Blitz musical na cidade

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 A programação do fim de semana na capital goiana tem opções para todos os gostos. É só escolher.

 

28 de agosto de 2014

 

A noite aponta para três caminhos musicais diferentes. O Flamboyant in Concert, em mais um capítulo de sua saga oitentista, anuncia show da Blitz (“documentos, só temos instrumentos”), com Evandro Mesquita e trupe inabalável. No Teatro Sesi, Cláudia Vieira interpreta canções de Caetano Veloso, com direção musical de Nonato Mendes, direção cênica e participação especial de Cristiano Mullins. No Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (UFG), o Duo Martins-Botelho, formado pela pianista Martha Martins e pelo trombonista Marcos Botelho, professores da Escola de Música e Artes Cênicas (Emac), executam obras brasileiras da passagem do século 20 para o 21.

Ninguém duvida da importância da Blitz na história do pop rock brasileiro. O compacto com Você Não Soube Me Amar, lançado em 1982, com o lado B em branco, apenas com as palavras “nada, nada, nada”, vendeu um milhão de cópias em poucos meses. Nas palavras de Ricardo Alexandre, autor do livro Dias de Luta – O Rock e o Brasil dos Anos 80, “Você Não Soube Me Amar trazia a novidade do canto falado, a narrativa bizarra, a economia punk, um riff de guitarra econômico, uma base segura e pesada, uma letra que era puro discurso de rua”.

No mesmo ano, a Blitz levou duas mil pessoas a uma casa noturna carioca, consagrando a febre daquele momento. Junto com Lulu Santos e bebendo na vanguarda paulistana, principalmente em Gang 90 & Absurdettes, inclusive no que diz respeito aos vocais femininos, a Blitz solidificou as bases de uma nova geração do rock no Brasil. Citando, novamente, Ricardo Alexandre, a Blitz oferecia “um produto eminentemente jovem, libertário, de bem com a vida, colorido e de um raciocínio em velocidade warp” (referência à velocidade de dobra, próxima da velocidade da luz, usada na ficção científica).

O sucesso da Blitz, que colocou o Circo Voador no mapa do circuito pop, com a chegada do primeiro LP, em que duas faixas foram literalmente arranhadas pela censura (Ela Quer Morar Comigo Na Lua e Cruel, Cruel, Esquizofrenético Blues), fermentou a indústria fonográfica voltada para as bandas novas, que despontavam em todas as esquinas. Se não fosse a Blitz, provavelmente não haveria Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha e tantos outros, na dimensão que essas bandas alcançaram. Para ficar somente em nomes entronizados no Rio de Janeiro, considerando que Paralamas, como Legião Urbana e quejandos, saíram de Brasília.

Mas a Blitz envelheceu. Evandro Mesquita (voz), Rogério Meanda (guitarra), Cláudia Niemeyer (baixo), Juba (bateria), Billy (teclados), Andrea Coutinho e Mariana Salvaterra (vocais) continuam reverenciando um repertório acumulado em mais de 30 anos. Se um dia foi importante, e a Blitz sempre será um verbete digno de nota, hoje comanda um espetáculo profissional e animado para quem segue disposto a ouvir A Dois Passos do Paraíso, Betty Frígida, Rádio Atividade, Mais Uma de Amor e aquela.

Cláudia Vieira, prestes a lançar um disco novo, também puxa pela memória no show Cor Multiplicada. Ao lado de Emídio Queiroz (guitarra, violão), Nonato Mendes (baixo), Fred Valle (bateria), Fred Praxedes (teclados), Sérgio Pato (percussão) e Evaldo Robson (sopros), ela vai de Tropicália a Rapte-me Camaleoa, passando por composições menos óbvias de Caetano, como Vaca Profana, Outras Palavras, Leãozinho, Eu Sou Neguinha e Eclipse Oculto, entre outras. Cristiano Mullins integra expressões corporais teatrais ao encontro que celebra o vigor do septuagenário.

O currículo do Duo Martins-Botelho é daqueles que impressionam. Martha Martins é doutoranda em Musicologia pela Universidade de Salamanca, na Espanha, mestre em Musicologia pelo Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro, com graduação em Piano e licenciatura em Educação Artística pelo Instituo de Artes da UFG. Marcos Botelho tem graduação em Música Trombone e mestrado em Música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele é professor de Trombone e Música de Câmara na UFG. A união de piano e trombone acende a curiosidade em mentes férteis.

Fonte: O Hoje

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