Tornando o dia a dia sustentável

Atitudes simples podem ajudar a melhoria de vida na cidade e no planeta

domingo, 8 de junho de 2014

 

Eduardo Pinheiro

 

Com uma atitude simples, o empresário Ruy Loyola, de 28 anos, mudou completamente a vida diária. Trocou a moto por bicicleta. Em pelos menos 80% dos deslocamentos diários que faz, utiliza a força das próprias pernas. O restante utiliza o transporte público ou carona. O resultado, segundo ele, maior qualidade de vida e saúde. Com isso, Loyola acredita contribuir com a melhoria da vida na cidade.

 

Segundo relatório da Organização das Nações Unidas, divulgado no ano passado, os efeitos do aquecimento estão sendo sentidos em todo lugar, gerando não só problemas ambientais e ecológicos, como econômicos. O relatório aponta que a principal causa para esse aquecimento é mesmo a ação humana. A emissão de carbono na atmosfera poderá reduzir o PIB global em 0,2 a 2 por cento ao ano, caso as temperaturas medianas subam até 2 graus Celsius, aponta o órgão internacional.

 

Loyola sabe bem que a mínima atitude pessoal pode modificar a vida ao redor. Por isso adotou a bike como principal veículo. “Há cerca de dois anos, passei a trabalhar em uma Ong ambiental. Como era próxima de casa, ia de bicicleta. Gostei tanto que virou meu principal meio de locomoção”, diz. O empresário, que também é designer, foi além. Fez da bicicleta seu meio de subsistência. Montou a De Bike Courier, empresa especializada em entregas que utiliza a bicicleta como veículo.

 

 

 

Aquecimento

 

Segundo monitoramento realizado pelo Instituto de Estudos Socioambientais (IESA) da UFG, o clima de Goiânia foi alterado diretamente pelo desmatamento da cobertura vegetal, além da impermeabilização do solo, pela aplicação de asfalto, e excesso de veículos. Nos últimos anos, a temperatura média da capital no inverno subiu pelo menos 2ºC, já no verão o aumento registrado foi de 2 ºC; enquanto a umidade relativa do ar tende a ficar cada vez menor.

 

A empresa possui cinco funcionários, que fazem entrega de documentos e serviços de cartório e bancários na grande Goiânia. Segundo Loyola, a eficiência é tão grande ou melhor que o serviço comum por moto. “No uso diário de bike, não fico mais parado no trânsito. O deslocamento é fluido. Isso é aplicado também na empresa. Com a vantagem que não estamos contribuindo para a poluição e aquecimento da cidade”, diz.

 

 

 

Consumo

 

O estudante Victor Hugo, de 25 anos, também utiliza o transporte público e a bike para deslocamentos na cidade. Percorre o trajeto do Setor Universitário até o Campus da UFG quase todos os dias para concluir os estudos. Além disso, o jovem diz que reduziu o consumo. “Só compro aquilo estritamente necessário. Uso celular sem precisar comprar. Amigos que não usam mais acabam me dando o deles”, diz. Com a atitude acredita estar reduzindo o número de produtos descartáveis.

 

Hugo, que divide uma república com amigos, separa o lixo produzido na casa. Além disso, combinou com os amigos a evitar o uso de sacolas plásticas. Segundo ele, basta a utilização de sacolas de pano, que duram mais, para que o número de lixo jogado no ambiente reduza. “Pode ser muito pouco, mas faço a minha parte”, orgulha-se.

 

 

 

Atitudes podem mudar o mundo, diz biólogo

 

O professor de Ecologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Francisco Leonardo Tejerina-Garro, , afirma que as pequenas atitudes mostradas acima faz sim diferença. Para ele, a base da mudança em relação ao meio ambiente parte das decisões pessoais. A partir dessa decisão o indivíduo pode gerar uma reação em cadeia, que passa pela educação e direcionamento das instituições.

 

Tejeira-Gairo, que é doutor em Ecologia pela Université de Montpellier II, na França, salienta que a questão das mudanças climáticas é muito complexa e ultrapassa fronteiras nacionais. Por isso depende de acordos coletivos para uma mudança global. O pesquisador reforça por isso que a consciência individual tem um peso importante, por trazer para a vida diária a decisão de ajudar a cidade e o Planeta.

 

“Com o relatório publicado pela ONU no ano passado, mudamos a perspectiva. As mudanças deixaram de ser para médio e longo prazo e passaram para curto e médio. Portanto, toda atitude por mais simples que seja terá impacto”, diz. O conceito de sustentabilidade passa justamente pela mobilização pessoal. O biológo afirma que passar a se locomover de bicicleta, por exemplo, é um grande passo. A pressão dos ciclistas podem interferir na vida da cidade, como a construção de ciclovias e valorização do transporte coletivo em detrimento do individual.

Fonte: O Hoje

Categorias: clipping