Aluno com síndrome de Down aprovado no vestibular

Aluno com síndrome de Down aprovado no vestibular

É a primeira vez que portador da síndrome passa em seleção da UFG. Rapaz de 21 anos vai cursar Geografia no câmpus da instituição localizado em Jataí, no Sudoeste Goiano

 

As limitações decorrentes da síndrome de Down nunca representaram problema para o estudante Kallil Assis Tavares, de 21 anos. O desempenho do jovem no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG) é um exemplo disso. Kallil foi aprovado para o curso de Geografia e é o primeiro portador da síndrome a passar no vestibular da instituição. A mãe do estudante, a pedagoga Eunice Tavares, de 50 anos, diz que o filho sempre foi determinado e dedicado aos estudos. “A cada dia ele supera os obstáculos que a vida lhe impõe. Até agora ele conseguiu superar todos”, declara.

A família de Kallil Tavares vive em Jataí, a 325 quilômetros de Goiânia. O jovem vai estudar no câmpus da UFG localizado no município. Esta foi a primeira vez que o estudante prestou vestibular, logo após terminar o 3º ano do ensino médio.

Não houve correção diferenciada para a prova do vestibular feita pelo jovem. Ele concorreu de igual para igual com os outros estudantes. Segundo Eunice Tavares, a única diferença que houve em relação à prova de Kallil é que ela foi feita em letras maiores porque o jovem tem baixa visão. “Também tinha uma pessoa para ler a prova para ele”, disse.

Por ser muito tímido, Kallil não quis falar com a reportagem. A mãe dele diz que ele está encarando a aprovação no vestibular com naturalidade. “Ele está tranquilo e acha tudo isso muito normal.” A opção pelo curso de Geografia veio da admiração pelos mapas. “Ele sempre gostou de geografia, adora mapas. Ele também tem uma grande afinidade com a professora de Geografia do ensino médio e isso pode ter influenciado a escolha dele”, destaca.

Os dois primeiros anos de escola de Kallil foram passados em um colégio de ensino especial. Mas depois ele começou a frequentar uma escola de ensino regular. “Ele estudou a vida toda na mesma escola, onde nunca teve problemas. Sempre foi tratado da mesma forma que os outros estudantes e tem muitos amigos de lá”, conta Eunice.

A decisão por fazer vestibular veio do próprio jovem, quando ele estava no 2º ano do ensino médio. De acordo com Eunice, ele comentou que pretendia ir para a universidade. “Nunca exigi isso dele. As coisas foram acontecendo e a convivência na escola com certeza o motivou a querer fazer faculdade”, diz.

A rotina de estudos de Kallil também ocorreu como a de muitos outros estudantes. A mãe dele conta que o jovem sempre foi assíduo na escola e nunca gostou de faltar as aulas. Conforme conta Eunice, Kallil aproveitou muito as aulas oferecidas pelo colégio, local onde ele preferia estudar. “Ele não estudava muito em casa e as notas dele nunca foram as mais altas, mas sempre conseguiu notas boas para passar de ano”, comenta.

Apoio

Kallil já está matriculado na UFG e aulas começam no próximo dia 27. Todos os estudantes com necessidades especiais que passam no vestibular da instituição têm à disposição o Núcleo de Acessibilidade, que foi criado com o intuito de facilitar a vida dessas pessoas. Dulce Barros de Almeida, coordenadora no Núcleo de Acessibilidade da UFG, que é vinculado à Pró-Reitoria de Graduação, afirma que os alunos com necessidades especiais que necessitarem de algum tipo de apoio precisam entrar em contato com o Núcleo, que irá avaliar o que é possível ser feito em cada caso. “Cada situação tem um tipo de necessidade diferente. Temos alunos surdos, cegos, cadeirantes. Cada um precisa de um apoio diferente. A intenção do Núcleo é trabalhar a inclusão dessas pessoas”, diz.

Dulce Barros estará no campus de Jataí no próximo dia 1º para conversar com alunos e professores sobre o caso de Kallil. “A ideia é orientar os alunos e professores sobre como se comportar com o novo estudante”, explica