Cinema de Invenção

30 08 Cinema de Invenção

 

 

 

 

Data: 30/08/2014

Veículo: O Popular

Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental começa hoje em Goiânia

Rute Guedes

30 de agosto de 2014 (sábado)

Pensar e sentir o cinema como forma permanente de invenção é a proposta do Fronteira: Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental, cuja primeira edição começa hoje à noite no Cine Cultura. O evento, um projeto de extensão da Universidade Federal de Goiás (UFG), prossegue até o dia 7 e terá, além de exibição de filmes em mostras competitivas e não competitivas, debates e palestras. A entrada é gratuita.

A abertura, às 19 horas, será com o filme Guerra ou Paz, do diretor português Rui Simões, um dos convidados do festival. O documentário em longa-metragem conta a história dos jovens que se recusaram a participar da guerra de seu país com as ex-colônias nos anos 60 e 70. Além de Simões, outros convidados de peso que vão participar do festival são a cineasta americana Abigail Child, Andrea Tonacci, o papa do cinema marginal brasileiro, e as cineastas Helena Ignez e Paula Gaitán, além do indigenista brasileiro Sidney Possuelo e do crítico italiano Toni d’Angela.

A diretora Marcela Borela define o recorte do festival: “Existe um terreno muito especial do documentário e filme experimental, que é para onde estamos olhando, mas isso não exclui a ficção, até porque ela não é um gênero, mas um ato de invenção. Tudo é invenção”, diz Marcela, que, ao lado de Henrique Borela e Rafael Parrode, assina a direção artística do evento. O festival é realizado pelas produtoras Balaio, Barroca e Phantasus, todas da capital.

O evento, que também terá como palco o Cine UFG e o Museu de Imagem e Som, tem sua grade de programação dividida em várias mostras que enfatizam o cinema experimental por aspectos diversos. A mostra Cinema de Fronteira, que abre o festival, traz 12 filmes que se destacam pelo embate estético, social e político, entre eles o trabalho do franco-marroquino Marc Hurtado e do brasileiro Marcelo Pedroso.

A mostra Câmera Doc é dedicada aos filmes que registram movimentos de resistência e grandes transformações ao redor do mundo. Com oito filmes, essa seleção traz obras engajadas e que, sem se esconder atrás de uma suposta verdade imparcial, atua como porta-voz de grupos, unindo o combate estético e político numa mesma linguagem. Entre os destaques, o filme 23 de Agosto de 2008, dirigido pela pesquisadora e cineasta Laura Mulvey, Faysal Abdullah e Mark Lewis, sobre um morador de Bagdá, eCartas da China Capitalista, da diretora americana Abigail Child, que aborda a nova realidade de Pequim sob a influência do regime capitalista.

A produção do nosso continente ganha um espaço especial no festival com a mostra Hambre – Foco América Latina Experimental. Com seis títulos, a mostra latina se caracteriza por filmes que se aproximam da videoarte.

Já a mostra Clássicos do Cinema Experimental...e Algo Mais tem como ponto de partida as linguagens que, a partir dos anos 60, romperam as amarras do cinema para se arriscar para além dos limites narrativos convencionais. Em destaque, essa seleção, com um total de 12 títulos, apresenta tanto filmes atuais de diretores da antiga geração, como Ken Jacobs, Peter Hutton e Abigail Child, como também o trabalho de novos realizadores.

VANGUARDA

Um dos mais influentes nomes do cinema experimental brasileiro é homenageado na mostra Cinema da Transformação: Percursos de Andrea Tonacci. Com dez filmes, essa seleção apresenta ao público filmes até hoje emblemáticos do diretor, como Bang Bang, de 1970, sobre um ator que se confunde com um personagem. A seleção traz também seus filmes mais recentes, como Serras da Desordem, de 2006, sobre Carapiru, um índio nômade que nos anos 80 se tornou motivo de polêmica entre antropólogos e linguistas.

A produção goiana também é contemplada no festival com a mostra Cadmus e o Dragão, com sete filmes. Entre os títulos, alguns premiados no Brasil e no exterior, estão documentários que não se prendem aos muros dos gêneros e dialogam com temas importantes da nossa sociedade.

Um dos destaques é o filme Passageiros da Segunda Classe, média-metragem de 2001 sobre os internos do antigo manicômio Adauto Botelho, com imagens feitas nos anos 80. Em Número Zero, de 2010, a tragédia da enorme população de menores em situação de risco no Brasil ganha rosto e voz quando a diretora Claudia Nunes coloca meninos de rua de Goiânia para contar suas próprias histórias.

Fonte: O Popular

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