O publicitário Hugo Brockes, que há cinco anos abandonou a publicidade para se dedicar à literatura, lança hoje o seu terceiro romance, O Réveillon de 3001, em noite de autógrafos na Livraria Nobel, no Shopping Bougainville, às 18 horas. Neste livro, que é seu primeiro romance juvenil, o escritor narra o desenrolar dos atuais conflitos que se passam no mundo e faz um cenário de como estaria a civilização no início do quarto milênio a partir de relatos de um personagem que nasceu na década de 2050 e completa o 954º ano de vida.

Nesta ficção científica, Brockes faz uma crítica aos tempos atuais mostrando como a guerra e a degradação do meio ambiente exterminarão grande parte da humanidade dentro de alguns séculos. Em 3001, depois de uma catástrofe em que a Terra se desloca de seu eixo e os oceanos cobrem inúmeros países, a população mundial que sobrevive passa a conviver com um novo conflito: com solos férteis e paisagens verdejantes, o Oriente Médio entra em guerra pelo controle dos povos em um confronto que durará cem anos e ninguém sairá vencedor.

“A Palestina passa a receber chuva e seu clima muda completamente. Enquanto outros continentes têm problemas climáticos terríveis, o Oriente Médio tem muita água e tudo se torna verdejante. Então, os muçulmanos acham que aquilo é uma dádiva de Alá enquanto os judeus acreditam ser uma graça de Jeová, e é aí que começa o conflito. O Islã declara guerra contra todos os povos da Terra que não sejam muçulmanos e isso se estende por um século”, relata o escritor.

Ele explica que tudo isso é narrado pelo personagem que, às portas de completar mil anos de idade, se cansa de uma vida tão longa e decide pelo suicídio. “Então, ele vai contar a história dele como um exemplo para os habitantes do início do século. Ele relata viagens, guerras entre outros planetas... É uma narração que fala sobre o perigo que nos envolve, como os problemas religiosos de guerra e de maus-tratos ao planeta”, ressalta.

Brockes conta que o livro, que é o desenrolar de um conto publicado em sua primeira obra, Penas Confusas, surgiu a partir do convite da editora paulista Cereja, que tinha interesse em concorrer ao edital do Ministério da Educação (MEC) que seleciona obras para compor o currículo escolar de escolas públicas a cada ano. Entretanto, como os prazos foram perdidos e não seria mais possível entrar na concorrência, o escritor lança o título pela goiana Kelps.

TRAJETÓRIA

Este é o terceiro livro lançado pelo escritor, o segundo somente este ano. Além de Penas Confusas, lançado em 2011 pela Esfera, em março ele colocou no mercado Hipertermia, também pela Kelps. Outras duas obras deverão chegar às livrarias em breve: Pássaros Proibidos de Voar, também juvenil, que fala um pouco da história da ditadura militar, e O Anjo de Asas Douradas, um romance que narra um suicídio no ano de 1952 e deverá retomar a história de Goiás do início do século passado.

Natural de Pirenópolis, Hugo Brockes conta que começou a publicar seus primeiros contos no início da década de 1960, no jornal semanário O Quarto Poder, da Universidade Federal de Goiás (UFG). “Mas fui preso e torturado e me dediquei à publicidade para sobreviver”, recorda-se, falando da época em que foi uma das vítimas da repressão do regime militar. Somente há cindo anos, ele resolveu retomar a escrita, desligando-se do ofício de publicitário e lançando-se como escritor.