Indefinição pode beneficiar tucano

Cientistas políticos avaliam que dificuldade da oposição em afunilar escolha de candidatos acaba favorecendo projeto de reeleição do governador

Daniel Gondim 02 de março de 2014 (domingo)

Em contagem regressiva para as eleições de outubro, os possíveis candidatos à disputa pelo governo do Estado dão as últimas cartadas para se viabilizarem para o duelo eleitoral. De um lado, o governador Marconi Perillo (PSDB) ainda reluta em confirmar a candidatura à reeleição, embora dê todos os sinais de que será o nome da base aliada. Na oposição, a indefinição e a possibilidade de candidaturas separadas de PT e PMDB, além do nome do ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso (PSB) são fatores que podem favorecer o tucano na disputa.

“Nesse cenário, o governador pode ser encarado como favorito por motivos como a capilaridade junto a prefeitos do interior ao levar obras e benefícios. Além disso, pode contar com o que chamamos de inércia para a reeleição”, avaliou o professor do programa de Mestrado em Ciência Política da Universidade Federal de Goiás (UFG), Franck Tavares.

Segundo Franck, a “inércia para a reeleição” seria justamente a vantagem de Marconi, que já está no cargo e pode usufruir da visibilidade natural que o cargo oferece, algo que os outros nomes não têm (veja quadro). Pesa a favor também os problemas internos da oposição, que podem favorecem o governador.

“Todo o jogo da oposição ainda consiste em viabilizar a aliança entre PT e PMDB e isso é que vai definir os próximos passos. Foi colocado, porém, uma interrogação sobre a definição interna do PMDB, que ainda não aconteceu. No frigir dos ovos, há uma única definição, que é na base situacionista”, avaliou o cientista político e professor na faculdade de Ciências Sociais da UFG, Pedro Célio Alves Borges.

A análise dos cientistas políticos (veja quadro) é um alerta para que a oposição resolva os problemas internos a tempo de o bloco ter chances reais de disputar a eleição com o governador. A pouco mais de três meses para o início das convenções partidárias, o grupo ainda vê uma forte disputa interna no PMDB entre o empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, e o ex-governador Iris Rezende, o que levou a encorajar uma candidatura própria do PT, com o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide.

Na outra ponta, Vanderlan mantém a busca por viabilidade da terceira via, criada na eleição municipal de 2012, mas que perdeu força ano passado, depois da filiação da ex-senadora do Acre Marina Silva ao PSB. A chegada dela ao partido para reforçar a candidatura à Presidência do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, veio recheada de críticas a um aliado do ex-prefeito de Senador Canedo, o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), que, por causa disso, optou por deixar a aliança.

Para Franck Tavares, o enfraquecimento diminui muito as chances de Vanderlan. “A candidatura do Vanderlan é, nesse momento, para marcar posição e para que ele continue existindo como uma liderança política. Não é uma candidatura competitiva para o Estado neste momento. Ele não tem recursos de militância, dinheiro, tempo de TV e capilaridade”, analisou.

Caso Vanderlan não consiga mesmo dar força para sua candidatura, PT e PMDB serão as únicas opções da oposição para vencer a eleição de outubro. Para o professor Pedro Célio Alves, mesmo com os dois partidos falando em candidaturas próprias, a tendência de ambos ainda é buscar uma união.

Nesse quadro, a postura de Marconi de esconder a candidatura soa como “cautela excessiva”, segundo Franck Tavares. “No fim, todo o mundo político sabe que ele é candidato. Ele aprendeu com um colega de partido, o José Serra, que só anunciava candidatura no último minuto. No caso do Marconi, ele não tem muito a ganhar”, avalia.

Fonte: O Popular