Depósito atrai 6 mil por ano

 

Data: 21  de agosto de 2014.

Veículo: O Popular

 

Estudantes e pesquisadores, entre outros, procuram local para saber mais sobre acidente radiológico

Maria José Silva

21 de agosto de 2014 (quinta-feira)

Prestes a completar 27 anos, o acidente com o césio 137 ainda desperta a atenção de milhares de pessoas do País e do exterior. O Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), localizado às margens da BR-060, em Abadia de Goiás, onde estão acomodados as 6 mil toneladas de resíduos radioativos provenientes da tragédia ocorrida em Goiânia, recebe mais de 6 mil visitantes nos 11 meses do ano em que fica aberto, entre estudantes, pesquisadores, professores e pessoas que almejam conhecer um pouco mais sobre a história do maior acidente radiológico do mundo fora das usinas nucleares.

Na tarde de ontem um grupo de estudantes e professores de Física Médica do câmpus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) visitou o local com o objetivo de conhecer de perto a estrutura do Centro Regional de Ciências Nucleares, em especial os dois depósitos dos rejeitos radioativos. O assistente de Ciência e Tecnologia do CRCN, Marco Antônio Pereira da Silva, informa que nos contêineres de aço e concreto estão acomodados todo tipo de material contaminado por ocasião do desastre, como entulhos de casas demolidas, blocos de asfalto, utensílios domésticos, roupas e até mesmo partes de árvores, entre outros.

Os depósitos têm o aspecto de caixas hermeticamente fechadas, construídas com concreto armado. Na parte externa, estes dois enormes recipientes são revestidos com camadas de solo. Os contêineres foram posicionados estrategicamente, de forma a reduzir os níveis de radiação pela auto-blindagem. Marco Antônio Pereira da Silva explica que os rejeitos devem permanecer no depósito por um período mínimo de 300 anos, tempo necessário para o término da radiação.

O grupo de alunos e professores da USP participou em Goiânia do 19º Congresso Brasileiro de Física Médica, realizado Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Goiás, no Câmpus Samambaia. A visita ao depósito constituiu a última etapa do congresso, no qual foram discutidos temas como diagnóstico por imagem e medicina nuclear, radioterapia, instrumentação biomédica, proteção radiológica e dosimetria, ensino de física médica, biomateriais e biofísica, biomagnetismo e radiação não ionizante.

Um dos professores que acompanhou o grupo de estudantes, o físico médico Amando Ito, destaca que a tragédia que assombrou Goiânia em 1987 teve como contrapartida a publicação de lei e normas específicas e a adoção de condutas mais rigorosas para o uso de material radioativo. “Arrisco-me a dizer que hoje é pouco provável que ocorra um acidente como aconteceu em Goiânia”, sublinha. Ele a afirma que atualmente a legislação é extremamente rígida em relação ao transporte, armazenamento e destino das fontes radiológicas.

Além disso, prossegue Amando Ito, a legislação prevê requisitos básicos para o responsável por manipular a fonte radiológica, entre os quais a exigência de curso superior na área de física. As fontes radiológicas, conforme diz, são usadas em radioterapia, raio X, na física médica e em equipamentos para a agricultura. A fiscalização do funcionamento de tais equipamentos é feita por profissionais da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

Fonte: O Popular

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