Doutor Gilberto Mendonça Teles

Data: 27 de agosto de 2014 (quarta-feira)

Veículo: O Popular

PUC Goiás entrega hoje à noite ao escritor o título de Doutor Honoris Causa, honraria que só concedeu a 17 pessoas em sua história de mais de 55 anos

Rogério Borges

Nascido em Bela Vista de Goiás em 1931, o escritor, crítico literário e professor Gilberto Mendonça Teles é já há algumas décadas um dos expoentes goianos de maior destaque em sua área em todo o Brasil. Com obras poéticas e ensaísticas publicadas por editoras nacionais, ele construiu uma trajetória sólida em quase 60 anos de carreira. Esses predicados fizeram com que a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) o indicasse para ser a 17ª personalidade a receber o título de Doutor Honoris Causa da instituição.

A entrega da honraria será às 19 horas, no auditório da Área 4 da PUC Goiás, na Praça Universitária, Setor Universitário. Gilberto, que se formou no curso de Letras Neolatinas da antiga Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Goiás, nunca rompeu esses vínculos. Ele ainda ministra cursos, como colaborador, no Programa de Pós-Graduação em Letras da PUC Goiás.

Gilberto também se formou em Direito pela Universidade Federal de Goiás e partiu para uma carreira fora de Goiás, primeiro se especializando em Língua Portuguesa na prestigiada Universidade de Coimbra, Portugal, depois doutorando-se em Letras pela PUC do Rio Grande do Sul, onde também se tornou livre-docente. Em seu currículo, está a participação na fundação do Centro de Estudos Brasileiros, uma iniciativa de vanguarda dentro da UFG e que foi bloqueada pela ditadura militar após o golpe de 1964. Após um período em que precisou dar aulas em pequenos colégios, foi admitido no quadro da PUC do Rio de Janeiro, onde hoje é professor-emérito. Também já passou por instituições de Portugal, França, Estados Unidos e Espanha.

Em seus livros, Gilberto Mendonça Teles sempre demonstrou ser um poeta diligente com a linguagem e um crítico que encontra aspectos menos evidentes nas obras que comenta. Com o privilégio de ter usufruído da convivência de nomes como Carlos Drummond de Andrade, do qual foi um amigo próximo durante muitos anos, o escritor conseguiu encontrar detalhes, fazer análises mais aprofundadas e jogar novas luzes sobre a poética de autores como Manuel Bandeira, Mario de Andrade, Oswald de Andrade, além do próprio poeta de Itabira. É ainda um pesquisador da literatura produzida em Goiás, em versos e em prosa, contribuindo para realizar um inventário crítico de alguns de nossos principais autores.

Seu trabalho lhe valeu, em 2002, o Prêmio Juca Pato, de Intelectual do Ano. Sua produção é para lá de respeitável. Ao todo, já escreveu 27 livros de poesia, integra 11 antologias publicadas em português, francês e espanhol, além de ser o autor de 25 volumes de crítica literária e ensaios. Entre seus trabalhos mais conhecidos, estão os livros de poemas Saciologia Goiana, Falavra e Hora Aberta, que demonstram sua capacidade de dialogar com variados estilos e diversas escolas poéticas sem, contudo, perder a própria identidade. Já no campo da crítica e do ensaio, entre seus títulos mais conhecidos estão O Conto Brasileiro em Goiás, Camões e a Poesia Brasileira, Drummond – A Estilística da Repetição e A Escrituração da Escrita.