Entre caminhos fotográficos
Paula Sampaio promove palestra e workshop sobre trabalho autoral realizado nas rodovias Belém-Brasília e 230
sexta-feira, 6 de junho de 2014
Clenon Ferreira
Ao longo de dois meses, fotógrafos de todos os cantos do Brasil vieram para Goiânia e realizaram uma verdadeira troca de experiências através do Projeto F5, promovido pela WA Imagem – Fotografia e Produção Cultural. Para encerrar a primeira edição do circuito de palestras e workshops, a fotógrafa mineira Paula Sampaio dá uma palestra gratuita hoje, no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG), às 20h. Além disso, no sábado e domingo, ela conclui o roteiro de workshops na galeria da WA Imagem.
Foram ao todo quatro palestras com renomados fotógrafos brasileiros: Cláudio Edinger, Valdemir Cunha, João Ripper e Lucille Kanzawa. Todos, de alguma forma, falaram sobre a fotografia sob diferentes olhares: enquanto o primeiro se preocupou em reiterar a produção autoral e de livros fotográficos, o outro falou sobre a construção da imagem e projetos de fotografia e sobre a poética e identidade na fotografia artística.
Para este último encontro do Projeto F5, a mineira Paula Sampaio promove um relato de suas experiências, com um resumo de projetos e ensaios realizados oir ela na Amazônia nos últimos 20 anos. Formada em Comunicação Social(UFPA) e especialista em Semiótica (PUC/MG), optou pelo fotojornalismo e documenta processos de migração/colonização na Amazônia a partir do cotidiano de comunidades que vivem às margens de grandes projetos e estradas, principalmente nas rodovias Belém-Brasília (BR-153/010) e Transamazônica (BR-230).
Seus trabalhos já foram premiados pela Funarte/RJ; Fundação Vitae, Prêmio Porto Seguro Brasil Fotografia/SP; Mother Jones Fund for DocumentaryPhotography/EUA; FRM, Fundação Ipiranga. Além disso, recebeu distinções do Iphan,HumanityPhotoAward/China, Instituto Marc Chagall , Finep, entre outros. Possui obras nas coleções do MAM/SP, Masp/Pirelli, MACRS, Fundação Biblioteca Nacional /RJ, Enciclopédia Itaú Cultural, Joaquim Paiva, Fundación Comillas e ProDocumentales /Espanha, FiftyCrows/EUA, Tafos/Peru.
De acordo com Paula, na palestra, ela vai utilizar exercícios lúdicos de autoconhecimento e envolvimento com o outro, tendo a fotografia como linguagem mediadora. O que ela quer é provocar os participantes a pensarem a fotografia e seus processos e aplicações e nas possibilidades e desafios das chamadas “escolhas fotográficas”.
Já no workshop, haverá uma saída fotográfica-relâmpago e uma leitura coletiva de portfólio, além da apresentação de uma breve trajetória de quatro fotógrafos brasileiros que conseguiram realizar seus ensaios e projetos de forma inspiradora. “Trata-se de um roteiro para qualquer pessoa interessada em pensar ou viver da fotografia”, ressalta.
Desde 1990, Paula realiza projetos e ensaios de fotografia sobre as migrações na Amazônia, a partir do cotidiano das comunidades que vivem às margens das grandes estradas abertas na região nos últimos 50 anos. “É na rota das longas e trágicas estradas da região que surgem os encontros. No início, as rodovias Transamazônica e Belém-Brasília foram o itinerário principal, um motivo para a partida. Com o tempo, os incidentes e o acaso provocaram desvios sem fim. Inocentes paragens, novos caminhos e muitos retornos que estão marcados nesse mapa de lembranças e esquecimentos.”
Promovido com apoio da Lei Goyazes de Incentivo à Cultura, a primeira edição do Projeto F/5 contou com a presença de mais de 400 espectadores desde o mês de março, quando o fotógrafo Claudio Edinger abriu o ciclo de palestras e workshops. De forma dinâmica, o projeto abordou temas relacionados à fotografia contemporânea, realizando a troca de experiências e contribuindo na orientação, atualização, formação profissional e artística dos participantes.
A ideia inicial do projeto era atender até 20 pessoas em cada um dos workshops. No entanto a coordenação da WA Imagem foi surpreendida pela grande quantidade de inscrições, o que motivou a ampliar as atividades propostas e realizar com os fotógrafos convidados cinco palestras gratuitas e aberta a todos, como forma de democratização do acesso à arte e à cultura a um público diversificado.
Entrevista PAULA SAMPAIO
Ao longo do Projeto F5, diversos fotógrafos passaram por Goiânia e ressaltaram as diversas faces da fotografia, como a fotografia de arte, a fotografia documental ou a fotografia mais comercial. Há, no seu trabalho, esses nuances da fotografia? O que difere o trabalho de alguém que lida com publicações, como revistas, do de profissionais ligados à publicações de trabalhos autorais?
Vou conversar com as pessoas sobre processo de trabalho, mostrar a partir de uma rota de trabalho como fui, ao longo dos anos, utilizando o fotojornalismo para contar e viver histórias.
É possível amadurecer ou lapidar o olhar? De que forma isso é possível?
Claro! Estamos a vida toda em crescimento, mudando, nos renovando e só ficar de coração aberto.
Como se deu o seu trabalho na Amazônia? Por que Amazônia?
Meus pais migraram para a Amazônia quando eu era menina, na década de 1970; vivemos em vários lugares, começando pelo Maranhão, na época a rodoviaTransamazônica estava sendo aberta e a Belém-Brasília sendo asfaltada. Passei toda a minha infância nessas estradas, ouvindo histórias e vendo todo esse movimento de vida, trânsito, batalhas diárias de gente que acretiva ser a Amazônia o Eldorado Brasileiro. Então, viver e trabalhar aqui foi um destino natural.
Há 20 anos, você trabalha com foto. O que mudou em relação à produção fotográfica de lá para cá?
Tudo mudou. Só essa pergunta daria uma palestra inteira! (risos)
O que seria esse campo da fotografia/vida?
Estar na natureza, simplesmente. E a fotografia? Uma mediadora desses encontros.
ANOTE!
PALESTRA
Dia: 6 de junho (hoje)
Horário: 20h
Local: Centro Cultural UFG
WORKSHOP
Dias: 7 e 8 de junho (amanhã e depois)
Local: WA Imagem
(Rua 89-D, 79, Setor Sul
Fonte: O Hoje
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