis, em que se destacam, por exemplo, o porte e a área do peito avantajada, tornando-o especialmente adequado para a função de reprodutor, que produz animais destinados à ornamentação ou ao abate e que apresenta um crescimento expressivo no mercado.

O caipira melhorado, por sua vez, ave com características genéticas desejáveis, como a precocidade no ganho de peso, “não tem grande aceitação, por ter uma conformação mais parecida com o frango de granja. Já o caipira pé duro, por não ter melhoramento nenhum, é mais tardio” compara o professor.

As características diferenciadas do índio gigante, segundo Marcos Café, em que se destacam o desenvolvimento rápido e a boa conversão alimentar, ajudam a entender porque é comum galos índio gigante serem comercializados por mais de R$ 1 mil.

Reconhecimento

Para que se transforme em uma raça, segundo o professor, o caminho é complexo e dispendioso. “É preciso fixar a sua carga genética para que se tenha a certeza que os descendentes dos reprodutores serão igualmente bons e o índio gigante ainda não concluiu esse passo.” Empenhados nesse objetivo, produtores que integram a Associação dos Criadores de Índio Gigante do Estado de Goiás (ACIG-GO) já consultaram o professor sobre o caminho a ser percorrido para que um dia o índio gigante seja reconhecido como raça pelo Ministério da Agricultura. “Com a adesão de uma empresa, de um grande criador ou mesmo a organização de pequenos e médios produtores a questão financeira poderia ser vencida e tornar esse processo mais rápido,” acredita Marcos Café.

O diretor da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG ressalta, no entanto, que o mais importante os criadores do índio gigante já alcançaram: a grande aceitação da ave pelo mercado.