UFG faz despedida de avaliação

Prova da segunda fase realizada ontem é a última da instituição, que passa a adotar o Sisu em 2015

Cleomar Almeida 10 de junho de 2014 (terça-feira)

 

A Universidade Federal de Goiás (UFG) se despediu ontem do vestibular, para adotar, integralmente, a partir do próximo ano, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) como método de preenchimento das vagas de seus cursos. O último processo seletivo tradicional contou com a participação de 1.681 candidatos. Faltaram à segunda etapa da prova 535 dos 2.216 classificados. Em todo o País, 71 instituições de ensino superior federal ou estadual usam o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para selecionar os inscritos.

 

A mudança do método de seleção de candidatos levanta opiniões divergentes. Candidatos oriundos de escolas públicas consideram que o Sisu pode democratizar o acesso ao ensino superior. Já os que cursaram ou concluíram o ensino básico na rede privada discordam, alegando que, como o Enem é uma “prova abrangente e generalista”, o nível de exigência da seleção vai cair. A polêmica teve início em 2012, ano em que a UFG reservou 20% de suas vagas ao Sisu. No ano passado, manteve o mesmo porcentual e, no início deste ano, passou para 50%.

 

Apesar de nem todas as universidades terem adotado integralmente o Sisu como forma de ingresso no ensino superior, o novo método parece um caminho sem volta. Para classificar os candidatos, no total, 7 instituições de ensino usam a nota do candidato, no Enem, no Centro-Oeste; 10, no Norte; 12, no Sul; 19, no Sudeste; e 23, no Nordeste brasileiro. O frio na barriga no dia da prova do vestibular e a apreensão pelo resultado tradicional agora vão girar em torno do Enem. Quanto maior a nota, maior também será a chance de concorrer a uma vaga pelo Sisu.

 

O Sisu também é promessa de redução de custos, já que a taxa de inscrição do Enem é menor que a do vestibular tradicional e muitos candidatos de baixa-renda conseguem a isenção do valor, conforme explicou o presidente do Centro de Seleção da UFG, Wagner Wilson Furtado. Ele conta que, em cada processo seletivo, a UFG arrecadava, em média, R$ 3 milhões, com o pagamento das inscrições, para investir em toda a logística de produção e aplicação do vestibular. Tudo com o empenho de cerca de 160 professores, distribuídos na elaboração e correção da prova, disse ele.

 

Por causa da adoção do Sisu, o mutirão de professores não será mais deslocado para a realização do vestibular. “Eles não estarão mais preocupados com o vestibular e, portanto, devem se dedicar mais às atividades de produção acadêmica”, destacou o presidente do Centro de Seleção da UFG. “Operacionalmente, o processo seletivo é muito caro. Caro no sentido de que a gente também desloca o professor para o centro de seleção, durante um ou dois meses, para poder elaborar e corrigir essas provas. Para a universidade, esse desgaste é grande”, analisou Furtado.

 

Reserva

 

Com o fim do vestibular, indígenas terão mais oportunidades de cursar o ensino superior em Goiás, já que continuará em vigor o programa UFGInclui, que reserva vaga para indígena e quilombola, e o Sisu também tem cotas destinadas para índios. O sistema unificado permite que as instituições de ensino tenham seus próprios processos de inclusão. O cronograma de atividades acadêmicas vai seguir normalmente e só haverá alteração se atrasar a divulgação do Enem, com a respectiva abertura das inscrições pelo Sisu.

 

O reitor da UFG, Orlando Afonso Valle do Amaral, reconheceu que a prova do Enem tem cunho mais “genérico e interdisciplinar”, se comparada com a dos vestibulares tradicionais. Ele ressaltou, contudo, que a prova tradicional da UFG já vinha sendo adaptada nos últimos anos, com o intuito de ter mais semelhança com o exame nacional. “A UFG já tinha feito este movimento de considerar a interdisciplinaridade”, afirmou ele.

 

O candidato oriundo de escola pública, na avaliação de Amaral, terá condições mais favoráveis de competir com um estudante da rede privada, por causa do Sisu. “Mas se a escola pública não melhorar a qualidade do ensino, o aluno ainda vai continuar com dificuldade de competir de qualquer maneira. Espero que a escola pública melhore para o aluno poder competir em condições de igualdade”, acentuou.

Fonte: O Popular

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