2 anos à espera do capítulo final

Dois anos depois do acerto para equilibrar as contas da Celg, ainda não há previsão para a etapa final da operação, a transferência oficial de 51% das ações da companhia à Eletrobras. A expectativa do governo goiano era bater o martelo sobre o valor da distribuidora ainda este ano, mas a estatal federal não concluiu o novo relatório de precificação da Celg D.

No dia 24, o governo estadual encaminhou à Eletrobras o novo laudo da Fundação de Apoio à Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (Funape-UFG), com avaliação da companhia que leva em conta o vencimento da concessão em 2015 e o aporte de R$ 1,9 bilhão previsto para os próximos meses, oriundo de empréstimo.

O governo se recusa a informar o valor apontado pela Funape, alegando que ainda aguarda o relatório da Eletrobras. A estatal federal ainda não tem o novo laudo, a ser feito pela Deloitte. A questão da recontratação da empresa teria atrasado o cronograma estabelecido em reunião no Ministério de Minas e Energia no dia 31 de outubro.

Apenas depois que a Eletrobras apresentar a revisão do valor é que os envolvidos poderão finalizar as conversas sobre o preço das ações. Na sexta-feira, técnicos da CelgPar (holding), Celg D, do governo goiano e da Eletrobras se reuniram para começar a discutir o valor apresentado pela Funape.

Havia, por parte do governo goiano, uma esperança de que os valores da avaliação da fundação fossem acatados, afastando a necessidade de esperar a conclusão do laudo da Deloitte. Nos bastidores, no entanto, os próprios governistas consideram remota a possibilidade.

A última e principal etapa da operação Celg – a transferência das ações – está travada desde o primeiro semestre por conta da disparidade nos valores apresentados nos primeiros relatórios da Funape e da Deloitte . É que o primeiro levou em conta a provável prorrogação da concessão da Celg por mais 30 anos, colocando uma variação de R$ 4,9 bilhões a R$ 5,3 bilhões pela companhia. Já o segundo considerou apenas o vencimento, em 2015, estabelecendo valor simbólico pelas ações.

Em 31 de outubro, o governador Marconi Perillo (PSDB) e representantes dos órgãos envolvidos na negociação tiveram audiência com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para avançar em direção a um consenso. Ficou definido prazo de dez dias para acerto de novas premissas da avaliação, além de avanços no empréstimo de R$ 1,9 bilhão à CelgPar para aporte na companhia.

O governo goiano e a CelgPar afirmavam que o aporte teria de ser feito ainda em 2013 por conta da necessidade de investimentos da distribuidora.

Expectativa

Novo secretário da Casa Civil, José Carlos Siqueira, que foi designado representante do governo estadual nas negociações com a Eletrobras desde o mês passado, disse acreditar que será possível fechar o valor e oficializar a transferência das ações em janeiro. “Nosso esforço é nesse sentido. Já avançamos muito em aparar arestas”, afirmou.

Em 16 de dezembro, o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, disse em entrevista coletiva que a federalização ocorrerá no início de 2014.

Segundo ele, o aporte de R$ 1,9 bilhão só será feito após o fechamento do acordo para a transferência da maioria do capital acionário. A Assembleia Legislativa aprovou este mês a autorização para captação do empréstimo. De acordo com o governo, os recursos servirão para equacionar o patrimônio líquido da distribuidora, liquidar suas obrigações, reestruturar o passivo financeiro, reduzir o comprometimento de suas receitas com financiamentos, implementar seu fluxo de caixa para investimentos em ampliação e melhoria da distribuição de energia e valorizar a participação acionária do Estado junto a Celg.

Siqueira afirma que o aporte permite uma previsão de investimentos “bem relevantes” na Celg em 2014.

Estado pode vender ações da companhia

Com os avanços nas negociações para a federalização da Celg, crescem as especulações de que o governo goiano estaria disposto a vender sua participação acionária na companhia. Após o acordo com a Eletrobras, o Estado ficará com 49% das ações.
 
O secretário da Fazenda, José Taveira, disse ao Giro na semana passada que o aporte de R$ 1,9 bilhão na Celg deixará positivo o patrimônio líquido da empresa. Além disso, a provável renovação da concessão por mais 30 anos garantirá a valorização da companhia. Segundo ele, a venda ainda é “uma ideia no governo”.
O secretário José Carlos Siqueira, que está à frente das negociações com a Eletrobras, também afirma que não há nenhuma decisão sobre a venda. Mas afirma que, se a Eletrobras decidir privatizar a distribuidora, vendendo os 51% a que terão direito, as chances de o governo estadual também vender aumentam. 

“A prorrogação da concessão por mais 30 anos muda fortemente o perfil, a atratividade da empresa e inclusive a valorização das ações. Se a União, com a reestruturação da companhia, pensar em privatizar, poderia ser muito interessante na mesma oportunidade colocar os 49% à venda. Agora, é algo que não está discutido ainda. Não há nenhuma determinação nesse sentido”, diz Siqueira.

Fonte: O Popular