Goianiense aprova Copa, mas não espera benefícios ao País

58% dos homens são a favor de evento mundial no País. Já entre as mulheres, índice é de 52%

Vandré Abreu 11 de março de 2014 (terça-feira)

A maioria da população de Goiânia apoia a realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, mesmo sem acreditar que o evento trará qualquer benefício para o País. Segundo pesquisa realizada pelo Grupo Fortiori no final de fevereiro, com 412 entrevistas em 73 bairros da capital, os goianienses ainda são contra as manifestações populares desfavoráveis à Copa e não pretendem ir às ruas. Em contrapartida, quanto mais velhos os entrevistados mais contrários à Copa, mas quanto mais jovens, mais propensos a se manifestar.

De acordo com os dados, quem mais aprova a Copa são os homens. Dentre os entrevistados masculinos, 58% querem o evento no Brasil e 38% são contra. Já entre as mulheres, 48% são contra. Segundo o historiador e sociólogo da Universidade Federal de Goiás (UFG), Elias Nazareno o número deve refletir o maior desinteresse por futebol pelas mulheres. “É uma questão até histórica mesmo, embora o número não reflita isso necessariamente.”

Já em relação aos mais jovens, entre 16 e 24 anos, serem os mais favoráveis à realização do evento, Nazareno interpreta que esta faixa da população tem um nível maior de interesse a novidades, de conhecer pessoas e culturas novas, de outros países. “É mais difícil pessoas acima de 50 anos terem esse tipo de interesse, eles associam a Copa a outras coisas”, diz o historiador. A pesquisa também verificou as escolaridades dos entrevistados. Nesta estratificação, aqueles com ensino superior são mais contrários ao evento.

Estes com ensino superior também são aqueles que se dizem propensos a ir às ruas para manifestações contra a realização da Copa no Brasil, com 27%, seguidos por aqueles que possuem segundo grau, com 24%. Em relação à faixa etária, são os mais jovens quem devem ir às ruas, já que 21% dos entrevistados disseram que pretendem participar das manifestações. O relatório também mostra uma contradição. Mesmo sendo a população mais favorável à realização da Copa, os mais jovens também são aqueles que mais pretendem ir às ruas, com 41% dos entrevistados.

De acordo com Elias Nazareno, a contradição indica que os mais jovens querem a Copa por ser uma novidade cultural, mas também pretendem se manifestar. “É o normal dos mais jovens, que querem lutar por melhores condições de vida. É uma maior exigência do que se espera do Estado. Talvez não seja uma manifestação em relação à Copa em si, mas pelos serviços públicos que estão ruins.” Segundo o professor, as manifestações indicam que alguns setores da população estão mobilizados, mas não toda ela.

Em janeiro deste ano, um grupo de manifestantes se reuniu no Centro da capital para um protesto contra a Copa do Mundo. A manifestação ocorreu do Teatro Goiânia, na Avenida Anhanguera, até o Palácio Pedro Ludovico Teixeira, na Praça Cívica. A passeata foi considerada pacífica pelas autoridades policiais e contou com cerca de 100 pessoas. Nenhum evento da Copa está marcado para a capital. Apenas um amistoso da Seleção Brasileira, contra o Panamá, no dia 3 de junho, ocorrerá no Estádio Serra Dourada.

Fonte: O Popular