Ensino mais do que especial

Ensino mais do que especial

O programa de Educa­ção para a Diver­sida­de, executado pela Se­cretaria de Estado da Educação por meio da Gerência de Ensino Especial, tem contribuído significativamente para a inserção e a socialização de estudantes com deficiência.
Exemplo concreto disso é a a­pro­vação recente destes alunos em vestibulares. Considerando-se os últimos processos seletivos realizados, 17 estudantes da rede pública estadual com deficiência conquistaram vagas nas faculdades.
Em Iporá, cidade localizada a cerca de 230 quilômetros da Capital, dois alunos com deficiência visual mostraram disposição para superar obstáculos e enfrentar desafios e conseguiram ser aprovados na UEG (Univer­sidade Estadual de Goiás).
Deliana Santos de Oliveira, 18 anos, estudante do Colégio Esta­dual Ariston Gomes da Silva, foi a­­provada em 1º lugar no curso de Biologia. José Ferreira San­tana, 59 anos, do Centro de Edu­cação de Jo­vens e Adultos Dom Bosco, foi a­provado em 6º lugar no curso de História.
Ambos também tiveram atendimento no Centro de Atendi­men­to Educacional Especializado (CAEE) no contraturno escolar. Outros quatro alunos da rede pública estadual com deficiência visual foram aprovados em cursos de Matemática, História e Biologia.
O estudante Paulo Marinho, 22 anos, foi aprovado em um concurso dos Correios realizado no Maranhão. Entre os estudantes com altas habilidades/superdotação, um conseguiu vaga no curso de Enfermagem da UFG (Univer­si­dade Federal de Goiás) e outro em Música no IFG (Instituto Fe­deral de Goiás).

Repercussão
O estudante surdo Marcos Al­mei­da Mata, também da rede pú­blica estadual, foi aprovado para o curso de Física da PUC (Pon­tifícia Universidade Católica de Goiás) e para o curso de Rede de Compu­tação do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
Para a professora Wesilene Ferreira Siqueira, profissional da rede de apoio à inclusão junto a Subsecretaria Regional de Edu­cação de Iporá, a aprovação da­queles dois estudantes exemplificam os resultados positivos que tem sido obtidos com o programa de Educação para a Diversidade.
A iniciativa implantada pelo atual governo tem uma perspectiva inclusiva muito importante. “Estamos colhendo os frutos de uma política pública educacional voltada à inclusão social de nossos estudantes”, afirma.
A gerente de Ensino Especial, Lorena Resende Carvalho, destaca que essa atual política de Edu­ca­ção inclusiva “desmistificou vários equívocos do passado”. Ela co­menta ainda que, tempos atrás, os estudantes com deficiência ficavam em casa ou em escolas especiais, o que dificultava ou mesmo impedia sua socialização e o acesso pleno ao conhecimento.
Segundo ela, esses estudantes “ficavam segregados, à margem de todo o processo. Mas a verdade é que as pessoas com deficiência, assim como as demais, são potencialmente capazes de aprender”, enfatiza. (João Luis Côrrea)

Mercado de trabalho

De acordo com o artigo 5º da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, às pessoas com deficiência é assegurado o direito de se inscreverem em concurso público, cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência que apresentam.
Para esses profissionais serão reservadas até 20% das vagas oferecidas. No caso de empresas particulares, o sistema é de cotas: para cada 100 funcionários, é preciso disponibilizar cinco vagas.
Para o preenchimento das vagas disponíveis neste nicho de mercado de trabalho, tanto quanto na capacitação do indivíduo, o processo de inclusão e aprendizagem se inicia na escola, lembra a gerente de Ensino Especial da Seduc.
Esse processo de inclusão escolar, reforça Lorena, favorece o desenvolvimento dos estudantes com algum tipo de deficiência, bem como o desenvolvimento integral dos alunos sem deficiência. Ao longo dos anos, diz ela, também se observou que os alunos sem deficiência se tornaram pessoas mais sensíveis e acolhedoras.
“Além disso, a prática pedagógica na perspectiva da inclusão, de modo geral, implica nos diálogos em sala de aula e em trabalhos em grupo, entre outras ações. Isso não só contribui para o aprendizado e desenvolvimento do aluno com deficiência, como também para aqueles que não possuem deficiência, já que estes, ao ajudarem o colega, são também desafiados”, ressalta Lorena.