Inflamações dos ouvidos das crianças

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Data: 30/08/2014

Veículo: Diário da Manhã

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Otites assintomáticas causam aproximadamente 15% da perda auditiva na população infantil

 

DIÁRIO DA MANHÃ

FABIANA GUIMARÃES

 

As otites ou inflamações do ouvido são doenças pouco conhecidas. Quando uma criança possui otite aguda, ela aparece com sintomas de febre alta, dores no ouvido, incômodos e irritabilidade. O que a Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pedriátrica (Abope) chama a atenção é em relação às otites médias ou secretoras, que são assintomáticas e atingem cerca de 70% da população infantil. Criada a Campanha Nacional Otorrino Pediátrica, uma parceria da Abope com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, é possível chamar a atenção da população para evitar os 15% de casos de perda de audição por otites médias.

“A intenção da campanha é orientar que a otite aguda apresenta sintomas que faz a criança reclamar ou chorar para os pais. Então é fácil ser percebida. A otite média ou otite secretora não, o que torna mais difícil ser identificada”, explica a vice-presidente da Associação Goiana de Otorrinolaringologia e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Melissa Avelino. O que a médica otorrinolaringologista conta é que este tipo de otite é a principal causa de perda auditiva na faixa etária de crianças na pré-escola. “O único sintoma é a diminuição da capacidade de ouvir. A criança que apresenta esse tipo de otite, dependendo da faixa etária, pode atrapalhar o desenvolvimento da fala, em processo de alfabetização. Ela passa a ser interpretada como uma criança distraída, desatenta, mas na verdade, ela não está ouvindo como deveria”, esclarece a especialista.

O que pode causar este tipo de problema são diversos fatores. Uma rinite, um aumento de adenoide, alergia ou infecção. Estas dificuldades podem levar ao desenvolvimento da otite secretora. O tratamento depende do diagnóstico feito por um especialista, que é o médico otorrinolaringologista. “O que acontece é que, dependendo da idade, a criança não consegue falar direito. Então, os pais procuram um fonoaudiólogo. Mas o ideal é que se leve a um otorrinolaringologista para realizar um diagnóstico médico. Este profissional é o único habilitado a diagnosticar e tratar do problema quando sendo o comprometimento auditivo”, diz Melissa, e ainda salienta que o importante é que seja feito um diagnóstico quanto antes, o que torna capaz de amenizar as dificuldades com o tratamento.

O paciente pode ser tratado de forma clínica, com a utilização de medicamentos. Em casos mais avançados, é possível a realização de uma cirurgia com a adição dos tubos de ventilação no ouvido. “O tratamento depende do grau, do tipo da perda auditiva”, conta Melisa Avelino. O fato de afetar a audição é devido ao acúmulo de líquidos no ouvido. Estes líquidos impedem a transmissão adequada do som. “Dentro do ouvido, precisamos que o ar passe normalmente para que tudo esteja em perfeita sintonia. Se houver o acúmulo de líquidos ou secreções no ouvido por mais de dois ou três meses, já vou ter caracterizado uma otite cerosa ou secretora.”

otite secretora

Felipe Dourado, de oito anos, aos dez meses de idade começou a apresentar infecção de ouvido. De acordo com relatos da mãe, Erica Dourado (38), essas infecções eram muito frequentes e aconteciam duas ou três vezes ao ano. “Felipe ainda muito novo já tomava antibióticos, corticoide e não melhorava”, relata a mãe. Após a realização de diversos exames, foi constatado que ele estava com otite média e precisaria colocar tubos no ouvido. “Iniciamos o tratamento clínico. Não obtendo melhoras, foi necessária a realização desta cirurgia”, conta Melissa, que foi a médica que atendeu o garoto.

Erica conta que quando o filho ia assistir televisão, ele colocava em um volume muito alto e tinha dificuldades de ouvir o que os outros falavam. “Sempre que falávamos com ele, não respondia ou pedia para repetir a frase, por não escutar direito”, lembra a mãe. No dia 12 de agosto deste ano, Felipe fez o procedimento cirúrgico e no mesmo dia já podia notar a diferença na audição. “Ele (Felipe) fez a cirurgia há pouco tempo, então estamos observando ainda se o quadro de infecção vai mudar. Mas no dia que ele fez a cirurgia, cerca de quatro horas depois, estávamos indo embora para casa e disse que já estava ouvindo tudo melhor: os sons da rua, dos carros, das buzinas. A criança disse que tudo estava mais alto”, afirma a mãe. De acordo com Melissa, assim que colocado o tubo, já é possível a recuperação da audição.

Fonte: Diário da Manhã

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