Maior população idosa exige atenção do governo

24 08 Filhos que cuidam dos pais

 

 

Data: 24 de agosto de 2014 (domingo)

Veículo: O Popular

O presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - Seção Goiás, Ricardo Borges da Silva, aponta que o poder público precisa encontrar mecanismos para lidar melhor com o aumento da quantidade de idosos. Muitas famílias não possuem condições sociais e financeiras para corresponder a todos os cuidados e necessidades de uma pessoa com idade avançada, muito menos quando isto se soma a doenças degenerativas. Custear o trabalho prestado por um cuidador não é fácil. Além da mão de obra ser cara, existe também a questão legal, no que diz respeito à escala de trabalho (12 por 36), que exige a contratação de pelo menos duas pessoas para acompanhar o idoso o tempo todo.

Para o médico, essa é uma questão de saúde pública, pois a falta de vagas em casas de acolhida e apoio é uma realidade que sacrifica a vida de muitas pessoas que precisam desse amparo. Ricardo esclarece que nada substitui o cuidado prestado por alguém da família, mas, consciente da realidade sócio-econômica e da existência de locais devidamente equipados e que realizam um bom trabalho, ele defende o aumento da quantidade de abrigos. “Em Goiás, existem abrigos muito bons, mas ainda assim insuficientes. Institucionalizar o idoso não quer dizer que você está o abandonando. Na grande maioria das vezes, o idoso institucionalizado é muito bem cuidado”, diz.

Com a redução do núcleo familiar, em razão da menor quantidade de filhos, e com a presença maior e mais expressiva das mulheres no mercado de trabalho, que são quem, geralmente, cuidam dos idosos, fica mais difícil garantir a presença constante do filho no cuidado dos pais. Eles até podem morar sob o mesmo teto, dividirem o mesmo espaço, o que ajuda muito, mas, em casos de doenças graves e degenerativas como Alzheimer e Parkinson, o recomendado é ter alguém sempre por perto. No dia a dia profissional, Ricardo já se deparou com histórias diversas, desde casos em que idosos cuidam de idosos até exemplos de filhos, principalmente mulheres, que deixaram o trabalho para ficar por conta dos pais.

Em se tratando de Alzheimer, a situação é tão complexa que, no geral, os abrigos, além de possuírem um limite de vagas, estipulam também um sublimite, que define o máximo de pessoas com a doença que é possível ser atendido, porque exige uma estrutura diferenciada e um acompanhamento profissional contínuo. “Algumas vezes, não é que os filhos não querem cuidar. É que eles não têm condições de fazê-lo. Eles precisam trabalhar e não tem condições financeiras, tampouco contam com uma rede de suporte social e de apoio para o cuidado de idosos”, aponta a médica geriatra e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Elisa Franco.

Fonte: O Popular