Literatura que cabe no bolso

Literatura que cabe no bolso

Nas bancas e livrarias da cidade é comum encontrarmos estantes recheadas de livros  que chamam a atenção pelo formato compacto. São obras que agradam ao gosto e principalmente ao bolso de muitos leitores.
Também conhecidos como pockets books, esses títulos possuem atraem atualmente um público cada vez maior, principalmente entre os jovens.
De acordo com Sílvia Leitão, que trabalha para o Grupo Record e responde pelo selo BestBolso, criado exclusivamente para atender esse nicho de mercado, as vendas de livros de bolso correspondem hoje a cerca de 20% do faturamento da empresa.  
Ela ressalta que a maior demanda parte de estudantes e de pessoas da classe média. Informação confirmada pelos  donos de algumas livrarias e bancas de Goiânia.

Qualidade a preços baixos
No Centro da Capital, por exemplo, é fácil encontrar as publicações de bolso expostas nas bancas e livrarias. José Ronaldo, gerente do Armazém do Livro, revela que a procura é grande por parte especialmente dos estudantes mais jovens.
Ele conta também que os universitários surgem em busca dos clássicos que são leitura obrigatória em seus cursos. “Eles compram títulos de Filosofia, Sociologia, Política etc, pois são bem mais baratos do que o tradicional.”
Em outra livraria próxima, a Páginas Antigas, a especialidade são os livros didáticos. Mesmo assim, Vagner Cesário fez questão de reservar espaço para os livros de bolso.
De acordo com ele, no início de cada semestre letivo, muitos acabam levando os pockets books motivados pelo preço mais acessível. Essas obras surgem, então, como uma saída para aqueles que querem literatura de qualidade, mas não querem pagar os altos preços do mercado editorial.
O professor de Literatura da Universidade Federal de Goiás (UFG), Rogério Santana, lembra que foi a Editora Tecnoprint (atual Ediouro) quem começou a explorar os formatos de bolso, ainda na década de 70.
“Na época, esses livros eram uma verdadeira febre. E esse sucesso está voltando agora com o interesse de editoras mais conhecidas em fazer publicações nesse formato”, analisa.

Ao gosto do freguês
Ele explica que, assim como nos lançamentos tradicionais, onde existem publicações de qualidade e outras nem tanto, o mesmo ocorre com as coleções de bolso.
Para quem deseja comprar um clássico nesse formato, a dica é prestar atenção num detalhe importante: se o texto foi mantido na forma integral.
Para Ivan Pinheiro Machado, editor e um dos fundadores da editora L&PM, os livros de bolso possibilitam acesso à literatura de uma forma indiscutível.
No entanto, ainda é preciso investir na divulgação e promoção da leitura para atrair mais interessados. “A verdade é que poucos sabem da existência de títulos bons e baratos nesse formato, disponíveis em qualquer banca de jornal”, argumenta.
Sílvia, por sua vez, acredita que, apesar do aquecimento nas vendas, os pockets books não substituirão os livros tradicionais. “Há quem esteja disposto a pagar mais por um e menos pelo outro”, completa.

De Sabrina a Maquiavel

“Shay era um homem rico, mas também solitário, amargurado e sem esperanças, até que um dia o destino lhe prega uma peça. Obrigado a conviver com a impetuosa e arrogante Jenny Pennington, logo ele descobre ser ela a única mulher capaz de restaurar-lhe a alma e o coração!...”
Os romances sentimentais fazem parte da vida de várias adolescentes e até das mulheres mais maduras, que nunca abandonaram os livros de bolso.
Uma característica dessas publicações são os textos de leitura fácil e que mexe com o imaginário e com a fantasia femininas. Esses títulos não são considerados pockets books autênticos, mas também são encontrados com facilidade nas bancas da cidade a preços bem acessíveis.

Para gostar de ler (e trocar)
Na verdade, esses romances possuem uma outra vantagem em relação ao preço: podem ser trocados posteriormente,conforme destaca a vendedora Antônia Vieira da Silva.
Leitora assídua do gênero, ela diz que é possível trocar os livros nos pontos de vendas ou entre seu círculo de amizade. “Se eu leio um livro que gosto, eu indico ou troco com elas [amigas]. Também trocou nas bancas, onde dois dá direito a um”, revela.
Antônia conta que começou a ler os romances por volta dos 17 anos, por intermédio das colegas de escola. “Elas me emprestavam e eu lia rapidinho.”
Além dos romances, a vendedora também gosta de clássicos da Literatura nacional, que incluem Machado de Assis e José de Alencar.
O livro mais recente que leu foi O Príncipe, de Maquiavel. Eis aí uma prova de que quem lê romances populares também gosta de outros gêneros e estilos.