De volta ao passado

27 de agosto de 2014

 Escritor Joaquim Graciano publica o quinto livro da carreira, que narra a história de Goiás com humor e linguagem popular

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 Um retrato de boa parte da história do Brasil e principalmente de Goiás estão presentes em 30 Crônicas do Passado (2014 Ed. América), o novo livro do escritor Joaquim Graciano. Mas, se engana quem pensa que por se tratar de uma obra com relatos do passado, sua leitura será difícil ou desinteressante. Muito pelo contrário, com uma linguagem simples, que soa como um descontraído bate-papo, o exemplar deseja resgatar a memória dos acontecimentos antigos e atrair os jovens conectados para o mundo da literatura.

O livro trata de uma volta ao passado, com todas as suas mazelas e bons exemplos. A narrativa vai desde os costumes e festejos até a dizimação dos índios. “Narro principalmente as oligarquias goianas. O livro fala de Bulhões, Caiado até chegar em Marconi. Mas, não tem ideologia nem religião certa. Acredito apenas que a verdade precisa ser dita”, explica.

Mas, para desbravar as histórias da época em que a Cidade de Goiás era a Capital de Goiás e a monarquia portuguesa quem dava as cartas por aqui, até os dias de hoje, Graciano debruçou em livros e pesquisa. Segundo ele nada é inventado. “Fiz tudo com total honestidade. Pesquiso muito. Sou uma espécie de traça. Gosto muito de ler livros antigos”, explica.

Mesmo com o exímio embasamento teórico, a obra não é mostrada com linguagem enfadonha dos livros de história. Tudo é narrado com olhar crítico, mas sem abandonar o peculiar bom humor, presente não apenas nas publicações, como ainda em sua própria personalidade cativante.

Este humor nato pode-se conferir em trechos como, o da crônica Os Antigos Mauricinhos e Patricinhas, em que ele descreve com ironia sobre o antigo hábito dos brasileiros de copiar a moda estrangeira. “Quantas vezes presenciamos, em Goiânia, “madames”e “mademoiselles”, com casacos de pele em festas noturnas, fingindo não sentir os quase 40°C de temperatura?”, Denuncia o livro.

Personalidades vivas

Além dos costumes das épocas passadas, a obra procura ainda ressaltar os nomes que fizeram diferença no Estado e no País. Por isso, ele relembra, por exemplo, o escritor mineiro Bernardo Guimarães, que escreveu Escrava Isaura, e goianos como o médico, militar, político e escritor Americano do Brasil, a bondosa Santa Dica e o artista Octo Marques. “A memória é a coisa mais importante que uma pessoa pode ter. Estes nomes estão sendo esquecidos”, protesta.

Para chegar a estas personalidades importantes, sobretudo na história de Goiás, Joaquim Graciano disse não ter encontrado nenhuma dificuldade, já que para ele a cultura está e sempre esteve em Goiás. “Se pararmos para pesquisar, veremos que o primeiro concurso de miss foi aqui e tivemos ainda a primeira mulher a entrar em uma Academia de Letras”, relembra.

Filho da Cidade de Goiás

Nascido na velha capital do Estado, que se tornou berço da cultura de Goiás, Joaquim Graciano, 80 anos, mudou-se para Goiânia quando contava apenas dois anos. Na capital, ele estudou no Grupo Modelo, no Ateneu Dom Bosco e se formou em Direito pela UFG. Foi auditor e conselheiro substituto do Tribunal de Contas por mais de 40 anos. Ainda lecionou Língua Portuguesa e Direito em diversas escolas e faculdades da cidade.

Exerceu também o jornalismo no Diário de Notícias de Alfredo Nasser, Rádio Anhanguera, Jornal Católico Brasil Central da Arquidiocese de Goiânia. Foi membro da Federação Goiana de Futebol e também um dos primeiros cronistas esportivos da cidade.

É autor de quatro livros de crônicas sobre a história de Goiás, como: Crônicas de Minha Terra (2005), Crônicas de Ontem e de Hoje (2007), Do Outro Lado do Muro (2009) e Crônicas de Nossa História (2012).

Fonte: Diário da Manhã

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