Choro e revolta dos que não chegaram a tempo

Choro e desespero tomaram conta dos estudantes que não conseguiram chegar ontem aos locais de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em Goiânia, antes de os portões serem fechados, às 13 horas. Houve quem apenas sentou-se na calçada, para tentar buscar fôlego e se entregar à tristeza, e quem se afundou nos prantos, depois de saber que, desta vez, está fora da corrida por uma vaga no ensino superior. O POPULAR acompanhou a indignação dos atrasados, que engrossaram o índice de abstenção. Eles atribuíram o atraso a problemas no transporte público e no trânsito.

Uma estudante de Trindade, na região metropolitana de Goiânia, disse que chegou atrasada ao local de prova, por ter ficado 1h15 no ponto de ônibus. Ela correu, mas não adiantou. Chegou sem fôlego. Parou. Parecia que não estava acreditando. Tentou ligar para a família, ninguém atendeu. Depois, caiu no choro misturado com ar de revolta. “Moro em Trindade, saí de casa às 10h25, para poder pegar ônibus das 10h30. Fiquei esperando. Passou ônibus só às 11h40”, gritou Geovana.

A estudante de Trindade é apenas uma da legião dos atrasados. Eles surgiam às pressas. Uns nem demonstravam tanta preocupação. Outros, no entanto, sabiam que morria ali a chance de concorrer a uma vaga na Universidade Federal de Goiás (UFG), que filtra os candidatos pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), baseado no resultado do Enem.

Na região do Setor Universitário, uma das que concentram mais pontos de prova em Goiânia, a reportagem não encontrou nenhuma equipe da Secretaria Municipal de Trânsito (SMT) e da Polícia Militar (PM), entre as 11h30 e às 13 horas de ontem. “É muita falta de vergonha não ter ninguém aqui para controlar este caos”, gritou o pai de um aluno, de dentro do carro, preso no engarrafamento. “Nem PM nem ninguém aqui”, reclamou.

A assessoria de imprensa da SMT informou que equipes trabalharam no horário do Enem, e que os locais foram determinados por um grupo de trabalho criado especificamente para o evento e coordenado pela Polícia Militar.