Ala cirúrgica do HC volta a funcionar

Reforma prevista para oito meses durou cerca de um ano e desativou 60 dos 72 leitos

Voltará a funcionar amanhã a nova ala cirúrgica do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Uma reforma prevista inicialmente para oito meses consumiu um ano de trabalho, desativando no período 60 de seus 72 leitos. A direção da unidade explica que além dos imprevistos inerentes a uma intervenção num edifício com mais de 50 anos, no meio da obra houve uma solicitação para adequação da ala para transplantes hepáticos, o que deverá ocorrer de maneira gradativa. Apesar da boa notícia, o HC enfrenta déficit de pessoal, atingindo duramente o atendimento de milhares de pessoas. Em 2012, aproximadamente 11 mil pessoas passaram pelos leitos do hospital-escola da UFG.

Diretor da unidade, José Garcia afirma que os 60 leitos, num universo de 316, que ficaram sem receber pacientes durante um ano impactaram no atendimento, mas a análise precisa ser aprofundada. “Nos mais de 50 anos de funcionamento do hospital a ala cirúrgica nunca sofreu uma reforma tão ampla. As instalações estavam precárias, com risco de infecção, precisavam de melhoria. Não tem jeito de trocar motor com avião voando”. O médico explica ainda que com a reforma e adequações necessárias, o HC começa a se preparar para fazer transplantes de fígado, procedimento inexistente em Goiânia. “É preciso planejamento porque se trata de cirurgia complexa”, ressalta José Garcia.

DÉFICIT DE PESSOAL

O maior drama do HC, entretanto, está na falta de profissionais para atender uma demanda diária estimada em 4 mil pessoas. Em 2012, foram realizadas, em média, 27 cirurgias por dia em diferentes especialidades, tanto eletivas quanto emergenciais oriundas do pronto-socorro. “Sofremos o efeito colateral da exigência do fim dos comissionados. A saúde não pode ser colocada na vala comum do serviço público, ela precisa ser vista de forma diferente porque os problemas são muito complexos”, desabafa José Garcia. Ele estima um déficit de pelo menos 150 profissionais para atender serviços com necessidade de expansão como endoscopia, reabilitação, fisioterapia, entre outros. Sem contar os serviços de vigilância, limpeza, lavanderia e recepção, que são terceirizados, 600 funcionários mantêm o HC em atividade.

Há mais de dez anos a Prefeitura de Goiânia, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), cede 190 profissionais para o HC para possibilitar o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Do ano passado para cá, 43 deles não tiveram os contratos renovados e não foram substituídos.

Diretora de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde da SMS, Katia Martins Soares explica que os contratos dos profissionais de saúde lotados no HC não podem ser renovados em razão do concurso público em vigência, onde constam vagas para essas categorias. “Os processos de convocação estão em andamento e um decreto de nomeação de concursados está previsto para ser publicado nesta semana. Por esse decreto vão tomar posse os novos profissionais da SMS que atuarão no HC”, garante. Deverão ser nomeados 16 técnicos em enfermagem, 8 enfermeiros,1 psicólogo, 1 fonoaudiólogo, 2 fisioterapeutas e 3 assistentes sociais. O diretor do HC teme que a solução não seja tão rápida.

Titular da SMS, Fernando Machado informou que fará o possível para amenizar os prejuízos no atendimento do HC em virtude da perda de profissionais. Conforme o secretário, a SMS continua com vagas abertas para profissionais médicos. No caso de médicos, contratos diretos - sem concurso público - são autorizados pelo Tribunal de Contas dos Municípios, o que não ocorre com os demais profissionais da saúde.

 

Fonte: O Popular