Ressuscitando os vivos

Bariani Ortencio
barianiortencio@uol.com.br
“Sabe-se que a maioria dos livros escritos não sai das gavetas dos autores”

No Brasil são lançados pelas editoras uma base de 50 mil novos títulos de livros por ano. Talvez nem 1% chega às livrarias. Se tal não se desse, não haveria espaços para tantos livros.

Sabe-se que a maioria dos livros escritos não sai das gavetas dos autores. Uns por não conseguirem editar, outros por ir deixando e muitos outros que escreveram apenas para eles próprios.

Talvez se alguns deles fossem publicados se tornariam até best-seller.

É por aí onde está o valor da Secretaria Municipal de Cultura (Secult) e da Editora Kelps, que dão oportunidades para centenas de escritores de todas as categorias, éditos e inéditos, também aos que escrevem apenas para si, para a família e amigos, isso, na maioria, como poderemos observar nas edições recordistas da Secult, iniciadas pelo fecundo gestor de Cultura, Kleber Adorno, que vêm desde 1993, com 11 títulos, depois com 40 e, agora, com 204. Da primeira safra surgiu o meu livro, Meu Tio-Avô e o Diabo, pela Editora Liberdade, de São Paulo, livro esse único adotado em 1998, em segunda edição pela Kelps, aos vestibulares da UFG e todas as faculdades de Goiás, num total de 320 mil vestibulandos, porém foram vendidos poucos exemplares, pois o livro se achava xerocado em todos os estabelecimentos ao preço irrisório de R$3,50.

Nesta atual edição do Goiânia em Prosa e Verso, resolvi juntar os escritos poéticos do meu tio padre Antônio Ricieri Bariani, 96 anos, escritos que vêm desde a sua juventude, com o título de Caminhos do Poeta de Deus, e enviar para a Editora Kelps, cujo presidente, Antônio Almeida, os acolheu com carinho.

Seria interessante que se fizessem também com mais pessoas, como fiz com o meu tio, pois são, na maioria, registros importantes das suas comunidades, históricos e familiares, importantes até para a história do Brasil, pois Mário Palmério, ao me honrar com a sua estada em Goiânia, para apadrinhar o lançamento do meu livro Sertão Sem Fim, em 1965, disse que “a futura e verdadeira história do Brasil não será contada apenas pelos historiadores, mas sim, também, e principalmente, pelos cronistas regionais”.

Um bom exemplo está no livro de Geraldo Cezar Franco, presidente da Academia Cezarinense de Letras e Artes, Família Franco – Genealogia e História (Kelps), cobrindo a região de Palmeiras de Goiás, Cezarina, Paraúna, Varjão, Guapó, com prefácio da diretora da Galeria Frei Confaloni, Maria Júlia Franco, livro que será lançado por esses dias.

Recebi com satisfação vários comentários sobre a minha crônica, Padre Bariani, Meu Tio, uns contando das suas relações com ele, como os seminaristas redentoristas e principais intelectuais daqui, Jadir Morais Pessoa, professor de Antropologia da UFG; Geraldo Coelho Vaz, ex-presidente da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores, secretário Estadual de Cultura e atual candidato à presidência do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás; o jornalista Hélio Rocha, aqui do POPULAR e membro da AGL, que relembraram o padre Bariani como bom e enérgico professor e sua inseparável bicicleta.

Também de outras pessoas, como a senhora Magda Batista Margarida, de Trindade, com carta a este jornal, na qual relembra das atividades avançadas do padre Bariani.

E hoje, com 96 anos, além de ser grande gestor social, amparando os pobres em seus setores, vem do Maísa 3 celebrar missas quase diárias na capela da antiga Santa Casa.

Macktub!

Fonte: O Popular