Para o poeta e produtor cultural Kaio Bruno Dias, 23 anos, dependendo da área de atuação, um coletivo cultural pode ter maior ou menor dependência de dinheiro para se viabilizar. Estudante de Letras, ele fundou o coletivo e selo literário Letra Livre, focado em literatura.
No caso do Letra Livre, os custos são baixos, embora ele reconheça que ninguém sobrevive do trabalho no grupo. “Isso explica por que as pessoas o deixam com o tempo, para se dedicar a uma atividade de renda”, arrisca. A viabilização de produção de livros, segundo ele, também depende da aprovação em leis de incentivo cultural, o que efetivamente já se concretizou.
“Um coletivo literário é rotativo. Não tem membros fixos, porque escritores vêm e vão. Por isso, no Letra Livre, nem adotamos a votação por uma questão de praticidade”, argumenta. Entre projetos já colocados em prática está o Literatura no Eixo, dentro dos ônibus biarticulados do Eixo Anhanguera.
Em grupo de cinco ou seis pessoas, membros do coletivo entram nos veículos declamando ou cantando ao violão poesias e distribuindo gratuitamente livros. “Uma vez, depois da proibição de venda de produtos no Eixo, um dos fiscais não entendeu e parou o ônibus para descermos. O melhor pagamento foi a reação dos passageiros, que nos defenderam”, lembra Kaio.
Respeito
Nascida dentro da Fábrica de Cultura Coletiva, a produtora Panaceia Filmes – marca cada vez mais respeitada no meio – é exemplo de um coletivo que se viabilizou e se projetou a partir de outra plataforma de coletivos. “Embora hoje a gente tenha nosso escritório próprio, não deixamos a Fábrica para trás. De uma forma geral, acho que as pessoas fora do contexto têm entendido o conceito de um coletivo cultural”, acredita Ludielma Laurentino, 24 anos, produtora audiovisual da Panaceia.
Ao lado dela estão os também produtores Larissa Fernandes, 25, Lidiana Reis, 24, e Jarleo Barbosa, 27, este último diretor de filmes premiados como o curta-metragem Julie Agosto Setembro, todos egressos do curso de audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG). O embrião da Panaceia nasceu de uma ideia de Jarleo, hoje morando em São Paulo para fazer uma especialização na área, quando eles ainda eram acadêmicos da UEG.
“No cinema não tem como existir sozinho. Não vemos outras produtoras como concorrentes. Nossa meta sempre foi trabalhar com cinema autoral, sem buscar o mercado publicitário”, afirma Ludielma. O propósito, segundo ela, nunca foi o de “agradar o gosto do cliente”.
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