Processo Conturbado

 

Rogério Borges

Não é exagero dizer que o processo de criação da Universidade Federal de Goiás foi realizado com muita conversa, muitos gritos e até algum muque. Na transição das décadas de 1950 para 1960, a comunidade estudantil goiana vivia em polvorosa. A Igreja saíra na frente e conseguira fundar a Universidade Católica de Goiás. Logo em seguida, o projeto de fundação da UFG e a rixa entre os alunos das duas instituições foram inevitáveis.

"Havia embates. Alguns até chegaram às vias de fato. O pessoal nem podia se encontrar na rua que havia o risco de sair briga", recorda-se o pioneiro Orlando de Castro. Os estudantes das Faculdades de Direito, Engenharia, Farmácia e Odontologia não se intimidavam e ousaram até fazer comícios pró-UFG dento de salas da Católica.

A batalha política também era grande e a figura do então arcebispo de Goiânia e fundador da UCG, dom Fernando Gomes, foi a mais visada. Em 1959, no momento em que projetos de criação da Federal eram atacados no Congresso, tendo sua tramitação atrapalhada, os alunos interessados na nova universidade promoveram um protesto que ficou conhecido como O Enterro do Bispo, em que voltaram suas baterias contra dom Fernando. Ele era acusado de usar seu prestígio não só para criar a UCG, como também para impedir a fundação da UFG. Nada nesse sentido foi comprovado e o pessoal da época se divide sobre o assunto entre os que defendem e os que acusam o arcebispo.

Episódios tensos
Nesses 50 anos de história, a UFG viveu outros episódios tensos em que seus alunos e professores se entrincheiraram em várias lutas. No período da ditadura, o Câmpus foi muitas vezes invadido por militares à caça de "elementos subversivos". Várias pessoas da instituição foram perseguidas e presas.

Uma das válvulas de escape sempre foi a arte. Grupos de teatro e música nunca deixaram de tomar os espaços de convivência da universidade, como a Praça Universitária, o Espaço Cultural da UFG - que acaba de ser totalmente reformado -, as salas do Instituto de Artes e o teatro da Medicina. Nos anos 1980 e 1990, a UFG viveu grandes paralisações de professores e estudantes, com direito a ocupações da reitoria. Já nos anos 1990, numa manifestação em prol do transporte alternativo, causa apoiada pelos estudantes, um perueiro foi assassinado pela Polícia Militar dentro do Câmpus 2.

 

DESTAQUES

Museu Antropológico

Dedicado ao estudo da cultura dos povos indígenas da região Centro-Oeste, também é uma unidade reconhecida pelos projetos de salvamento arqueológico, como em áreas inundadas por hidroelétricas.

Faculdade de Medicina

Por seus bancos passaram profissionais que teriam renome internacional em suas especialidades. Suas residências médicas são tidas como de excelência e sempre teve relevância no meio cultural.

Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa)

Unidade que conta com modernos laboratórios de pesquisa e que goza de grande prestígio nos estudos sobre o bioma Cerrado e o Rio Araguaia. Publica intensamente sua produção científica.

Faculdade de Agronomia e Veterinária

Com prestigiada graduação e pós-graduação, é uma referência no Centro-Oeste nos estudos das ciências agronômicas. Muitas de suas pesquisas foram reconhecidas internacionalmente.

Escola de Música e Artes Cênicas (Emac)

Originária do antigo Conservatório de Música, pela unidade passaram, como alunos e docentes, grandes nomes, como a musicista Belkiss Spenzière e o maestro Camargo Guarnieri.

 

LINHA DO TEMPO

1960-Criação da UFG, com assinatura de decreto presidencial por JK em 14 de dezembro.

1961- Instalação oficial da universidade na antiga Faculdade de Direito da Rua 20, Centro, em 3 de fevereiro. No dia 7 de março, aula inaugural no Teatro Goiânia.

1962- Implantação do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e da Faculdade de Educação e abertura do Restaurante Universitário.

1965- Criação da Rádio Universitária.

1968- Abertura do Colégio de Aplicação da UFG e do Instituto de Artes.

1970 -Inauguração do Planetário da UFG, no Parque Mutirama.

1971 -Começa a construção das primeiras unidades da UFG em seu Câmpus 2, com a proposta de integração das diversas áreas de conhecimento em uma área comum. O modelo usado foi o da UnB.

1973 -Criação da Biblioteca Central da UFG e do sistema de bibliotecas integradas da instituição.

1978 -Surgimento da Associação dos Docentes da UFG (Adufg).

1980 -Criação dos câmpus avançados de Jataí e Porto Nacional, que na época ainda pertencia a Goiás.

1983 -Criação do câmpus avançado de Catalão.

1993 -Implementação do primeiro doutorado na UFG, em Agronomia

1995 -Reestruturação da UFG, com desmembramento das antigas faculdades em unidades menores e com mais autonomia.

1996 -Criação da Farmácia Escola da UFG.

2002 -Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na UFG.

2008 -Inauguração do Cine UFG.

2009- Inauguração da TV UFG.

 

FESTAS E HOMENAGENS

A UFG tem uma programação especial no dia de hoje para marcar seus 50 anos de existência. Ontem, a universidade foi homenageada com uma sessão solene na Câmara dos Deputados, em Brasília. Para hoje estão previstos os seguintes eventos:

Inauguração do busto do professor Colemar Natal e Silva, primeiro reitor da UFG Lançamento da Revista UFG Nº 9Lançamento do livro Universidade Federal de Goiás:Imagens e Memória (1960-1964)

Local: Centro de Cultura e Eventos (Câmpus 2)
Horário:20h