Reunião de fundo setorial avalia prioridades para setor elétrico

A Secretaria de Desenvolvimento Tecnológicoe Inovação (Setec/MCTI) realizou nesta terça-feira (4) reunião extraordinária para definição das propostas do setor elétrico que receberão apoio financeiro do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em 2013. O recurso destinado aos projetos faz parte do Fundo Setorial de Energia (CT-Energ).

A reunião tem como objetivo fornecer informações sobre o estado da arte e a necessidade de pesquisa e desenvolvimento (Pamp;D) nos temas de interesse, que sirvam de subsídio para a definição do comitê gestor do fundo. Nos esforçaremos para diminuir o hiato entre as áreas científicas e industrial. A tendência é que os recursos do CT Energ sejam aplicados cada vez mais em projetos que estejam bem definidos, definiu o secretário Alvaro Prata.

Queremos agregar nossa produção de conhecimento à tecnologia, como ocorreu com o setor agrário nos últimos dez anos, lembrou Prata. Temos seis áreas estruturantes e estratégias no MCTI e todas elas têm algum tipo de ligação com o setor: energias renováveis, nanotecnologia, minerais estratégicos, parques tecnológicos e incubadoras, Sibratec e Embrapii.

O responsável pela área de energias da Setec, Eduardo Soriano, explicou quais são os critérios de definição das políticas públicas estabelecidas pelo MCTI: Consideramos os estudos prospectivos, reuniões setoriais, demandas e participação em eventos.

Ele mencionou em seguida, alguns dos estudos considerados para a definição. Química Verde e Combustíveis Aeronáuticos foram produzidos para estabelecer um diagnóstico das áreas. Energia Fotovoltaica no Brasil: Subsídios, para apoio às decisões; Roadmap Tecnológico para Produção, Uso Limpo e Eficiente do Carvão, avaliação do estágio atual e a meta para a área; Análises e Percepções para o Fomento da Energia Eólica no Brasil; Redes Elétricas Inteligentes: Contexto Nacional. Todas as publicações foram produzidas pelo Centro de Gerenciamento de Estudos Estratégicos [CGEE, organização social supervisionada pelo MCTI].

Programa de Pamp;D

O representante da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Aurélio Calheiros, lembrou sobre o percentual da receita operacional líquida do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento do Setor de Energia Elétrica, destinada a Pamp;D e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (FNDCT). As distribuidoras destinam 20% Pamp;D e mais 20% para o FNDCT. Já os geradores e transmissoras, 40%, explicou. Foram propostos a redução do grau de dispersão dos investimentos realizados e a alocação dos recursos em temas prioritários e projetos que gerem produtos, com a necessidade do envolvimento do setor produtivo.

Segundo Calheiros, a Aneel destinou R$ 788 milhões ao apoio a pesquisa e desenvolvimento, por meio de centros de pesquisas e universidades, em 2011. O investimento é fiscalizado pela Aneel. Ele disse ainda que a reguladora estuda incluir o programa Ciência sem Fronteiras (CsF) no montante do apoio a Pamp;D e avalia publicar um edital de avaliação para o desenvolvimento de tecnologia destinada a energia eólica, em 2013.

O representante da Cepel/Eletrobrás, Orsino Oliveira, propôs modelos meteorológicos divididos pela característica do território para melhoria da confiabilidade de transmissão e o desenvolvimento tecnológico para condutores de transmissão.

Ele mencionou os projetos apoiados pelo CT Energ até o momento através da Cepel o Helioterm, que visa à implantação de planta para futura plataforma de pesquisa de energia eólica em Petrolina (PE), e o LongDist, voltado a pesquisa experimental para desenvolver uma rede voltada à transmissão de alta tecnologia de ultratensão, em Nova Iguaçu (RJ).

Smart grids

O representante da Universidade de Brasília (UnB), Anésio Leles, comentou que a região Sudeste oferece maior qualidade de serviços no setor de smart grids (redes inteligentes) no país. O universo é gigantesco, esperando para ser explorado. Ele comentou que 80% da matriz da fonte primária é oriunda de fonte renovável e que a adoção dessa tecnologia possibilitaria a redução dos custos operacionais da produção. Podemos chegar à conclusão que este tipo de energia é praticamente limpa, avaliou.

Segundo Leles, as áreas que necessitam de investimentos incluem automação da distribuição, telecomunicações e informação tecnológica. Foi citada ainda a intenção da UnB de organizar um workshop em abril de 2013, para produzir um diagnóstico mais preciso sobre o setor.

Já o representante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Saulo Güths, lembrou que o Brasil está incluído no acordo internacional destinado a reduzir as emissões de gás carbônico em 50% até 2050. É necessário investir em Pamp;D para alcançar essa meta. No Brasil, a indústria é responsável pelo consumo de 43,7% da energia, o comércio e as residências, 47,6%. Neste último, 24% corresponde à utilização do chuveiro, 22% refrigerador, 20% ar-condicionado, 14% são referentes à iluminação e 9% à TV, listou. Com o aumento do poder aquisitivo a tendência é o aumento do consumo.

O estudo de estratégias bioclimáticas e a melhoria da base de dados foram apontados como áreas que podem impulsionar o impacto do consumo nas edificações brasileiras, que são caracterizadas pela falta de ventilação. Falta conhecimento de engenheiros e arquitetos especializados na construção que privilegiem a melhoria do consumo energético, afirmou Güths. A seu ver, a falta de estudos e pesquisas é um dos fatores determinantes para a falta de subsídios ao setor.

O coordenador de Nanotecnologia do MCTI, Flávio Plentz, destacou a tecnologia LED para iluminação. Ele relatou que a Setec considera prioritário o programa que trata do assunto. Essa é uma tecnologia que decolou nos últimos dez anos no Brasil. Ela está organizada em nível mundial.

Segundo Plentz, existe grande potencial de aplicação de luz LED nos agronegócios, como para o desenvolvimento das microalgas que podem ser destinadas ao biocombustível. Teremos uma pressão muito grande para importação desta tecnologia se não houver Pamp;D no país que desenvolva produtos, alertou. A criação de um centro que promova a produção de produtos em escala industrial foi citada como meta para o setor.

Biocombustíveis
 

Nelson Antoniosi, da Universidade Federal de Goiás (UFG), explicou que o etanol, o bioetanol e o biodiesel são os biocombustíveis mais consolidados no Brasil, acrescentando que há um vasto mercado para ampliação do último. Entre as dificuldades para o desenvolvimento da cadeia produtiva, ele elencou a falta de inserção social do programa, que não foi atingida conforme a proposta original; a produção concentradas em regiões distantes das bases de distribuição; e o custo elevado do biodiesel, que, segundo informou, chega a ser 60% a 70% superior ao do diesel.

Antoniosi destacou que as microalgas possuem enorme potencial para a produção da matéria-prima do biodiesel e podem ser uma opção para o aumento da cadeia produtiva. O crescimento chega a ser duas ou três vezes mais rápido do que a soja, observou. Foram sugeridas a criação de um banco de microalgas, avaliação da produção em larga escala em parceria com setor industrial e estudos de qualidade como solução.

Texto: Ricardo Abel Ascom do MCTI

Fonte: Portal Melhor Celular