Conhecido como Príncipe do Bandolim, Hamilton de Holanda é destaque do 1º Figo em Pirenópolis no domingo. Etapa na capital termina hoje
Bruno Félix 16 de agosto de 2013 (sexta-feira)
Hamilton de Holanda (dir.), com os músicos André Vasconcellos e Thiago da Serrinha: show domingo em Pirenópolis
Virtuoso, versátil, com um trabalho maduro e que carinhosamente recebeu da imprensa francesa o título de “Príncipe do Bandolim” e da americana, de “Jimmy Hendrix do Bandolim”. Com mais de 30 anos de carreira, o compositor e bandolinista Hamilton de Holanda, uma das principais atrações do 1º Festival Internacional de Música em Goiás (Figo), se apresenta no domingo, a partir das 19h15, no Cine Pireneus, em Pirenópolis. A entrada é franca.
Acompanhado dos músicos André Vasconcellos (contrabaixo acústico) e Thiago da Serrinha (percussão), o artista vai mostrar o repertório do disco Trio, lançado no início do ano, que inclui oito composições próprias como Capricho do Sul e Negro Samba, uma parceria com o gaúcho Yamandú Costa, Aboio, regravações de temas de Chico Buarque (O Que Será e Sinhá, esta com João Bosco) e de Baden Powell (Pai).
“O som vai ser bem gostoso. Quero emocionar o público”, ressalta Hamilton do Bandolim em entrevista por telefone ao POPULAR.
Invenção
Nascido em berço musical, Hamilton desenvolveu desde muito pequeno um amor incondicional pela música brasileira. Aos cinco anos seu avô lhe presenteou com um bandolim e ele se apaixonou pelo instrumento. Com o tempo, estudos, pesquisas e referências como Hermeto Pascoal, Heriberto Porto e Jacob do Bandolim, ele conseguiu extrair novas sonoridades acústicas, dignas de um mestre, que transitam entre o tradicional nordestino, o jazz, rock e a música popular brasileira.
Desde jovem ele se firmou como “a nova cara do choro”. Formado em música em Brasília, conquistou um prêmio em um concurso realizado no Rio de Janeiro e ganhou uma bolsa para estudar por um ano em Paris. A convivência resultou em muitos amigos, parcerias com renomados artistas internacionais e o colocou como herdeiro dos grandes nomes do choro brasileiro.
No final do mês, Hamilton deve lançar o novo disco solo, intitulado Mundo de Pixinguinha. O álbum traz como convidados o acordeonista francês Richard Galliano, o pianista italiano Stefano Bollani e o cubano Chucho Valdés, entre outros.
Outro feito na carreira e revolucionário no gênero ocorreu em 2000. Hamilton inventou e colocou mais duas cordas no bandolim – quando o tradicional instrumento tem oito. Com um par mais grave afinado em dó, para poder fazer acordes junto com a melodia mais facilmente, acabou ganhando rótulos por onde passou, como a comparação com Jimmy Hendrix, considerado um dos maiores guitarristas da história do rock.
Ele não reivindica a paternidade da criação, mas não se lembra de conhecer ninguém que porventura o tenha antecedido. A intenção dele era ter uma maior facilidade para se apresentar.
Evento: 1º Festival de Música Internacional de Goiás (Figo)
Data: De hoje a domingo
Local: Goiânia – Teatro Goiânia (Avenida Tocantins, esquina com Rua 23, Centro); Pirenópolis – Teatro do Centro Cultural da UFG (Praça Universitária); Teatro Pireneus (na Rua do Largo do Rosário); e no Cine Teatro Pireneus (Rua Direita, s/nº - Centro), em Pirenópolis
Entrada franca
Mais informações: 3201-9857
Leroy Jones em Goiânia
16 de agosto de 2013 (sexta-feira)
O trompetista Leroy Jones: músico toca hoje na capital
O trompetista norte-americano Leroy Jones, uma das forças do jazz de New Orleans (EUA), se apresenta hoje, a partir das 22 horas, no Teatro Goiânia, ao lado da cantora Topsy Chapamn, que interpreta soul, gospel e blues.
A abertura da programação será com o Grupo de Sussa da Comunidade Kalunga Vão do Moleque, que fará leituras das tradições africanas e suas simbologias peculiares. Em seguida, haverá o show de Diones Correntino Quarteto, formado pelo pianista que dá nome ao grupo, Bruno Rejan (baixo), Guilherme Santana (bateria) e Foka (saxofone). Outra atração é a musicista Elen Lara, que passeia com desenvoltura do popular ao erudito.
1.378276
Entrevista/Hamilton de Holanda
“Precisamos ter mais festivais”
16 de agosto de 2013 (sexta-feira)
Como foi seu encontro com o bandolim, um instrumento tão incomum?
Na verdade esse encontro foi dele comigo, não meu com ele. Nasci em uma família musical, meu pai é músico, meu irmão também e nossos brinquedos, vamos dizer assim, na época, eram os instrumentos. Lá em casa tinha cavaquinho, violão, percussão... E meu avô me deu um bandolim, nem sei por quê. Ele morreu sem me dizer. Só sei que acabou virando a extensão da minha alma. Foi isso, um encontro familiar.
Quais foram suas influências?
Várias. Foram e ainda são, porque na verdade isso nunca acaba. Inicialmente minha influência foi o choro, que é a base do meu aprendizado na música. Gosto muito de Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Armandinho Macedo, Joel Nascimento, Hermeto Pascoal, Heriberto Porto, Baden Powell e Milton Nascimento. Tem também a música erudita, porque estudei composição, então, gosto muito de compositores como Villa-Lobos e Johann Sebastian Bach. Não posso também deixar de falar do jazz, que é uma música que escuto muito até hoje, e do flamenco, por conta dos grandes violonistas. Partindo do choro, e sabendo que sou nascido no Brasil e sou do mundo, tenho a cabeça e o coração abertos para todo tipo de música.
Como está o cenário da música instrumental brasileira?
Acho que vem crescendo, mas ainda é preciso buscar novos espaços. É uma música que exige certo tipo de concentração, não tem uma letra para acompanhar, são coisas específicas, porém, quando você chega a qualquer país do mundo, as pessoas entendem o que está fazendo. No Brasil, o gênero cresce, mas ainda falta espaço. Precisamos ter mais festivais. Sinto a galera jovem curtindo, a fim de aprender a tocar um instrumento, isso por si só aumenta a quantidade de público. Enfim, é algo que precisa ser sempre pensado da parte dos músicos, produtores e também da iniciativa pública e privada.
Existem muitos preconceitos com a música clássica?
Nem tanto preconceito, é falta de saber que existe mesmo. Cito um exemplo: convidei um vizinho para assistir a um show meu e no final da apresentação ele me procurou emocionadíssimo e falou: “Meu amigo, me desculpe a ignorância, mas nem sabia que as pessoas se sentavam para assistir um show onde só se toca, mas fiquei muito emocionado e quero ver mais.” Isso demonstra que às vezes as pessoas nem sabem que isso faz parte da cultura do Brasil e que é forte.
Como tem sido o retorno do investimento que você fez na sua carreira tanto no Brasil como fora?
Atualmente toco mais no Brasil do que fora. Já tem 15 anos que iniciei minha carreira artística internacional, foi quando acordei e atentei para o momento que precisava sobreviver de música, então, quando comecei a estudar, imaginar como seria meu futuro, já pensava “sou brasileiro, mas sou do mundo, minha música pode viajar todos os países”. Me dá orgulho pisar fora do País e chegar no palco e dizer “essa música é do Brasil”. É sempre motivador viver do bandolim, tocando pelo Brasil e pelo mundo.
Pela sua experiência, qual a diferença do tratamento dado à música instrumental no exterior em relação ao que acontece no Brasil?
É uma questão de tempo de convivência que as pessoas têm com esse tipo de música. Imagine a Europa, onde já tem música de Bach e Beethoven, há quantos anos as pessoas convivem com essa linguagem musical? O Brasil é um país jovem e a cultura brasileira ainda está inventando muitas coisas, principalmente porque misturamos muito, somos frutos da miscigenação, a Europa já se estabeleceu como continente e o Brasil está construindo sua história. Vamos continuar buscando o que é daqui mesmo, sem xenofobia, ouvindo as coisas boas de fora, mas fortalecendo a linguagem e a personalidade brasileiras.
1.378277
The Soul Rebels e Wagner Tiso em Pirenópolis
16 de agosto de 2013 (sexta-feira)
A grande atração no encerramento da noite de amanhã em Pirenópolis, a partir das 23 horas, é o grupo norte-americano The Soul Rebels, no palco montado no Teatro Pireneus. O grupo é formado pelos músicos Lumar Leblanc (percussão e vocais), Derrick Moss (percussão e vocais), Julian Gosin (trompete, percussão e vocais), Marcus Hubbard (trompete e vocais), Edward Lee Jr. (sousafone, percussão e vocais), Corey Peyton (trombone, percussão e vocais), Paul Robertson (trombone e vocais) e Erion Williams (sax tenor e vocais).
No domingo, último dia do festival, além do show do trio de Hamilton de Holanda, o destaque é o show do maestro, arranjador e pianista mineiro Wagner Tiso, que vai se apresentar ao lado do guitarrista Victor Biglione e do contrabaixista goianiense Bororó, que fez a abertura do Figo ao lado do Quarteto Brasil na quarta-feira.
O encerramento será feito pelo grupo Blues Etílicos, que é formado por Flávio Guimarães, Greg Wilson, Otávio Rocha, Pedro Strasser e Cláudio Bedran. Outro destaque da programação no domingo é a banda goiana de blues The Not Yet (TNY), que tem uma trajetória de 20 anos.
1.378273
Programação
16 de agosto de 2013 (sexta-feira)
Goiânia
Hoje
19h – Grupo de Sussa da Comunidade Kalunga Vão do Moleque, no largo em frente ao Teatro Goiânia
20h – Diones Correntino Quarteto, no Teatro Goiânia
21h10 – Elen Lara Trio, no Teatro Goiânia
22h20 – Leroy Jones Quintet e Topsy Chapman (EUA), no Teatro Goiânia
Pirenópolis
Amanhã
19h – Grupo Boi do Rosário, no largo em frente ao Teatro Pireneus
19h45 – Black Cia, no Cine Pireneus
20h30 – Orquestra de Sopros e Percussão do Cerrado convida Gilson Peranzzetta, no Teatro Pireneus
21h15 – Bodes e Elefantes, no Cine Pireneus
22h – Vida Seca, no Palco Rua do Largo do Rosário (Rua do Lazer)
23h – The Soul Rebels (EUA), no Palco Rua do Largo do Rosário
Domingo
16h – Trovadores dos Pireneus, no Teatro Pireneus
17h – Alpha Macacos, no Teatro Pireneus
17h45 – Heretic, no Cine Pireneus
18h30 – Wagner Tiso, Victor Biglione e Bororó, no Teatro Pireneus
19h15 – Hamilton de Holanda Trio, no Cine Pireneus
20h – TNY, no Palco Rua do Largo do Rosário
21h – Blues Etílicos, no Palco Rua do Largo do Rosário