Cidade se torna polo universitário

25 de agosto de 2014

Segunda cidade mais populosa do Estado tem 10 centros universitários e expectativa de novas unidades

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Segundo município mais populoso de Goiás, Aparecida de Goiânia está se firmando como polo universitário e atrai, cada vez mais, estudantes do interior de Goiás e de outros Estados. A cidade hoje conta com 10 centros universitários, três deles públicos, e cursos concorridos como medicina, engenharia civil e administração de empresas. A busca por essas graduações tem mudado o perfil dos moradores da região, até então conhecida como cidade-dormitório para pessoas que trabalhavam e estudavam na capital.

Os centros de ensino superior estão espalhados por diversas regiões da cidade, muitos deles em bairros ao longo da divisa do município com Goiânia. Mas a aglomeração das três principais instituições públicas em uma mesma região fez com que o local fosse apelidado de Esplanada Universitária por membros da administração.

A primeira a chegar na “esplanada” foi a Universidade Estadual de Goiás (UEG), com um prédio amplo construído no Setor Conde dos Arcos, em frente ao Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa). Logo em seguida, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) se instalou em uma área atrás da UEG, no Parque Itatiaia.

No último dia 11, a Universidade Federal de Goiás (UFG) iniciou as atividades na região. Por meio de um convênio, a UEG cedeu parte de suas instalações para a UFG, que oferece a graduação em engenharia de produção. Segundo o coordenador do curso, Júlio César Valandro, a federal goiana estava com o curso estruturado, mas as obras do novo câmpus na parte leste da cidade, que estão em fase de licitação, só devem ficar prontas daqui a três anos. “Aparecida tem uma demanda, precisa de profissionais dessa área para atender as indústrias da região. A UFG quis começar logo o curso por essa questão mercadológica. A parceria com a universidade estadual foi determinante para esse início imediato”, explicou.

Segundo o secretário municipal de Governo e Integração Institucional, Euler de Morais, a UniEvangélica comprou uma área de 160 mil metros quadrados ao lado do Huapa, para implantar um novo câmpus no ano que vem. “Está sendo criado um complexo educacional de forma espontânea em um ponto da cidade onde há áreas vazias significativas. Acreditamos que outras faculdades poderão se aglutinar ali”, disse Morais.

De acordo com o secretário, o centro universitário com sede em Anápolis, reconhecido pelos cursos de odontologia e enfermagem, informou à prefeitura que pretende oferecer cursos na área de saúde. O principal objetivo seria abrir um curso de medicina. “Mas essa escolha depende do Ministério da Educação (MEC)”, afirmou.

MEDICINA

Em dezembro do ano passado, o MEC divulgou uma lista de com 49 municípios brasileiros pré-selecionados para receber novos cursos de medicina, ofertados por instituições de particulares. Aparecida de Goiânia é a única cidade do Estado entre eles, o que tem atraído a atenção de centros universitários interessados em participar da seleção.

A assessoria de imprensa do MEC informou que, em breve, a pasta lançará o edital para seleção das instituições nas cidades aprovadas. Mas diz não ter a data para fazer essa divulgação.

Antes mesmo do anúncio do MEC, por conta da política de expansão das escolas médicas, instituições de superior no Estado já se movimentavam para abrir a cobiçada graduação em Aparecida. A única a ter êxito, até o momento, é a Universidade de Rio Verde (UniRV).No primeiro vestibular, realizado em julho, 3.656 estudantes realizaram provas para disputar 60 vagas, uma concorrência de quase 61 candidatos por vaga.

A primeira turma começou as aulas neste mês de agosto, no câmpus montado no antigo clube da Associação dos Empregados do Banco do Estado de Goiás (Asbeg), no Jardim dos Buritis.

O diretor-geral da UniRV, José Alberto Alvarenga, diz que o grupo escolheu Aparecida por se tratar de uma região metropolitana e por conta da alta densidade demográfica. “Temos o objetivo de melhorar a densidade médica do município. Todos nossos estudantes vão trabalhar em projetos sociais na rede básica de saúde, nos bairros da cidade”, avisa.



Estudantes reclamam de infraestrutura



Em busca do sonho de cursar medicina, a estudante Alana Gilmara Pires Gomes, de 19 anos, deixou a cidade de Niquelândia há cerca de um ano e meio para fazer cursinho pré-vestibular em Goiânia. Aprovada em primeiro lugar na Universidade de Rio Verde (UniRV), no recém-inaugurado câmpus de Aparecida de Goiânia, a jovem trocou a capital pela cidade vizinha e hoje mora na mesma avenida onde fica a centro universitário, no Bairro Jardim dos Buritis.

Apesar da comodidade de morar perto da escola onde passa o dia todo e parte da noite em aulas, Alana reclama da falta de estrutura do lugar. “Está sendo meio difícil de adaptar”, revela. O que a jovem mais tem sentido falta é da internet. Ela entrou em contato com várias operadores e de todas recebeu a triste resposta: falta disponibilidade de rede.

A universitária enfrenta outros problemas. “Tem poeira demais e tenho de limpar os móveis e lavar a casa todos os dias”. relata. Alana vai a pé para a faculdade e observa: “Os caminhões passam alta velocidade aqui na Avenida das Palmeiras. Deveria ter um redutor de velocidade”.

Os pais de Alana decidiram trocar o endereço da filha, que antes morava no Setor Leste Universitário, em Goiânia, pelo fato de ela não ter carro e enfrentar uma carga horária puxada na faculdade. A ideia é facilitar a rotina na jovem, mas, para que ela tenha qualidade de vida, esperam melhorias no Jardim dos Buritis.

As avenidas estão esburacadas, falta segurança e iluminação”, reclama o pai, o funcionário de mineradora Gilmar Ferreira Gomes. “Aqui fica mais fácil, ela pode até almoçar em casa. Mas é preciso melhorar a área comercial, com restaurantes e farmácias”, aponta a mãe, a diretora de escola pública Simone Pires Gomes.

Os estudantes Gustavo Rosa Marção, de 19, e Gabriel Guerreiro, de 21, também estão em fase de adaptação. Eles se mudaram para Aparecida de Goiânia por conta da aprovação no curso de medicina e atualmente dividem o aluguel de um apartamento no Bairro Jardim Bela Vista, a cerca de 4 quilômetros da UniRV.

Nós nos conhecemos aqui na universidade. Eu precisava de alguém para dividir as despesas e ele também”, explica Gustavo. O universitário é de Uberlândia (MG) e sempre ouviu falar que Aparecida de Goiânia era uma cidade violenta. Por isso, tem medo de sair para passear na vizinhança.

Gustavo elogia o comércio do bairro, segundo ele, bastante diversificado. Mas diz que, depois do horário da aula, geralmente fica em casa e não busca opções de lazer na região onde mora. “Quando quero ir a um shopping, cinema ou bar, vou para Goiânia”, Gabriel é de São Caetano do Sul (SP), no ABC Paulista, e está na região metropolitana há apenas um mês. Disse que, em Goiás, só conhecia Caldas Novas e nunca tinha ouvido falar em Aparecida de Goiânia. Chegou sem conceitos pré-concebidos, mas já identificou alguns problemas na vizinhança. “Falta iluminação. À noite, as ruas são escuras e por isso acho difícil andar para conhecer melhor.”

O secretário municipal de Governo e Integração Institucional, Euler de Morais, admite a falta de estrutura em bairros da região leste de Aparecida, onde a faculdade particular de medicina foi instalada. “Algumas intervenções não estavam planejadas, mas como a universidade escolheu aquele local, vamos levar os benefícios. Nós estamos refazendo a Avenida principal do Jardim dos Buritis, depois vamos fazer um complemento das vias transversais. Também temos um grande projeto de iluminação .”



Mercado de imóveis aquecido



As faculdades e universidades aquecem o mercado de imóveis. Sócia de uma imobiliária em Aparecida de Goiânia, Elenilza Cardoso Resende conta que, nos últimos anos, cresceu tanto a oferta quanto a procura por casas, quitinetes e apartamentos próximo aos centros universitários.

Os bairros com maior demanda por aluguel, na empresa de Elenilza, são a Vila Brasília e Jardim Esmeralda. A imobiliária também tem recebido interessados em se mudar para o Setor dos Afonsos. “A maior procura é de estudantes que querem morar perto da Faculdade Alfredo Nasser (Unifan)”, explica. A faculdade, situada no Jardim das Esmeraldas é a mais antiga de Aparecida e oferece o maior número de vagas. Possui atualmente 5.300 estudantes divididos em cursos de licenciatura, bacharelado, tecnológicos e de pós-graduação. (veja quadro).

Mas, segundo Elenilza, a região não tem tradição de abrigar repúblicas. “Não são apenas estudantes solteiros e jovens que buscam morar perto das faculdades. Vejo muitas famílias que se mudam para esses setores porque a mulher ou o marido decidiu voltar a estudar e conseguiu entrar na faculdade.”

O Jardim das Esmeraldas é vizinho da Vila Brasília, que por sua vez, é encostada no Setor dos Afonsos. Para os corretores de imóveis, além de estar em uma região que concentra quatro faculdades, outro atrativos levam os inquilinos para os bairros. “Eles são separados de Goiânia por uma avenida, possuem comércio e rede bancária estruturada, estão nas imediações do Buriti Shopping, têm grande oferta de quitinetes e apartamentos de custo popular, além de serem bem servidos por linhas do transporte coletivo, pois ficam entre os terminais Vila Brasília e Cruzeiro”, enumera o corretor Eduardo Nascente.

Fonte: O popular

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