Residência médica ainda tem baixa oferta

Se está acima da média preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) o número de médicos por mil habitantes em Goiás, o mesmo não vale quando tratamos de especialistas. Reportagem publicada pelo POPULAR no dia 20 de janeiro mostrou que a baixa quantidade de vagas em residência médica se reflete na falta de profissionais especializados. O Estado oferece, hoje, praticamente a metade de vagas de residência médica necessárias à formação de especialistas, considerando a quantidade de vagas oferecidas pelas faculdades de Medicina existentes: 420 vagas em instituições de ensino superior e 226 para residência médica em hospitais do Estado.

O reflexo dessa equação, conforme apontou a reportagem é o déficit de especialistas nas redes pública e privada, condição que deve se agravar segundo estudos já realizados. Nas unidades básicas de saúde da capital, esse déficit é, atualmente, de 66 especialistas. Ao todo, 15 mil médicos se formam no Brasil a cada ano, onde são oferecidas apenas 2,6 mil vagas de residência médica.

O número de vagas é tão baixo que a concorrência em alguns serviços se assemelha a um vestibular. No Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), 540 médicos disputam o processo seletivo, hoje, em curso para o preenchimento das 88 vagas de residência oferecidas pela instituição. A situação em Goiás, especialmente, tende a piorar tendo em vista que apenas a UFG e a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) já formam turmas anuais. No fim deste ano, entretanto, será formada a primeira turma da Faculdade de Medicina do Centro Universitário de Anápolis (Uni-Evangélica), que realiza dois vestibulares por ano com 55 vagas cada. Aprovado este ano, o curso de Medicina da Universidade de Rio Verde (Fesurv) também lançará no mercado 120 médicos por ano.

“Toda faculdade de Medicina deveria oferecer, no mínimo, o mesmo número de vagas de seus formandos/ano. A Faculdade de Medicina da UFG está perto disto: forma 110 alunos/ano e em 2013 oferecerá 88 vagas para a residência médica. Mas existem faculdades que formam um sem número de alunos e não oferece nenhuma vaga de residência médica”, critica o coordenador da Comissão de Residência Médica do HC-UFG, Onofre Alves Neto.

É por meio da residência médica que o profissional que concluiu seus seis anos de curso deixa de ser generalista e passa a atuar em determinada especialidade. Determinada unidade só pode oferecer residência médica após ser avaliada e credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica, órgão do Ministério da Educação (MEC). Para tanto, é preciso que o hospital preencha vários requisitos, como número de atendimentos, número de cirurgias, número de professores/orientadores, abrangência do serviço, e local de estudo/ensino para os residentes, entre outros.

Fonte: O Popular