Mobilizacao contra o câncer

Jornal O Popular - 28/11/2010

 

Duas ações realizadas na capital marcaram dia nacional de combate à doença

 

Segunda capital em incidência de câncer no País, Goiânia foi palco ontem, Dia Nacional de Combate ao Câncer, de ações de prevenção e diagnóstico da doença. No Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), cerca de 800 pessoas passaram por avaliação com dermatologistas, dentro da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele, realizada há 11 anos em todo o País, e há 15 anos na capital de Goiás, pioneira na ação.

No Parque Vaca Brava, profissionais de saúde e psicologia, pacientes em tratamento ou que já tiveram câncer chamaram a atenção de quem passava pelo local para a importância de prevenir e fazer o diagnóstico precoce da doença. Uma caminhada marcou a ação.

A costureira Monícia Miguel da Silva, de 56 anos, não quis correr o risco de não ser atendida no Hospital das Clínicas ontem. Chegou ao local às 3 horas e garantiu o primeiro lugar na fila. Monícia já passou por cinco cirurgias para retirada de tumores de câncer de pele e queria garantir acompanhamento para evitar novas manifestações. Ela conta que alguns dos sinais que viraram câncer a acompanham desde a infância, mas nunca soube dos riscos até que um ginecologista chamou sua atenção e a encaminhou para um oncologista.

Com casos da doença na família, Aldenira Moura da Silva Rabelo, de 40, também não quer descuidar. Foi até o HC para consultar e avaliar manchas e pintas que tem pelo corpo. Sua mãe, conta, já teve câncer de pele, por isso considera que é melhor redobrar os cuidados.

 

Ação contou com cerca de 300 voluntários

 

Cerca de 300 voluntários, entre médicos, residentes, estudantes de Medicina, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além de membros do grupo de voluntariado do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), trabalharam na Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele ontem.

Coordenador local da ação em Goiânia, o médico Luiz Fernando Fleury Júnior explica que os casos diagnosticados na campanha de ontem serão encaminhados para tratamento na rede pública de saúde. Segundo ele, em 2009, o câncer foi detectado em 9% dos pacientes atendidos. Ele frisa que o câncer de pele é o mais comum entre os cânceres, sendo responsável por 25% dos casos.

O Luiz Fernando frisa que câncer de pele não dói, não coça, por isso é necessário ficar atento a sinais como feridas que não cicatrizam e sangram facilmente, pintas que mudam de cor, formato ou tamanho. Em caso de suspeita, um médico deve ser procurado.

Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional Goiás (SBD-GO), Marilene Chaves Silvestre explica que a Região Centro-Oeste, e não apenas Goiás, é uma das com maior número de casos de câncer por contar com população rural significativa, que está expostas a sol constantemente.

Marilene frisa que a incidência do câncer de pele tem sido maior entre homens, que resistem em se proteger. "É preciso se proteger para evitar problemas futuros. Depois que a aparece, o câncer de pele deve ser removido cirurgicamente, podendo provocar algum tipo de deformação", explica.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), Goiânia é a segunda capital do País com maior incidência média de câncer em homens e mulheres. Números do instituto mostram que, entre os homens, a incidência de câncer, em Goiânia, é de 365,43 casos por 100 mil habitantes. Entre as mulheres, o
índice é 262,82 por 100 mil habitantes.

Importância do diagnóstico precoce

Uma caminhada, com cerca de 200 pessoas, chamou a atenção para a prevenção do câncer, ontem, no Parque Vaca Brava, em Goiânia. A ação fez parte das comemorações do Dia Nacional de Prevenção ao Câncer, com o intuito de despertar a atenção e conscientizar a população sobre a necessidade de prevenir o aparecimento do câncer e do diagnóstico precoce para o sucesso do tratamento.

Pacientes em tratamento ou que já se curaram da doença deram depoimentos sobre o enfrentamento do câncer e mostraram que é possível vencer a guerra contra a doença e levar uma vida normal.

Especialista em psicologia clínica e hospitalar, Jacqueline Amaral frisa que o estado emocional do paciente é determinante para o tratamento.

Segundo assinala, é preciso contar com o apoio da família, trocar experiências, o que mostra que a pessoa não está sozinha na luta contra o câncer, além de aceitar e aderir ao tratamento.

Cirurgião oncológico, o médico Osterno Queiroz da Silva frisa que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento, aumentando as chances de sucesso quando a doença é detectada na fase inicial. "Nossa intenção é chamar a atenção da população para que o médico seja procurado e faça
a prevenção, o que permite o diagnóstico precoce", afirma.