A aftosa na agenda goiana
No início de maio, a Campanha de Vacinação Contra a Febre Aftosa entrou no calendário dos agropecuaristas goianos. Nessa primeira etapa, o prazo para vacinar todo rebanho se estende até o dia 31 de maio. A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) tem a meta de imunizar mais de 21 milhões de cabeças de gado, número que representa 99% do total do rebanho bovino e bubalino de Goiás.
A aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta gado bovino, búfalos, caprinos, ovinos, suínos e outros animais que possuem cascos fendidos, como explica o professor da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e também presidente da Cooperativa de Médicos Veterinários de Goiás Hélio Louredo da Silva.
Segundo, Da Silva, em geral, os sinais clínicos mais severos são em bovinos e suínos. “Após a contaminação, deve-se sacrificar todos os animais num raio de três quilômetros, pois não existe tratamento”, alerta o professor.
O último foco da doença no estado foi na cidade de Santa Bárbara de Goiás em 1995. Desde então, não houve mais nenhum registro da doença. Os altos índices de vacinação, somado a medidas rigorosas de fiscalização podem levar Goiás a obter o certificado de zona livre da doença em 2015.
O único estado do país que possui esse selo é Santa Catarina. A certificação de status de zona livre de aftosa é concedida pela Oficina Internacional de Epizootias (OIE), ligada à Organização Mundial do Comércio (OMC).
A coordenadora do Programa Estadual de Enfermidades Vesiculares, Deise Lúcida Neves, conta que a ideia é obter o controle da aftosa sem a vacinação. “Isso deve ser feito de forma gradativa. Primeiro se retira uma das etapas da vacinação em 2013, acompanhando as normas internacionais que regem o programa de controle da aftosa, e em 2015 Goiás poderá ser livre da aftosa sem vacinação.”
Anualmente são coletadas amostras sorológicas. Segundo Deise, essa medida regulariza o controle da aftosa. “Também é feito um controle efetivo de fronteira. Tudo isso para impedir a entrada de animais infectados de outras regiões. Não há como negar que nossas medidas sanitárias são exemplares”, garante a coordenadora do programa.
Valor econômico
A importância desse certificado para a economia agropecuária do estado é grande. Afinal, uma das exigências de grande parte dos importadores de carne mundial é que o país seja livre de aftosa sem vacinação. Os Tigres Asiáticos, Oceania, países membros do Nafta (Canadá, México e Estados Unidos), por exemplo, só compram carne de locais que possuem o certificado.
Goiás e o Brasil hoje participam apenas de 40% do mercado internacional de carne por conta da restrição de diversos países, que só compram se houver o certificado. Da Silva diz que a aftosa se tornou uma verdadeira barreira econômica, e não apenas sanitária. “A carne brasileira é uma das mais baratas, pois 80% dela vêm de boi de pasto, que possui um custo mais baixo e muito mais competitividade.”
Campanha 2012
Após o fim da última campanha em novembro de 2011, foi realizada uma fiscalização nas fazendas inadimplentes. Para o presidente da Agrodefesa, Antônio Nogueira, essa é uma forma de controlar esses produtores e fazer com que eles vacinem o rebanho.
A multa paga por cada animal não vacinado é de R$ 7. No caso de reincidência, o valor dobra. Neste caso, além da multa, a fazenda é interditada, e na campanha seguinte contra a febre aftosa o rebanho passa a ser submetido à vacinação assistida por um médico veterinário da Agrodefesa.
Outro fator que parece ter facilitado o trabalho dos fiscais é o acompanhamento online dos índices, por meio da informatização do controle do rebanho. “Hoje, nós temos 100% das propriedades rurais de Goiás com as sedes georreferenciadas e sabemos a quantidade de animais de cada propriedade, isso nós dá a garantia do cumprimento exato da vacinação contra aftosa”, ressalta Nogueira.
A campanha funciona de forma simples, basta o produtor ir a uma loja veterinária credenciada pela Agrodefesa e adquirir as doses da vacina. Após a vacinação, o produtor deve apresentar no prazo de cinco dias a declaração no escritório da Agrodefesa do seu município.
É por meio dessa declaração que o controle informatizado do rebanho vacinado é atualizado. Também deve ser realizada a vacinação obrigatória contra a brucelose de animais fêmea de três a oito meses e a antirrábica em 119 municípios goianos.