Busca por vagas fora de Goiás

Procura por cursos em outros Estados é grande e educadores apontam série de motivos. O vestibular transformou-se em porta de saída para jovens estudantes goianos, que deixam suas casas e suas famílias e partem para as mais diferentes regiões do País, em busca de oportunidades de estudo e, depois, de trabalho. Vários fatores contribuem para essa mobilidade intensa de vestibulandos pelo Brasil, entre eles o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Segundo dados do Ministério da Educação, 41% dos 1.642 estudantes que fizeram inscrição em Goiás farão cursos em outros Estados. A média nacional de estudantes que procuraram sair do Estado em que residem foi de 13%.

O porcentual em Goiás é maior do que o constatado em 2012, quando 39% optaram por sair do território goiano. O diretor do Colégio Protágoras, Marcos Araújo, comenta que o Sisu abriu novas oportunidades para os alunos. “Hoje os alunos conseguem passar em outras cidades que eles não tinham pensado em prestar vestibular”. O motivo é que, com um processo de seleção único, os alunos podem verificar em quais das universidades federais conseguem entrar.

Professores das mais diversas escolas do ensino médio são unânimes em dizer que cada vez mais estudantes procuram instituições fora de Goiás. Entre os motivos apontados estão a busca por instituições mais renomadas, nova experiência de vida, a pouca oferta de vagas no Estado, facilidade de financiamento, além d a dinâmica do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

E para estes estudantes, que passaram recentemente pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a maratona de provas está apenas começando (veja quadro). É o caso de Jéssica Peixoto Aquino, de 18 anos, que fará exames em todos os fins de semana deste mês. Seu foco é São Paulo, mais especificamente os cursos de Direito do tradicional e renomado Largo de São Francisco - da Universidade de São Paulo (USP)-, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ela comenta que, apesar de também prestar o processo seletivo da Universidade Federal de Goiás (UFG), que ela considera de excelente qualidade, ir pra São Paulo pode ser um diferencial em sua carreira profissional. “O curso de Direito abre um bom mercado, mas em São Paulo existem mais possibilidades, até mesmo em empreendedorismo. É mais aberto o leque de opções.” Outro ponto citado por ela é o círculo de contatos que ela pode ter na maior cidade do País. “Sempre achei que o fato de ser formado na Largo (de São Francisco) tem seu peso. Tem o papo de corredor, você vai com certeza conhecer pessoas que se tornarão ministros.”

Além disso, ela diz que ir para uma cidade cosmopolita como São Paulo também contribui para uma nova visão de mundo, que, se não tem uma ligação direta com a formação profissional em si, possibilita uma mudança de pensamento.

Outros pontos

O peso do nome de uma instituição tradicional também é apontado pelo diretor do colégio Integrado Jaó, Marcos das Neves Tucano. Ele cita o caso da USP na área de engenharia. “A USP é o grande objeto de consumo de quem quer engenharia, principalmente mecatrônica e civil. O diploma de lá tem um peso muito grande. USP em engenharia seria nossa Harvard. A concorrência é um pouco maior, mas não é tão difícil.”

O membro do Conselho Estadual de Educação, Marcos Elias Moreira, ressalta que é natural que haja no processo social uma atração da “periferia para o centro”, que faz com que estudantes queiram ir para grandes centros. “Isso é uma tendência que existe, mais ou menos generalizada.” Outro ponto que favorece os goianos é a questão da localização geográfica. “Goiás está no centro do País. É mais fácil o deslocamento.”

Fonte: O Popular