Um goiano na Cinemateca

O professor goiano Lisandro Nogueira vai assumir uma das principais instituições dedicadas à promoção e à preservação do cinema no País, a Cinemateca Brasileira, do Ministério da Cultura, sediada em São Paulo. A escolha do nome de Lisandro foi divulgada ontem, pelo Ministério da Cultura. Professor de cinema da Universidade Federal de Goiás, ele é comentarista de cinema da TV Anhanguera e coordenador do Café de Ideias do Centro Cultural Oscar Niemeyer.

O nome de Lisandro Nogueira foi escolhido após uma reunião entre a ministra da Cultura, Martha Suplicy, e os membros do Conselho da Cinemateca, realizada na segunda-feira, para definir um novo diretor para a instituição. “É o coroamento de uma trajetória de mais de 30 anos dedicados ao estudo e à promoção do cinema. Vou fazer uma gestão na Cinemateca Brasileira que vai contribuir para elevar ainda mais o cinema nacional. Tenho um projeto muito bom para essa gestão”, comentou o professor acerca da nomeação.

“Quem me deu isso, de certo modo, foi Goiás, porque fiz todo a minha carreira aqui e isto foi reconhecido. Considero que esta também é uma vitória para o audiovisual em Goiás”, acrescentou. Lisandro Nogueira fez mestrado em cinema e televisão pela Universidade de São Paulo e doutorado em cinema e jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Ele adianta que pretende, antes de assumir a função, atualizar-se sobre a situação da Cinemateca, conforme acertado com o Ministério da Cultura, o que deve ser feito numa viagem na próxima semana a São Paulo. “Eu conheço bem a instituição. Nos anos 80, quando ajudei a criar o Centro de Documentação do Grupo Jaime Câmara, uma referência no Centro-Oeste, contei com o auxílio técnico da Cinemateca”, explicou. A posse oficial do cargo está prevista para novembro.

Projetos

Seus primeiros planos à frente da instituição são dar continuidade ao trabalho de preservação e restauração da instituição. “Em seguida, pretendo agilizar o processo de digitalização do acervo, agregar os cineastas brasileiros em torno da cinemateca e incrementar o trabalho de documentação e informação”, adiantou Lisandro Nogueira. No aspecto da difusão, outro pilar da Cinemateca, ele acrescenta que vai promover a realização de seminários e cursos, além de promover várias mostras de cinema. “É algo que eu gosto muito de fazer e a Cinemateca tem um acervo incrível”, comenta.

O professor goiano minimizou os problemas que a instituição tem passado desde o início do ano e que a deixaram sem um diretor. “Acredito que esta crise foi apenas administrativa. A Cinemateca tem prestado um serviço extraordinário na preservação, documentação e difusão de cinema, suas principais atribuições, e continua sendo considerada uma das melhores do mundo. Ela tem um patamar internacional”, elogia. Segundo o ele, o Ministério da Cultura, através da ministra Martha Suplicy, tem um “compromisso de regularizar o repasse de verbas para a Cinemateca, uma instituição federal”. Além disso, acredita o novo diretor, a própria Cinemateca tem condições de buscar recursos de várias formas através da Sociedade de Amigos da Cinemateca.

Sobre suas atividades em Goiás, Lisandro Nogueira explicou que será colocado à disposição da Cinemateca pela UFG. “Isso é simples porque ambas são de nível federal. Quanto ao Café de Ideias fui convidado pelo professor Nasr Chaul (diretor do Centro Cultural Oscar Niemeyer) para continuar no projeto, mas apenas como curador”, adiantou. Ele acrescentou que a mostra de cinema O Amor A Morte e As Paixões, realizada em parceria com o Cine Lumière, continuará em 2014 e a data prevista é o carnaval.

Lisandro Nogueira foi escolhido entre quatro indicados para o cargo: Anita Simis, professora de sociologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que estuda as áreas de indústria cultural, produção independente e política cinematográfica; a jurista Célia Whitaker, que coordenou a ONG de Meio Ambiente Ecom - Ecologia e Meio Ambiente, e Olga Futemma, pesquisadora e cineasta, que estava na função de diretora interina da Cinemateca. Os nomes foram referendados no sábado, 30 de setembro, após uma crise na instituição que se arrastava desde o início do ano, quando o então diretor Carlos Magalhães foi exonerado do cargo.