Heavy Metal é o grande vencedor do XVII FICA

Heavy Metal é o grande vencedor do XVII FICA

O filme aborda a deportação do lixo eletrônico das grandes potências mundiais para uma pequena cidade chinesa

Ivana Sant'Anna  

Redação Mais Comunidade – 14/06/2010

 

Para os que participaram de alguma forma da 12ª edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental (FICA) já fica uma saudade. São memórias do clima bucólico da Cidade de Goiás (GO) recheada de História, lembranças dos fóruns questionadores relacionados a meio ambiente e, é claro, da boa produção cinematográfica exibida entre os dias 8 e 13 deste mês.

Entre os vários filmes da mostra competitiva, quase todos poderiam figurar entre os vencedores, mas o troféu de maior destaque do XII FICA 2010 ficou com o documentário chinês “Heavy Metal” (Hu Xiao de Jin Shu), do diretor  Huaqing Jin. O média metragem, de 50', aborda o problema do lixo eletrônico na pequena cidade chinesa de  Fengjiang – lugar  onde, há mais de 20 anos, recebe esse tipo de resíduo de países como Japão, EUA e Austrália. No local, mais de 50 mil trabalhadores migrantes das partes atingidas pela pobreza do centro-oeste da China formaram um exército de desmantelamento desses resíduos eletrônicos. Com métodos primitivos de reciclagem, essas pessoas decompõem e reciclam as mais de duas milhões de toneladas de lixo eletrônico proveniente dessas grandes potências. O filme foca a história de duas famílias desses 'recicladores', Zhang e Qiu-xia, que, para sobreviver trabalharam duro, sobreviver às doenças causadas pelos resíduos  e tentam sonhar com um futuro mais limpo.

“Heavy Metal” levou o Troféu Cora Coralina e recebeu R$ 50 mil. “Foi um grande prazer receber o prêmio, pois a questão é séria e vai promover muita discussão sobre o futuro desses resíduos dentro e fora da China”, comentou Zhifeng Fu, representante do produtor do longa. . Outras cinco produções nacionais, dentre elas quatro goianas, e outras quatro estrangeiras também receberam a premiação máxima no no FICA. De acordo com Lisandro Nogueira, professor de cinema da Universidade Federal de Goiás (UFG) e membro da Sociedade Brasileira de Cinema, a escolha do Juri Oficial foi justa. “Só a coragem do diretor chinês em mostrar esse tipo de problemática no país já vale muito. A questão dos resíduos eletrônicos é séria e precisa de soluções urgentes”, comenta o especialista.

A noite do último dia do Festival teve o pop rock do cantor Lulu Santos que, além de novas canções, balançou o público, eternos hits como “Tudo Azul”, “Tempos Modernos”, “Assim Caminha a Humanidade”, “Um Certo Alguém” e “O Último Romântico”. Quem abriu o show foi a banda goiana  Mr. Gyn – que presenteou quem esteve na apresentação canções com boas doses de solos de guitarra e pop melódico.

Confira a lista dos premiados no XVII FICA:

Troféu Carmo Bernardes – R$ 35 mil - Destinado ao melhor longa-metragem: “Efeito Reciclagem”, do diretor Sean Walsh (Brasil – SP/2009).

Troféu Jesco Von Putkamer – R$ 25 mil - Para o melhor média-metragem: “Caçando Capivara”, dos diretores Derli, Marilton, Fernando, João Duro, Janaína, Joanina, Juninha e Zé Ca (Brasil-MG/2009).
 
Troféu Acari Passos – R$ 25 mil – Para o melhor curta-metragem: “Recife Frio”, do diretor Kleber Mendonça Filho (Brasil-PE/2009).

Troféu Bernardo Élis – R$ 25 mil – Oferecido à melhor série televisiva: “Bringing Life to Space” (Trazendo Vida ao Espaço), dos diretores Jakob Gottschau e Ojvind Hesselager (Dinamarca/2010).

Troféu José Petrillo – R$ 40 mil – Primeira melhor produção goiana: “Sonho de Humanidade”, direção de Amarildo Pessoa (Brasil-GO/2010).
 
Troféu João Bennio – R$ 40 mil – Segunda melhor produção goiana: “Vida Seca”, direção de Diego Mendonça (Brasil-GO/2009).
 
Troféu Luiz Gonzaga Soares – Conferido pelo júri popular, contemplando o melhor filme na visão do público: Bananas!*, do diretor Fredrik Gertten (Suécia/2009).

Troféu Imprensa  - Melhor filme, eleito pelos profissionais da imprensa que participam da cobertura do XII FICA – “A Blooming Business” (Um Negócio Florescente), de Ton van Zantvoort (Holanda, 2009).

Menção Honrosa  – Melhor curta-metragem: escolhido pelo júri por sua forma gráfica e inusitada aproximação ao problema do lixo: “Les Anges Dechets” (Os Anjos dos Dejetos), do diretor Pierre Trudeau (Canadá/2008).