Tempo de tv dá destaque a pequenos

13 de janeiro de 2014.

 

As estruturas partidárias devem ser elemento decisivo na definição de alianças para a disputa eleitoral deste ano, com destaque para o tempo de propaganda no rádio e televisão. É a previsão de cientistas políticos, que avaliam que as organizações partidárias têm se aproximado do método adotado por empresas e, cada vez mais, avaliam o que a outra sigla oferece ao decidir compor uma coligação, em detrimento da ideologia partidária.

O tempo de televisão, segundo o cientista político e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Flávio Testa, dará destaque a pequenos partidos, a exemplo dos novos PROS e Solidariedade (SDD), que foram registrados no ano passado e, juntos, já entram no processo eleitoral com mais de dois minutos de tempo no rádio e televisão (veja quadro). No caso deles, ainda considerados pequenos, as lideranças também contribuem para a valorização do passe em uma composição. “Eles serão cortejados (pelos partidos maiores) pelo tempo de TV, mas também pelo que já conseguiram agregar de representação. O PROS, por exemplo, tem o governo do Ceará na mão, tem senador. Tem o que oferecer, além do tempo de propaganda e o fundo partidário. Seu poder de barganha pode render um ministério”, avalia Testa.

De acordo com a cientista Denise Paiva, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), em geral os partidos buscam, com as coligações, maximizar suas oportunidades nas eleições. “No caso dos partidos pequenos, eles buscam, nas eleições proporcionais, partidos maiores que aumentem a chance de eleger seus candidatos – pelo quociente eleitoral. Nas majoritárias, buscam os que têm máquinas partidárias maiores, maior chance de eleição, com vistas a compor o governo, com a vitória”, diz.

“Os pequenos, que têm menor tempo, se beneficiam da aliança porque, como dificilmente teriam destaque, aliando-se aos maiores ficam na espera de uma sobra de poder. Acabam ganhando alguma secretaria ou presidência de algum órgão”, complementa o pesquisador da UnB. No caso dos partidos que não possuem tempo de TV, os cientistas defendem que as lideranças com penetração em segmentos da sociedade é o que os tornam atraentes para os maiores.

Mas se a estrutura partidária – com o número de filiados, tempo de televisão e fundo partidário – é elemento considerado na definição de alianças, a ideologia há muito deixou de ser uma variável que define a aproximação. “A ideologia partidária não é elemento central, não só nas coligações, como também nas coalisões de governo. Basta observar a base de Dilma Roussef, seus aliados”, comenta Denise.

Para Testa, a falta de afinidade ideológica é um dos pontos que aproxima as organizações partidárias das administrações empresariais. “Não existe ideologia. O discurso, o programa do partido, são até muito bonitos. Mas a ideologia dos partidos, hoje, é o poder. É o que todos buscam. Tanto é que assistimos aí alianças que eram inconcebíveis há 10 anos”, define. “São como as grandes empresas, que buscam resultado e não fazem nada fora desse objetivo”, completa.

Fonte: O Popular