Perto de definir posições chaves

Paulo Garcia está entre o tesoureiro Paulo de Tarso e Luciano de Castro para a pasta de Finanças. Se preterido, Tarso pode assumir a Comurg

Depois de apresentar as mudanças administrativas que serão realizadas na prefeitura, Paulo Garcia (PT) tem agora o desafio de formar a equipe de governo que o auxiliará na gestão que se inicia em janeiro de 2013. A maior complicação é contemplar com cargos os nove partidos que o apoiaram na candidatura à reeleição, em outubro. Os novos membros só começam a ser anunciados no dia 2 de janeiro, depois da conclusão do processo de eleição à mesa diretora da Câmara Municipal.
Oficialmente, nada se diz, mas nos bastidores vários convites já foram feitos e representantes partidários têm buscado o prefeito para conversas e negociações particulares. Entre todos os partidos da base de sustentação do Paço Municipal (PRB, PDT, PT, PMDB, PTN, PR, PSDC, PRTB e PSB), não há dúvida que a maior quantidade de cargos, tanto de primeiro, quanto de segundo escalão, serão ocupados por membros do PT e PMDB, ou indicados por lideranças destas legendas.
Paulo de Tarso (PT), teso­ureiro da campanha de Paulo Garcia, deve ocupar espaço importante na nova gestão petista. Ele goza de prestígio e confiança do prefeito. Uma das pastas em que pode ser aproveitado é a de Finanças. Garcia quer que alguém muito próximo a ele seja o gestor financeiro da prefeitura. Após atritos com o prefeito, é certo que o atual secretário de Finanças, Dário Campos, deixará o cargo.
Outro que deve ganhar força é o peemedebista Luciano de Castro, que pode deixar a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) para ocupar cargo de trabalho próximo ao prefeito. Nos bastidores, o comentário é de que ele também esteja no páreo para assumir a pasta de Finanças. Neste caso, Paulo de Tarso poderá lhe substituir na Comurg, pasta nobre dentro do primeiro escalão do Paço.

Hegemonia
Secretários ligados ao PMDB e vereadores do partido são unânimes em afirmar em conversas informais que a hegemonia do partido nas indicações de secretarias e diretorias será encerrada. A maioria dos cargos deve ser mantida, mas os petistas ganharão mais espaço depois da eleição de Paulo, que ampara as exigências de seus correligionários. 
O maior interesse do partido é nos cargos do segundo escalão da prefeitura, que têm 75% deles ocupados por pessoas indicadas pelo PMDB, já que o atual mandato do prefeito foi vencido por Iris Rezende. A executiva metropolitana do partido se reuniu com os seus vereadores eleitos e reeleitos e com o secretário municipal do Governo, Osmar Magalhães, que chegou a afirmar durante a semana que “quem tem mais deve ceder”. 
O chefe de gabinete do prefeito, Nelcivone Melo, afirma que o prefeito ainda não discutiu, abertamente, a questão no novo secretariado. “Lógico que ele já está pensando nisso, mas não trouxe esta discussão a público. O que conversei com ele é que busca pessoas comprometidas, conhecedoras da área onde vão atuar e isto passa por uma negociação com os partidos. Não tem como mudar uma equipe de governo sem discutir com os que ajudaram a conduzi-lo àquela posição”, explica.

Rodízio
No processo de formação da nova equipe, o prefeito deixou claro, nas reuniões que teve a portas fechadas com vereadores e líderes partidários, que pretende dar uma cara nova à gestão. Para isto, mesmo que alguns nomes sejam mantidos, eles dificilmente continuarão ocupando os mesmo cargos atuais e deve ser feito um rodízio.
Nomes fortes na administração, como o do deputado estadual Lívio Luciano (PMDB), Luciano de Castro (PMDB), ex-prefeito Darci Accorsi (PT), Nelcivone Melo (PT) e Osmar Magalhães (PT), certamente continuarão participando ativamente da gestão, mas em outras funções. Lívio deve sair da secretaria de Planejamento (futura Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Sustentável) e ser aproveitado em outra pasta, ainda a ser definida. Neste mesmo contexto, Darci não continuará na Secretaria de Assistência Social (Semas), mas ainda não se especula que pasta o petista poderá assumir.

Parlamentares
Não há dúvidas de que ao menos três vereadores serão chamados para compor o novo time da prefeitura, segundo apurou a Tribuna. Alguns compromissos já foram feitos, como a compensação de candidatos que sairam frustrados da disputa pela presidência da Câmara (possivelmente entre os peemedebistas Paulo Borges, Denício Trindade ou Célia Valadão), a concessão de vagas na casa de leis a suplentes como Serjão (PT) e Richard Nixon (PRTB). 
Existe um acordo firmado entre o vice-presidente do PSB, o empresário Júnior do Friboi, e o prefeito para dar uma vaga ao vereador Nixon, que não conseguiu sua reeleição. Ele é o primeiro suplente da coligação que reuniu PDT, PTN, PR, PRTB e PSB e tem prestígio social com Júnior. Já Serjão tem boa relação partidária e pessoal com o próprio prefeito.
Para abrir estas vagas os possíveis convidados serão Paulinho Grauss (PDT), Wel­lington Peixoto (PSB), Tayrone Di Martino (PT), Célia Valadão ou Denício Trindade. A maior especulação é que Célia seja a próxima secretária de Cultura, depois que o professor da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb) da UFG, Lisandro Nogueira, recusou o convite feito por Paulo Garcia.

Adesões
Além das siglas que participaram do processo eleitoral, outros partidos devem ser integrados à lista de aliados e ganhar postos no Paço, apesar de não terem caminhado ao lado da coligação durante o processo eleitoral. O PC do B, que apenas reelegeu a vereador Tatiana Lemos e bancou a candidatura própria da deputada estadual Isaura Lemos à prefeitura, deve ser contemplado com uma Secretaria Extraordinária. O presidente da sigla, vereador Fábio Tokarski, mantém o discurso de independência.
O PSL elegeu três vereadores (Jorge do Hugo, Antônio Uchoa e Zander) e também devem ser atendidos com uma extraordinária. Assim como o PV, que elegeu Cida Garcêz e Paulo Magalhães.

Clécio é o favorito para a presidência da Câmara

As negociações e pleitos para a eleição à mesa diretora da Câmara Municipal de Goiânia começaram antes mesmo da votação do último dia sete de outubro, por vereadores como Clécio Alves e Paulo Borges, ambos do PMDB, que tinham como certas suas reeleições. Logo depois do resultado das urnas, o processo de articulações para conseguir apoio e chegar à presidência da casa foi deflagrado. De lá para cá, Clécio Alves tomou a dianteira na corrida por ter um apoio crucial: o de Iris Rezende.
O ex-prefeito tem grande (ou total) influência sobre as decisões tomadas nos bastidores do partido em Goiânia e é fato que a chefia da Câmara ficará a cargo de um parlamentar do PMDB. A Tribuna apurou que Iris decidiu pelo nome de Clécio e isto trouxe a reboque a articulação e apoio do próprio prefeito, Paulo Garcia (PT), que já tinha bom relacionamento com o vereador.
Clécio é hoje líder da prefeitura na Câmara e acumula as funções de vice-presidente e corregedor da casa. Chegou a ser criticado recentemente por vereadores da oposição, com destaque para Maurício Beraldo e Geovani Antônio, ambos do PSDB, por orientar o voto dos colegas de base ao mesmo tempo em que presidia a sessão, pela ausência do presidente, Iram Saraiva (PMDB). Os parlamentares discutiram de forma bastante enérgica no Plenário.
Desgastes como este são corriqueiros durante a atuação parlamentar de Clécio. Outro caso marcante foi o acidente automobilístico envolvendo o filho dele, Dahn Marcell Machado Alves, que dirigia um carro oficial da Câmara quando bateu o veículo, após furar um semáforo, por voltas das 4h45 da madrugada, em outubro de 2010. Clécio assumiu o fato e, constrangido, pagou as despesas causadas pelo acidente.
Apesar dos problemas, o parlamentar recebe a confiança de Iris e Paulo e passa à frente de concorrentes correligionários como o próprio Paulo Borges, Denício Trindade e Célia Valadão. Nos bastidores, o prefeito tem inclusive feito negociações para viabilizar a votação necessária para que o peemedebista alcance a presidência.
Além de unir os cerca de 18 vereadores já qualificados como base da prefeitura na próxima legislatura, o prefeito tem articulado o apoio de partidos como PSL, que tem três vereadores (Jorge do Hugo, Antônio Uchoa e Zander) e o PV, que tem dois (Cida Garcêz e Paulo Magalhães). Cada partido deve ser contemplado com uma secretaria extraordinária e, em contrapartida, devem efetivar o apoio a Clécio Alves. (R.S.)

Fonte: Tribuna do Planalto