Arte contemporânea no Centro Cultural UFG

Data: 13/11/2014

Fonte/Veículo: O Hoje

Link da matéria: http://www.ohoje.com.br/essencia/arte-contemporanea-no-centro-cultural-ufg/

 

Mostra traz 54 obras de 19 artistas nacionais e internacionais que passam agora a integrar o acervo do museu

  QUINTA-FEIRA, 13 DE NOVEMBRO DE 2014

José Abrão

Hoje, às 20 horas, o Centro Cultural UFG (CCUFG), na Praça Universitária, inaugura a exposição Adensamento e Expansão, com 54 peças recém-adquiridas para o acervo do Centro Cultural. Ela vai até o dia 20 de dezembro e depois reabre novamente em março do ano que vem. O acervo artístico da UFG chega quase a 500 obras, segundo o curador da mostra, Carlos Sena Passos. As que ficarão expostas são apenas parte do material adquirido recentemente e são o pontapé inicial de um projeto maior do CCUFG de realizar até quatro exposições por ano.

“É um trabalho que começou há 15 anos, com a Galeria da Faculdade de Artes Visuais (FAV). Era necessário para a UFG criar um museu que reunisse obras de arte contemporânea para resolver problemas da museologia local, que é muito carente, com poucos profissionais especializados que conhecem de curadoria, conservação, catalogação, restauração, enfim”, explicou Carlos Sena. “Isso caminha muito lentamente em Goiás pelos mu­seus e galerias estarem muitas vezes ligados ao poder público, com pessoas muitas vezes despreparadas para cuidar deles”.

Para Carlos, a UFG não só tinha o poder para ajudar como estava preparada para ajudar e depois da galeria surgiu o projeto do CCUFG: “A construção de um imóvel levantava também questões de ocupação do espaço. Por isso criamos duas grandes galerias para artistas do circuito e começamos um pequeno acervo, com 20 peças doadas. E o espaço não serve apenas para as artes plásticas, ele é ocupado também por outras artes, como música, dança e teatro”.

Na parte da galeria, está quase pronto um laboratório de restauração, será criado um espaço para medidas educativas e de formação de público e já existe um espaço para armazenar adequadamente as obras do acervo. Carlos acredita que ao longo do tempo o CCUFG cresceu muito e agora está apto a oferecer cultura de qualidade. “Buscamos doadores de importância, reconhecidos pela crítica, com trajetória importante, que conquistaram seu espaço. E nos focamos muito em aumentar o acervo, mantê-lo crescendo, sempre nos inscrevemos em editais de acervo da Funarte, do MinC, da Petrobrás. Eu diria que ele chega a ser o maior e mais importante acervo de arte contemporânea do Estado”.

E foi pensando nessa evolução constante que Carlos Sena idealizou a exposição que começa hoje. “É o momento para refletir so­bre nossas conquistas e detectar lacunas, os furos na coleção, onde ela pode se expandir e englobar novos artistas e se tornar mais profunda”, disse, explicando o nome da exposição.

Ele, inclusive, está muito empolgado com os artistas que compõem a exposição, que inclui artistas estrangeiros.“São artistas importantíssimos que nenhum acervo em Goiânia tem, como Rúslan Torres, de Cuba, que fez uma exposição no Museu da América Latina e doou 19 peças para a gente, ou Jaime Bennati, dos EUA, que fez um trabalho muito interessante de intercâmbio com o Brasil, na Rocinha, no Quebra-Caixote e fez um trabalho usando Sit-Pass. Temos também Chantal DuPont, uma das artistas mais importantes de Quebec, no Canadá”.

Entre os demais, estão quatro artistas goianos e cinco de Brasília, visando também reforçar a arte contemporânea do Cen­tro-Oeste. Completam a exposição dois artistas do Rio de Janeiro, um baiano, um paranaense e dois de São Paulo. Ela também inclui dois coletivos, o Corpos Informáticos de Brasília e o Empreza de Goiânia. “O coletivo é uma das realidades da arte con­temporânea muito forte de 2000 pra cá, trazendo de volta com força a performance artística que existe desde os anos 1960. Você não pode armazenar uma performance, mas pode acervar seu registro através de um vídeo. Estes dois coletivos estão entre os mais importantes e pioneiros do país, rompendo com os cânones acadêmicos. Isso é muito importante para renovar e ampliar a Arte”.

Para reunir uma exposição tão eclética foi necessário um ano de organização. “Muita gente pensa só na galeria, fica cobrando. Ca­dê o resto? Não vai ter mais exposição? O trabalho interno é imenso! Foram três meses de negociação diária para conseguir as obras da Chantal”, contou Carlos. Com um projeto mai­or, Carlos espera realizar quatro exposições por ano de dois meses cada uma, sendo pelo menos uma delas do acervo. Disse que todo o trabalho é gratificante e fala da importância de aumentar o acervo constantemen­te. “Todo esse esforço retorna em know-how, numa experiência muito grande. Museu não se cria para o presente, se cria para o futuro, para que conheçam as emoções, técnicas e meios do agora”.

Serviço:

Exposição ‘Adensamento e Expansão’

Onde: Centro Cultural UFG (CCUFG), Praça Universitária, Setor Leste Universitário
Quando: Inauguração hoje, às 20h. Visitação de segunda a sexta das 8h às 12h e das 14h às 18h
Entrada franca

Lista de aristas em exposição: Angelo Venosa (RJ), Almandrade (BA), Camila Soato (DF/SP), Carpio de Morais (DF), Chantal Du Pont (Montreal, Canadá), Cristina Canale (Berlim, Alemanha), Daniel Senise (RJ), Eliane Prolik (PR), Enauro de Castro (GO), Fernando Costa Filho (GO), Gê Orthof (DF), Jaime Bennati (Westerville, EUA), Leda Catunda (SP), Marina Boaventura (TO), Raquel Nava (DF), Rodrigo Godá (GO), Ruslán Torres (Habana, Cuba), Valéria Pena-Costa (DF), Virgílio Neto (DF); e dos coletivos Corpos Informáticos (DF) e Grupo Empreza (GO).

 

Fonte: Jornal O Hoje

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